Efeitos de peixes onívoros plactívoros e bentivoros em lagos tropicais
Onivoria, biomanipulação, semiárido, reservatório, cascatas tróficas, ciclagem de nutrientes, eutrofização, peixes. Prochilodus brevis, Oreochromis niloticus
Os peixes planctívoros e bentívoros são importantes agentes reguladores da biomassa fitoplanctônica e da turbidez da água. Por isso, técnicas de restauração de lagos eutrofizados baseadas na remoção seletiva destes peixes (biomanipulação) foram desenvolvidas e têm sido empregadas com relativo sucesso em lagos temperados. A viabilidade dessas técnicas em lagos tropicais, entretanto, é incerta devido as diferenças nas comunidades de peixes entre lagos de diferentes latitudes. Entre elas, podemos citar o maior grau de onivoria observados em sistemas tropicais. Para avaliar os efeitos de peixes onívoros sobre a biomassa fitoplânctonica e a turbidez da água em lagos tropicais e suas implicações para a biomanipulação, foram realizados experimentos em escala de mesocosmos com duas espécies onívoras. A tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus Linnaeus 1758) é uma espécie planctívora exótica que se alimenta, quando adulta, através de filtração de partículas em suspensão, incluindo fito e zooplâncton. A curimatã (Prochilodus brevis Steindachner 1875) é uma espécie bentívora nativa que se alimenta de algas, detritos e invertebrados bentônicos. Os resultados dos experimentos são apresentados em três capítulos. O primeiro capítulo trata dos mecanismos através dos quais cada espécie afeta a biomassa fitoplanctônica e a turbidez da água. O segundo capítulo aborda as consequências da interação entre as duas espécies para a turbidez e a biomassa fitoplanctônica. Os efeitos dependentes de densidade da curimatã sobre as comunidades aquáticas e a qualidade da água, são analisados no terceiro capítulo. Os resultados sugerem que, através de mecanismos diferentes, as duas espécies contribuem para o aumento do fitoplâncton e da turbidez da água e que não há interação sinérgica entre os efeitos das duas espécies. É possível concluir, com base nos resultados, que a remoção da tilápia e da curimatã pode ser uma alternativa viável de biomanipulação em ambientes tropicais.