Controles Biofísicos e Ambientais da Evapotranspiração em Pastagens Tropicais sob Condições de Sequeiro
Pastagem tropical. Balanço de energia. Evapotranspiração. Condutância da superfície. Fator de desacoplamento.
As pastagens cobrem cerca de 25% da área global, sendo maior do que qualquer outro uso da terra. No Brasil equivale a 32% da área total usada pela agricultura, e, predominantemente para produção de pecuária de ruminantes. Ao mesmo tempo que contribui para a intensificação das mudanças climáticas, a pecuária de ruminantes se apresenta como um setor estratégico na garantia da segurança alimentar que está seriamente ameaçada pelas próprias mudanças climáticas. Para vencer esse desafio de garantir segurança alimentar diante de mudanças climáticas será necessária a adoção de sistemas de produção dotados de práticas que maximizem a eficiência e promovam o uso sustentável dos recursos naturais. Sabe-se que a evapotranspiração (ET) é o principal impulsionador da partição do balanço energético e influencia os ciclos hidrológicos e de carbono em escalas globais, regionais e locais. Além disso, é o principal requisito para o desenvolvimento de estratégias para melhorar o uso da água na agricultura. Sendo assim, existe uma estreita relação entre ET e chuvas, principalmente em ambientes tropicais. Portanto, o objetivo do presente estudo é avaliar como a ET de uma pastagem tropical sob condições de pastejo respondem à variabilidade sazonal e interanual das forçantes meteorológicas. Os dados foram oriundos de uma campanha experimental em uma área (Brachiaria brizantha) pastejada por ovinos na Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ). Foram coletados dados do balanço de energia e ET utilizando o método do eddy covariance (EC) e analisados com base em dados de dois anos agrícolas (2015-2016 e 2016-2017). Os resultados apontam anomalia na precipitação negativa (-59 mm) e positiva (356 mm), respectivamente. A ET apresentou sazonalidade pronunciada, estreitamente alinhada com a sazonalidade das chuvas. Médias diárias mais baixas foram observadas durante a estação seca em ambos os anos agrícolas (1,01 ± 0,60 e 0,89 ± 0,44 mm, respectivamente). Por outro lado, maiores médias diárias foram observadas no período chuvoso (2,44 ± 0,75 e 4,83 ± 0,96 mm, respectivamente). Os padrões Gs e a correlação significativa entre Gs, Ω e α (p < 0,01) indicam que o controle superficial prevalece sobre o controle atmosférico em escala anual. Esta relação é provavelmente induzida por um mecanismo de controle vegetativo estomático, que protege a vegetação contra a perda excessiva de água durante períodos de altas temperaturas e baixos níveis de umidade.