Os mesmos moradores em novas moradias? Da comunidade do Maruim ao Residencial São Pedro
condições de vida e moradia; comunidade do Maruim; remoção; Residencial São Pedro; Programa Minha Casa, Minha Vida.
A presente pesquisa se insere na discussão acerca das mudanças nas condições de vida e moradia decorrentes de políticas de remoção de população de áreas vulneráveis. O foco da pesquisa são os moradores da comunidade do Maruim que ocupava uma área correspondente a 15.186 m², com 160 unidades habitacionais, abrigando 168 famílias, nas proximidades do Porto de Natal. Ressalta-se a importância social e cultural da comunidade em questão, por ter sido caracterizada, de maneira mais frequente, ao longo de sua história, pela alta vulnerabilidade social e pelo elevado grau de insalubridade em suas moradias. Soma-se ainda o conflito fundiário urbano com o Porto de Natal, em disputa pelo seu território, o qual resultou em sua remoção. A maioria das famílias removidas da comunidade foi realocada no Residencial São Pedro, empreendimento subsidiado pelo Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), com 200 unidades habitacionais, da tipologia apartamento, construído em 2016. Nesse Residencial foram alocadas as famílias advindas do Maruim e também famílias de outras 6 localidades de Natal (Areia Preta, Pajuçara, Jacó, África, Mãe Luíza e Passo da Pátria). Nesse contexto, a pesquisa busca investigar as mudanças ocorridas nas condições de vida e moradia a partir da inserção dos moradores em uma nova tipologia habitacional, a convivência a partir de uma nova vizinhança, a utilização dos equipamentos e espaços coletivos e a relação com uma habitação regular – que incide sobre novos custos e responsabilidades. Os procedimentos da pesquisa abrangem revisão bibliográfica, documental e em jornais, a utilização de dados qualiquantitativos obtidos em pesquisas realizadas pelo Núcleo Natal do Observatório das Metrópoles e grupo de pesquisa Estúdio Conceito e atividade de campo com entrevistas por questionários e registro fotográfico na área em estudo. Os resultados da pesquisa apontam que a comunidade realocada alcançou melhores condições de moradia, principalmente sanitárias, o que permitiu uma diminuição da desigualdade habitacional e urbanística; mas, em contraponto, no que se refere às condições de vida, verifica-se uma fragilidade de questões importantes e caras, como financeira, cultural e comunitária.