Novas espécies de Trogolaphysa Mills, 1938 (Collembola) de um complexo de cavernas em Minas Gerais, Brasil
Colêmbolos, Entomobryoidea; fauna de cavernas; Formação Sete Lagoas; Mata Atlântica; taxonomia.
Entomobryoidea é a maior superfamília de Collembola, sendo também a mais representativa para táxons cavernícolas. O gênero Trogolaphysa Mills, 1935 (Entomobryoidea, Paronellidae) pode ser encontrado em cavernas neotropicais e possui três espécies cavernícolas registradas para o sudeste do Brasil, sendo uma delas T. hauseri Yosii, 1988, espécie troglomórfica considerada vulnerável pelo Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. A identificação e descrição da fauna subterrânea é importante para a conservação ambiental, uma vez que cada ecossistema cavernícola possui características particulares e pode abrigar táxons endêmicos. Este estudo busca descrever novas espécies de Trogolaphysa de um complexo de cavernas inserido em um remanescente de Mata Atlântica no Carste Lagoa Santa, Minas Gerais no sudeste do Brasil. Os espécimes foram coletados em cavernas do município de Matozinhos nas estações secas (2017) e úmidas (2018). O material foi montado em lâminas semipermanentes, estudado e desenhado sob microscópio óptico. Foram encontradas quatro novas espécies de Trogolaphysa. Trogolaphysa sp. nov. 1 é diagnosticada pela presença de 8+8 olhos, cabeça com macrocerdas A0, A3, S5 e Pa5, 21–23 espinhos no órgão metatrocanteral, unguículo lanceolado com borda externa serrilhada e 22–24 espinhos internos no dente da fúrcula; Trogolaphysa sp. nov. 2 pela presença de 8+8 olhos, cabeça com macrocerdas A0, A2, S3, Pa5 e Pm3, 20 espinhos no órgão metatrocanteral, unguículo lanceolado com borda externa serrilhada e presença de 22–33 espinhos internos no dente da fúrcula; Trogolaphysa sp. nov. 3 é diagnosticada pela ausência olhos e pigmentos, cabeça com macrocerdas A0, A2, S3 (S3 também como microcerda), Pa5 e Pm3,tórax II com 3 macrocerdas no complexo p3, 18 espinhos no órgão metatrocanteral, unguículo truncado com borda externa lisa e presença de 21–23 espinhos internos no dente da fúrcula; e Trogolaphysa sp. nov. 4 é diagnosticada pela presença de 8+8 olhos, cabeça com macrocerdas A0, A2, S3, S5, Pa5 e Pm3,tórax II com 4–6 macrocerdas (2–3 delas no complexo p3), 32 espinhos no órgão metatrocanteral, unguículo lanceolado com borda externa lisa e presença de 33–36 espinhos internos no dente da fúrcula. Os novos registros e descrições de espécies, especialmente Trogolaphysa sp. nov. 3 que apresenta claros troglomorfismos (ausência de olhos e pigmento corporal), sugerem que parte das cavernas estudadas podem apresentar fauna endêmica, e portanto, estas podem ser consideradas áreas prioritárias para conservação, devendo ser poupadas de exploração e outras atividades antrópicas.