A dengue no Nordeste do Brasil: uma análise da evolução temporal e dos fatores meteorológicos e sociossanitários
escassez hídrica; índice de infestação predial; mudanças climáticas; vetores; saúde humana; GoM.
A dengue é considerada uma doença endêmica no mundo tropical, sendo considerada reemergente com cerca de 50 a 100 milhões de casos da doença, anualmente, em mais de cem países no mundo. Destes, aproximadamente,13,3 milhões são das Américas, continente detentor de aproximadamente 14% dos casos de dengue. No Brasil, foram mais de 1,6 milhão de casos em 2015, aproximadamente 12% dos casos de toda a América. A dengue é uma das principais doenças humanas provocadas por mosquitos nas zonas tropicais e subtropicais.Vários são os fatores que interferem para a proliferação do mosquito e, consequentemente, no aumento de casos de dengue. Destacam-se aqueles relacionados com o clima - temperatura, umidade do ar e pluviosidade. Outras variáveis também podem interferir na disseminação da doença, tais como, migrações, intensos processos de urbanização, alta vulnerabilidade socioeconômicas das populações e precárias condições domiciliares quanto a infraestrutura. Assim, objetiva-se neste trabalho avaliar as possíveis associações das variáveis meteorológicas e sociossanitárias na distribuição dos índices de infestação larvária (IIP) por Aedes aegypti e na incidência da dengue nos municípios do Nordeste brasileiro (NEB). Além disso, o estudo visa estimar a taxa de incidência da dengue nos municípios do Nordeste do Brasil por meio do método Bayesiano Empírico (BE), considerando o período de 2001 a 2015 e identificar tipologias de vulnerabilidade sociossanitárias à infestação larvária por Aedes aegypti e a incidência da dengue nos municípios do Nordeste do Brasil utilizando-se do método Grade of Membership (GoM). São utilizados dados do DATASUS (dengue e IIP), IBGE e PNUD (variáveis sociossanitárias) e INMET (meteorológicos). Os métodos utilizados nas análises são o BE, Séries Temporais, GoM, calculado o Risco Relativo (RR) e realizado os testes Qui-quadrado, Quadrado Médio do Erro (QME) e o t-Student para amostras independentes. De 2001 a 2015, 69,72% dos municípios do NEB registraram taxas de incidência de dengue em condição pré-epidêmica (100<taxa<300) ou de epidemia (taxa>300). Embora os níveis de incidência tenham se distribuído heterogeneamente pelo espaço regional, não produzindo um padrão espacial, detectou-se forte concentração de taxas mais elevadas de incidência no Norte do Semiárido (NS) e das menores no Noroeste (NW). A aplicação do Método BE possibilitoua suavização dos mapas elaborados. Registrou-se diferenças, por meio do QME(valor-p 1) e do Teste t que foi de -0,4562 para 2002 (valor-p 0,648); de -0,4787 para 2010 (valor-p 0,632) e de -0,4939 para 2014 (valor-p 0,621),entre as estimativas geradas pelo método Bayesiano e as taxas brutas de dengue.Em 2014, o LIRAa/IIP foi realizado em 773 dos 1.794 municípios do NEB, correspondendo a uma cobertura de 43,08% da região. A maioria dos municípios (473) estava em situação de Alerta (1,00<IIP<3,99) ou de Risco (IIP>4,00). O teste Qui-quadrado verificou a associação entre a classificação do Índice de Infestação Larvária (IIP) e da Taxa de incidência (valor-p<0,001), indicando maior Risco Relativo de dengue em municípios com IIP classificado em alerta, maior 1,22 vezes, e naqueles com IIP em estado de risco, maior 1,81, comparado aos municípios com IIP satisfatório.