DETERMINANTES SOCIAIS DA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DOS ADOLESCENTES ESCOLARES BRASILEIROS
Adolescentes, alimentação, nutrição, Determinantes Sociais da Saúde, epidemiologia.
A adolescência é um período de modificações corporais, formação de comportamentos e interações sociais, as quais impactam os padrões alimentares e o estado nutricional dos indivíduos, com possíveis repercussões ao longo da vida. Visando contribuir para a compreensão dessas questões alimentares e nutricionais nessa fase da vida, o objetivo desta tese de doutorado foi investigar determinantes sociais da alimentação e nutrição de adolescentes escolares brasileiros. Foram desenvolvidos seis estudos de associação utilizando abordagem quantitativa com dados provenientes da amostra 2 da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2015. Foram exploradas seis questões: (1) a baixa adesão à alimentação escolar, (2) o déficit estatural e a obesidade, (3) o padrão alimentar de maior risco nutricional, (4) os comportamentos de risco para transtornos alimentares, (5) os desvios de imagem corporal e (6) a vivência da insegurança alimentar. Essas constituíram as variáveis dependentes que foram associadas a variáveis independentes dos contextos individual e escolar. A identificação dos modelos explicativos para cada problemática ocorreu com a aplicação de estatísticas descritivas de frequência, teste Qui-quadrado de Person, Análises de Regressão de Poisson (clássica ou multinível). (1) A prevalência de baixa adesão à alimentação escolar (64,2%) associou-se aos comportamentos individuais, posição socioeconômica da família e do contexto escolar. (2) O déficit estatural (2,3%) foi explicado por variáveis biológicas e pior posição socioeconômica dos adolescentes; já a prevalência de obesidade (10,0%) apresentou associação com comportamentos individuais, fatores psicossociais de risco para saúde e melhor posição socioeconômica. (3) O padrão alimentar de maior risco nutricional (38,4%) foi explicado por comportamentos individuais e pela melhor posição socioeconômica. (4) A prevalência de comportamentos de risco para transtornos alimentares (16,5%) apresentou associação com pior posição socioeconômica, com comportamentos individuais e com fatores psicossociais de maior vulnerabilidade. (5) A superestimativa da imagem corporal (6,6%) e a subestimativa da imagem corporal (37,1%) associaram-se ao comportamento individual (sexo, satisfação corporal e comportamentos de risco para transtornos alimentares). Finalmente, (6) a vivência de insegurança alimentar domiciliar (22,8%) foi explicada pela pior posição socioeconômica, comportamentos de maior risco alimentar e nutricional e por fatores psicossociais de maior vulnerabilidade. Os resultados apontam para uma realidade alimentar e nutricional complexa entre os adolescentes brasileiros, a qual é marcada por um conjunto de determinantes sociais intermediários e contextuais. Destaca-se a importância do ambiente escolar na determinação das questões biológicas e comportamentais (adesão à alimentação escolar, déficit estatural, obesidade, padrão alimentar de maior risco e comportamentos alimentares de risco para transtornos alimentares). Além disso, a associação da maior parte dos desfechos com a posição socioeconômica e fatores psicossociais. Portanto, tais resultados contribuem para vigilância alimentar e nutricional dos adolescentes ao gerar informações qualificadas e importantes para programação de ações de promoção da alimentação saudável e saúde desse grupo etário.