O trabalho de preceptoria na Estratégia Saúde da Família: um estudo de Representações Sociais
Ensino Superior; Preceptoria; Representações Sociais
A proposta de integração ensino - serviço a partir de vivências no mundo do trabalho traz para os profissionais atuantes nos serviços de saúde um desafio, aliar a sua prática assistencial à preparação de novos profissionais em conformidade com o modelo de saúde nacional. Na cidade de Recife a rede de assistência é conhecida como rede escola, pois disponibiliza para as Instituições de Ensino Superior todos os seus equipamentos de saúde e, em especial, os profissionais que lá trabalham, para a prática de preceptoria, transformando essa atividade em um componente importante da rede de serviços. O presente estudo teve como objetivo apreender as representações sociais de profissionais de saúde sobre a preceptoria na residência multiprofissional em saúde da família. Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, cujos sujeitos são trabalhadores que exerceram a preceptoria, por no mínimo, dois anos nas residências multiprofissionais vinculadas a duas Instituições de Ensino Superior. Como Instrumentos de pesquisa, foram utilizadas: a técnica de associação livre de palavras, a partir do termo indutor preceptoria na residência multiprofissional, e a entrevista semiestruturada, a fim de acessar as representações sociais da preceptoria, os dados foram processados mediante o auxilio do software ALCESTE 4.9 e do Software Evoc 2000. As informações obtidas foram analisadas considerando-se os aspectos lexicográficos, as classes semânticas e os temas que emergiram do material textual, à luz da teoria das Representações Sociais. A pesquisa propôs uma identificação das representações sociais da preceptoria na Estratégia Saúde da Família, em sua abordagem estrutural. A estrutura da representação foi evidenciada através da proposta da teoria do núcleo central, onde apresentou os termos conhecimento e compromisso possivelmente como pertencentes ao núcleo central da preceptoria. O processamento do corpus realizado pelo software ALCESTE 4.9 resultou em 4 classes e suas relações de divergência e convergência. Os resultados apontam que os preceptores representam seu papel além da oferta de conhecimento clínico aos estudantes, o preceptor enseja a busca de mudanças no e do modelo de saúde através da formação, eles tentam um perfil que vai além da formação para a prática clínica no ambiente de trabalho, uma formação ética e compromissada com as possibilidades de transformações sociais. E que os problemas do processo de trabalho em especial a sobrecarga de atendimento assistencial, leva o preceptor a questionar a eficácia desse modelo de formação. A integração ensino serviço pode potencializar as propostas de mudanças relativas ao modelo de atenção praticado nos serviços, mas essa relação ainda é superficial. O preceptor é um ator em ato, trabalha na cena da vida real, e é nesse momento que ele torna-se essencial para a busca de uma formação com o perfil defendido nas propostas de formação de um profissional que seja capaz de aprender a aprender e se pauta em especial nas diretrizes de Educação Permanente em saúde no Brasil.