TAXONOMIA INTEGRATIVA DOS COMPLEXOS GEASTRUM JAVANICUM LÉV. E G. VELUTINUM MORGAN (GEASTRALES, BASIDIOMYCOTA) COM ÊNFASE EM ESPÉCIES NEOTROPICAIS
Biodiversidade. Estrela-da-Terra. Filogenética. Geastraceae. Sistemática.
O gênero Geastrum Pers. é o mais representativo (100-120 spp) da família Geastraceae e caracteriza-se fundamentalmente por seus basidiomas com deiscência estrelada, tornando-os conhecidos como “estrelas-da-terra”. Possui distribuição em todos os continentes, com exceção da Antártida, a última estimativa feita em 2019 reportou 71 espécies de Geastrum em território brasileiro, o que representa cerca de 50% das espécies conhecidas. Este gênero apresenta um grande potencial farmacológico e biotecnológico, além da importante participação no ciclo de moléculas como carbono e nitrogênio, reforçando a importância de conhecer e identificar corretamente estes organismos. A identificação de fungos utilizando apenas caracteres morfológicos, em alguns casos tem se revelado insuficiente devido a presença de espécies crípticas e semi-crípticas. As espécies nominais Geastrum javanicum Lév. e Geastrum velutinum Morgan abrigam complexo de espécies, ocultando a diversidade do gênero, sobretudo devido ao emprego desses nomes em espécies distintas e ainda não descritas pela ciência. Assim, foram realizados estudos comparativos utilizando dados moleculares (sequenciamento de regiões do DNA ribossômico) e morfológicas de exsicatas nominadas G. javanicum e G. velutinum, a fim de identificar corretamente os espécimes. As análises foram baseadas em metodologias específicas para Geastrum e acrescentando-se novos caracteres taxonômicos (tamanho das hifas do exoperídio, tamanho da ornamentação dos basidiósporos, cristais encontrados na rizomorfa). Foram analisadas 62 exsicatas nominadas como G. javanicum e G. velutinum, destas, três espécies novas foram identificadas: Geastrum calycicoriaceum, G. tupiense e Geastrum sp. nov. O presente trabalho contribuiu ainda com a geração de novas sequências de Geastrum para a região Neotropical, elucidando a posição destes indivíduos na sistemática do gênero a partir dos estudos morfológicos e filogenéticos, promovendo uma maior compreensão evolutiva e sistemática do grupo.