VULNERABILIDADE MUNICIPAL DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: ASPECTOS DOS PADRÕES DE PRECIPITAÇÃO, SOCIODEMOGRÁFICOS E DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA
Variabilidade Climática, Vulnerabilidade Agrícola, Vulnerabilidade Climática, GoM
A precipitação do Semiárido Brasileiro (SAB) é caracterizada pela elevada variabilidade espacial e temporal, predominantemente concentrada em quatro meses do ano. E uma das principais atividades econômicas desenvolvidas no SAB é a agricultura de sequeiro à qual é fortemente dependente da precipitação anual. Desse modo, a ocorrência das secas quase periódicas torna a agricultura familiar uma atividade econômica de grande risco. Dessa forma, o objetivo principal do estudo é criar perfis de vulnerabilidade agrícola municipal do SAB levando em consideração os aspectos dos padrões de precipitação e sociodemográficos da região. Para tanto, foram utilizadas dados de diferentes fontes tais como os dados de diária de 1978 a 2010, fornecido pelo GPCP (Global Precipitation Climatology Center). Os referidos dados de precipitação foram utilizados para caracterizaras áreas com precipitação homogênea no SAB. As as áreas com precipitação homogênea foram identificadas utilizando a análise de Cluster. Para a criação dos perfis de vulnerabilidade utilizou-se a ferramenta de Grade of Membership (GoM), os quais foram inseridos os grupos homogêneos de precipitação, bem como indicadores sociais, econômicos, demográficos e agrícolas coletados no Sistema IBGE de Recuperação automática (SIDRA) e no Sistema de Gestão da Informação e do Conhecimento do Semiárido Brasileiro (SIGSAB) para o período de 1978 à 2016. Foram identificadas quatros regiões do SAB com precipitação homogêneas, identificadas como SAB I, SAB II, SAB III e SAB IV. O SAB I contempla a região leste e uma parte do norte de Minas Gerais e é o mais chuvoso, enquanto que o SAB III é o mais seco e abrange o norte da Bahia, leste do Piauí, a parte oeste de Pernambuco e Alagoas, e a parte central da Paraíba e Rio Grande do Norte, o que corresponde a 33% do SAB. Quanto aos perfis de vulnerabilidade, foram identificados 3 perfis puros, sendo que o Perfil 1 corresponde a região do SAB I, que é o mais chuvoso e o que tem as melhores condições sociais e agrícolas. Neste perfil encontram-se as maiores produtividades de feijão, porém o menor número de pessoas ocupadas na agricultura. A principal atividade econômica desse perfil é o setor de serviços. O perfil 2 agrega as regiões mais secas (SAB II e SAB III) apresentara os piores indicadores no contexto social, econômico e agrícolas, com menor rendimento per captaassim como IDHM e PIB. Possui elevadas taxas de mortalidade e de pessoas que inclusas no ProgramaBolsa Família, bem como domicílios com esgotamento sanitário inadequado. Esse perfil possui a maior parcela da população ocupada na agricultura familiar. Os indicadores sociais ruins dessa região estão associados, provavelmente, ao fraco desempenho da agricultura familiar da região, em decorrência de se tratar de região menos chuvosa do SAB e os solos da mesma serem predominantemente cristalinos. O perfil denominado de vulnerabilidade média foi o perfil 3 o qual contempla o setor norte do SAB. Este perfil detém condições sociais e agrícolas em situações medianas, e encontram-se produtividades medianas de feijão e milho. Diante dos resultados conclui-se que as regiões do SAB II e do SAB III são as mais vulneráveis as alterações climáticas, pois são as mais secas e sujeitas a ocorrências de secas severas, solos muito pobres e têm suas respectivas economias baseadas na agricultura familiar. Para essas regiões, segundo o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, são projetados diminuição da precipitação em até 20% e aumento da temperatura em até 2ºC até o final do século, o que torná-la mais árida.