JUVENTUDE E ESPAÇOS PÚBLICOS DE LAZER E CULTURA: ESTUDO SOBRE OS PROCESSOS DE USO E APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO URBANO EM SÃO MIGUEL DO GOSTOSO - RN.
Palavras-chave: Juventude; Uso e Apropriação do Espaço; Espaço Urbano de Lazer; Turismo; São Miguel do Gostoso.
O espaço urbano congrega as ações da sociedade que o cria e o recria na medida das ações, ambições e intenções sobre ele. Nesse sentido, é o reflexo das dinâmicas sociais, ao mesmo tempo que caracteriza-se como condicionante social, ou seja, é a própria sociedade concretizada. Para os jovens, os espaços públicos de lazer e cultura, de sociabilidade lúdica como os da rua, das praças, quadras de esportes, manifestações culturais, das festas representam os pontos de encontro dos grupos e tribos, onde, de forma descomprometida se estabelecem laços, valores, reconhecimentos e identificações (ALBUQUERQUE, 2006). Logo, o acesso a esses espaços é primordial para o desenvolvimento juvenil. No entanto, o espaço urbano é experimentado diferentemente pelos indivíduos segundo seu pertencimento ao espaço e sua inserção social e econômica, assim como pela sua faixa etária. Diante desse contexto, mediante a reflexão sobre o direito à cidade proposto por Lefebvre(2001), a presente pesquisa tem como objetivo geral analisar e refletir sobre a compreensão das formas de uso e apropriação dos espaços públicos de lazer e cultura da juventude de São Miguel do Gostoso-RN, a partir dos últimos 15 anos. A hipótese trabalhada é de que enquanto vila de pescadores a sensação geral era de que a cidade era de todos, e mediante as intensas transformações do espaço urbano, ocasionadas, sobretudo, pelas “modernizações” trazidas pelo avanço do turismo a partir dos últimos 15 anos, foram introduzidas mudanças significativas nas formas de uso e apropriação dos espaços públicos de lazer e cultura da juventude. Nesse cenário, tem sido proporcionado a transformação e privatização de espaços, resultando em relações de exclusão e/ou marginalização dos jovens no (des)uso e (des)apropriação desses espaços. A metodologia contou com um levantamento bibliográfico, revisando a literatura na discussão das categorias de espaço urbano e juventude, e pesquisa empírica através de uma abordagem etnográfica que, permitindo maior vivência do pesquisador em aproximações/distanciamentos com os sujeitos pesquisados, proporcionou uma visão de caráter holístico do espaço vivido e transformado. A metodologia desenvolveu-se recorrendo a interações intergeracionais através de dinâmicas coletivas com os jovens envolvendo suas famílias para a reconstituição da memória social, provocando uma reflexão ativa, dinamizadora da memória dos espaços no processo histórico, assim como permitiu conhecer a percepção diferenciada sobre as relações com o espaço, sua cultura e tradições no curto tempo da infância e juventude em transformações diversas. Além das observações participantes durante as visitas de campo, para a obtenção de dados, o estudo se utilizou de dinâmicas lúdicas em grupo, de entrevistas semiestruturadas tratadas de forma quali-quantitativa. Por fim, entende-se que apesar das mudanças desencadeadas no espaço urbano de Gostoso, os espaços públicos ainda se mantêm como locais de socialização, sendo a praia o principal espaço para a sociabilidade dos jovens.