EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DO QUESTIONÁRIO AUTORREFERIDO PARA RASTREAMENTO DE DISFAGIA OROFARÍNGEA EM IDOSOS - RaDI
Palavras-chave: disfagia, rastreamento, idoso, análise fatorial, validação.
No idoso, o momento da alimentação pode estar comprometido em decorrência de um distúrbio de deglutição durante a passagem do alimento pela região oral e faríngea denominado de disfagia orofaríngea (DO), condição de saúde esta que interfere na manutenção do estado nutricional e de hidratação do indivíduo, com possibilidades de complicações respiratórias importantes. Reconhecida como síndrome geriátrica por duas importantes comunidades europeias, a DO afeta a autonomia e independência do idoso na realização de suas atividades de vida diária e contribui para o declínio funcional e fragilidade. O objetivo deste estudo foi desenvolver e validar um questionário autorreferido de rastreamento de disfagia orofaríngea em idosos (RaDI). A metodologia da pesquisa deste estudo de validação, não aleatorizado e transversal, seguiu as premissas dos Standards for Educational and Psychological Testing que descrevem o processo de obtenção de evidências baseadas: no conteúdo do teste, nos processos de resposta, na estrutura interna, em relação com outras variáveis (validade convergente, discriminante, de critério e de generalização). A coleta, realizada de março de 2013 a outubro de 2017, no município do Natal, estado do Rio Grande do Norte, incluiu idosos, a partir de 60 anos, de ambos os sexos, atendidos nos serviços de atenção ao idoso, Instituição de Longa permanência, Hospital Universitário e dois Centros de Convivência, e excluiu os com dificuldades funcionais para compreender, sem nenhuma alimentação por via oral, laringectomizados e traqueostomizados. Nas duas primeiras etapas da validação, participaram quatro pesquisadores envolvidos nos temas deglutição e envelhecimento humano, três fonoaudiólogos e um dentista sanitarista que compuseram um painel de experts para avaliar as análises de 32 juízes sobre a primeira versão do RaDI com 17 itens. Após sua reformulação, o questionário foi aplicado na população-alvo em 40 idosos, e ajustado para 14 questões que foram aplicadas em 211 idosos para realização da análise fatorial confirmatória dentro de um modelo teórico previamente hipotetizado. O RaDI foi reduzido em 9 questões e foi administrado juntamente com o questionário de fatores associados em 393 participantes, dentro do mesmo perfil sociodemográfico, para avaliar a validade concorrente, e em 110 junto com a Escala de Autoestima de Rosenberg para análise de sua validade divergente, realizadas por meio do coeficiente de Spearman (r). A confiabilidade examinada pelo teste-reteste em 75 idosos, utilizou a correlação intraclasse (CCI), Kappa ponderado, erro de medição do instrumento (SEM) e a menor diferença real (SRD), e a consistência interna considerou o alfa de Cronbach, dentro do intervalo de confiança de 95%. Resultados: O RaDI foi ajustado em sua estrutura interna no modelo de nove questões, com boa confiabilidade (ICC = 0,83, IC 0,74-0,89, p <0,001; SEM = 2,13; SRD = 5,90) e alta consistência interna (a = 0,90). Conclusões: O RaDI produziu respostas válidas e confiáveis para identificar os sintomas de disfagia orofaríngea em idosos e ainda está em processo de obtenção dos parâmetros psicométricos mais ajustados em seu intervalo de confiança.
Palavras-chave: disfagia, rastreamento, idoso, análise fatorial, validação.