TECELÃS DO SEMIÁRIDO POTIGUAR DA FEIRA DAS BRUXAS (MOSSORÓ) E DA CASA DAS BORDADEIRAS (TIMBAÚBA DOS BATISTAS):
olhares sobre territórios, gênero e decolonialidade.
Palavras-chave: Semiárido; Gênero; Decolonialidade; Artesanato; Territórios; Políticas Públicas;
A modernidade, perpassada por uma noção de desenvolvimento hegemônica de cima-para-baixo, é marcada pela sobreposição de dominações e relações de poder, em que se associam o capitalismo exploratório, o colonialismo, a dominação patriarcal, heterossexual e racial, impondo exclusões, invisibilidades (SANTOS, 2002; 2009; 2007; DUSSEL, 1993; QUIJANO, 2009) e danos na dimensão ambiental (GIDDENS, 2010). A presente pesquisa tem como objetivo refletir sobre dois territórios do semiárido potiguar, a saber Mossoró e Timbaúba dos Batistas, e suas intersecções com o gênero, desenvolvimento e decolonialidade, a partir do estudo das trajetórias de vida das tecelãs da Feira das Bruxas e da Casa das Bordadeiras, contando com entrevistas semi-estruturadas de histórias de vida e outras abordagens de aproximação, coleta como questionários entre as artesãs e posterior análise e interpretação. Para a reflexão dos territórios no Brasil, parte-se do entendimento de sua formação marcada pelo latifúndio, a monocultura e a escravidão (PORTO-GONÇALVES; LEÃO, 2020) e relações de poder que invisibilizam as experiências e pautas das mulheres (HORA; BUTTO, 2014; GODOI; AGUIAR, 2018; GRISA, 2013), compreendendo as intersecções entre gênero, classe e raça, num contexto histórico de dominação colonial (LUGONES, 2008; VIGOYA, 2016; HOOKS, 2019). A hipótese levantada é que a reflexão sobre as trajetórias de vida das tecelãs do semiárido contribuam para uma noção de desenvolvimento antissistêmica, anticapitalista, decolonial, aproximando-se da ideia de um desenvolvimento como liberdade (SEN, 2000), por meio da reconstrução sobretudo da dimensão da subjetividade (GUATTARI, 1990), a partir do resgate do imaginal, das razões do coração, do terreno fértil da infância, da arte de fiar e de uma poética das tecelãs (HILLMAN, 2010; 2010; BACHELARD, 1988).
Palavras-chave: Semiárido; Gênero; Decolonialidade; Artesanato; Territórios; Políticas Públicas;