MODELAGEM ESTATÍSTICA E ATRIBUIÇÕES DOS EVENTOS DE PRECIPITAÇÃO INTENSA NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
eventos extremos, regiões pluviometricamente homogêneas, teoria dos valores extremos, composição.
Os Eventos de Precipitação Intensa (EPI) vêm causando grandes prejuízos sociais e econômicos às regiões atingidas. Na Amazônia, esses eventos podem acarretar consequências negativas principalmente aos núcleos de ocupação populacional nas margens dos seus inúmeros rios, pois quando há elevação do nível dos rios, em geral, têm-se inundações e enchentes. Neste sentido, o objetivo principal desta pesquisa é estudar os EPI, com aplicação da Teoria dos Valores Extremos (TVE), para estimar o período de retorno desses eventos e identificar as regiões da Amazônia Brasileira com ocorrências mais graves. Para tanto, foram utilizados os dados diários de precipitação da rede hidrometeorológica gerenciada pela Agência Nacional de Água e do Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa do Instituto Nacional de Meteorologia, para o período de 1983 a 2012. Primeiramente, regiões homogêneas de precipitação foram determinadas, através da análise de agrupamento, utilizando o método hierárquico aglomerativo de Ward. Em seguida, séries sintéticas para representar as regiões homogêneas foram criadas e aplicadas na TVE, através da Distribuição Generalizada de Valores Extremos (Generalized Extreme Value - GEV) e da Distribuição Generalizada de Pareto (Generalized Pareto Distribution - GPD). A qualidade do ajuste dessas distribuições foi avaliada pela aplicação do teste de Kolmogorov-Smirnov, que compara as distribuições empíricas acumuladas com as teóricas. E, por último a técnica de composição foi utilizada, para caracterizar os padrões atmosféricos dominantes na ocorrência dos EPI. Os resultados sugerem que a Amazônia Brasileira possui seis regiões pluviometricamente homogêneas. Espera-se que as ocorrências mais graves dos EPI ocorram nas sub-regiões do sul e litoral da Amazônia. Os eventos mais intensos são esperados durante o período chuvoso ou de transição, com total diário de 146.1, 143.1 e 109.4 mm (GEV) e 201.6, 209.5 e 152.4 mm (GPD), ao menos uma vez ao ano, no sul, litoral e noroeste da Amazônia Brasileira, respectivamente. Na análise sinótica, no sul da Amazônia, os campos de composição mostraram uma configuração favorável a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul. No litoral, os eventos de precipitação intensa devem estar associados com sistemas de meso escalas, como as Linhas de Instabilidade. E, no noroeste, são aparentemente associados à Zona de Convergência Intertropical e/ou à convecção local.