CARACTERÍSTICAS DOS CONTROLES AMBIENTAIS E BIOFÍSICOS DAS TROCAS DE CO2 E DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE PASTAGENS TROPICAIS INTENSAMENTE PASTEJADAS
Gás de Efeito Estufa; Brachiaria brizantha; Ciclo de Carbono; Respiração Vegetal
Compreender os mecanismos que controlam o ciclo do CO2, investigando as trocas de energia e massa dos mais variados ecossistemas terrestres tem grande relevância, pois permite a ampliação do conhecimento em relação às mudanças climáticas do planeta, decorrentes principalmente das emissões dos gases de efeito estufa (GEE). No Brasil a emissão dos GEE está relacionada principalmente com setor agropecuário sendo responsável por mais de dois terços das emissões. Diante disto, o presente estudo visa avaliar a variação sazonal do fluxo de CO2 e da evapotranspiração (ET) bem como seus controladores ambientais e fisiológicos (a condutância da superfície - Gs; fator de desacoplamento - Ω; e o coeficiente de Priestley-Taylor -α) da Brachiaria brizantha cultivada sob condições de sequeiro e submetida a pastejo intensivo por ovinos de corte, partindo da hipótese que a pastagem cultivada não degradada é um ecossistema agrícola capaz de sequestrar carbono do ambiente ao longo do ano. As medições foram realizadas utilizando uma torre eddycovariance (EC) que foi instalada em um sistema de produção de ovinos de corte em pastagem tropical cultivada, numa área de aproximadamente 10 ha, localizada na Escola Agrícola de Jundiaí da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EAJ-UFRN), no estado do Rio Grande do Norte, Brasil (5°53’34’’S, 35°21’50’’W), no período entre 2015-oct-01 e 2017-sep-31. Durante os dois anos estudados a estação chuvosa foi responsável por aproximadamente 70% do total anual da precipitação acumulada, enquanto a estação seca respondeu por apenas 6% do acumulado anual. Verifica-se ainda, uma variabilidade interanual bem marcada de forma que no ano agrícola de 2016-2017 a precipitação acumulada foi 1408.3 mm, sendo 42% superior em comparação ao ano agrícola de 2015-2016, cuja precipitação acumulada foi 992.7 mm. A ET diária variou de 0.30 a 4.8 mm. O total acumulado durante o ano agrícola de 2015-2016 foi de 858 mm. Os valores mínimos diário da ET ocorreram durante a estação seca, enquanto o valor máximo diário da ET ocorreu durante a estação chuvosa. A média sazonal do ciclo diurno da troca líquida de CO2 do ecossistema apresentou comportamento semelhante apenas na estação seca para os dois anos de avaliação, em que houve uma menor captação de CO2 neste período. Na estação chuvosa a ET e Gs aumentaram de forma escalonada até fevereiro de 2016 até atingir valores da ordem 4,0 mm e 5 mm s-1. Esses valores se mantiveram com pequenas variações até julho/agosto de 2016, quando se iniciou a estação de transição chuvosa-seca. Nesse período a pastagem atuou predominantemente como sumidouro de CO2. Com base nisso, a pastagem de Brachiaria brizantha sob pastejo é capaz de ser sorvedouro de dióxido de carbono da atmosfera.