ESTUDO TAXONÔMICO DE ENTOMOBRYOIDEA (COLLEMBOLA, HEXAPODA) EM UMA ÁREA DE CERRADO NO BRASIL
Chapada dos Guimarães, Entomobryidae, Fauna edáfica, Paronellidae, Região Neotropical, Taxonomia.
Os colêmbolos são hexápodes de tamanho reduzido que vivem em diversos habitats, especialmente no ambiente edáfico úmido. Existem aproximadamente 9.200 espécies nominais de colêmbolos no mundo, sendo a maioria encontrada nas regiões de clima temperado, mas é evidente o déficit de cobertura dos estudos taxonômicos em regiões tropicais. A ordem Entomobryomorpha é a mais diversa de Collembola, apresentando quase 4000 espécies descritas. Também abriga a maior superfamília da classe, Entomobryoidea, que possui ampla distribuição e é constituída por três famílias: Orchesellidae, Entomobryidae e Paronellidae. No Brasil há registros de 445 espécies distribuídas em todas as regiões, com a maior concentração de espécies pertencentes à Mata Atlântica e Floresta Amazônica. O Cerrado é o segundo maior bioma no Brasil, e embora seja um dos hotspots mundiais de biodiversidade, é subamostrado para a fauna de Collembola. Assim, este trabalho teve como objetivo realizar o primeiro estudo taxonômico da fauna de Entomobryoidea da Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Brasil. A coleta foi realizada em 12 pontos utilizando armadilhas do tipo pitfall durante dois dias. O material biológico foi armazenado em álcool a 70% e foi triado e montado para identificação e estudo morfológico. Os espécimes representantes de novas espécies foram desenhados e descritos seguindo literatura específica. Foram identificadas quatro espécies de Entomobryoidea no estudo, todas novas para a ciência: Trogolaphysa sp. nov., Entomobrya sp. nov., Salina sp. nov. e Seira sp. nov. Os quatro táxons são similares a outras espécies neotropicais de seus respectivos gêneros, mas apresentam morfologia distinta quanto à quetotaxia dorsal, quetotaxia do colóforo e/ou morfologia do complexo empodial. Apesar de ser mais comum em ambientes florestais úmidos, E. sp. nov. é o primeiro registro do gênero para o domínio do Cerrado. Os dados representam um acréscimo de 28,5% no número de espécies previamente reconhecidas para o Cerrado brasileiro e sugerem que o domínio deve possuir rica, e ainda desconhecida, fauna de Collembola. Portanto, inventários, estudos ecológicos e biogeográficos, principalmente em unidades de conservação, são necessários
para conservação e compreensão da distribuição do grupo dentro do Cerrado.