Movimento de borboletas frugívoras e conectividade funcional em uma paisagem de Mata Atlântica
Nymphalidae; Conectividade funcional; Fragmentação; Dispersão; Permeabilidade; Mata Atlântica
O movimento de organismos dentro e entre unidades de habitat é um traço essencial da história de vida que molda a dinâmica das populações, comunidades e ecossistemas no espaço e no tempo. Como a habilidade de perceber e reagir às condições específicas de habitat varia grandemente entre os organismos, diferentes padrões de movimento são gerados. Estes, por sua vez, vão refletir na forma com que espécies persistem nos remanescentes de habitat original e de entorno. Este estudo avaliou padrões de movimento de borboletas frugívoras para estimar a conectividade em um mosaico paisagístico em uma área de Mata Atlântica. Para tal foi utilizado o método de Captura-Marcação-Recaptura de borboletas, utilizando armadilhas com iscas de fruta fermentada, em três tipos de habitats. O primeiro, mata, representa as condições normais de um remanescente de Mata Atlântica, ao passo que os outros dois representam matrizes antropogênicas, contendo plantação de coqueiro em uma delas e plantação de uma árvore exótica (Acacia mangium). Cinco armadilhas foram aleatoriamente colocadas em cada unidade da paisagem em áreas de 40 x 40m. Usando dados de frequência de captura de borboletas e relacionando com dados de distância entre armadilhas e estrutura dos habitats, encontrei que as frequências de movimento, tanto dentro quanto entre unidades da paisagem são diferentes para as espécies analisadas, indicando que as mesmas não parecem sentir e reagir à paisagem da mesma maneira. Assim, este estudo conseguiu medir conectividade funcional na paisagem. Para a maioria das espécies, as trocas entre mata e coqueiral ocorreram com baixa frequência, em comparação às trocas entre mata e acácia, que compartilham mais semelhanças estruturais. Os resultados sugerem que uma matriz mais similar a manchas de vegetação nativa pode abrigar espécies, ser permeável ao movimento e, consequentemente, contribuir para conectividade da paisagem.