AVES NA CAATINGA DO SERIDÓ ─ COMO INDIVÍDUOS, POPULAÇÕES E COMUNIDADE PERSISTEM EM UM AMBIENTE TROPICAL
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Em ambientes sazonais e às vezes imprevisíveis, as populações podem experimentar períodos de baixa disponibilidade de recursos alimentares, influenciando a sobrevivência e produtividade dos indivíduos. Aves que residem em ambientes desse tipo são geralmente caracterizadas por altas produtividades que terminam compensando as taxas de mortalidade decorrentes de períodos ou estações desfavoráveis. Estes mecanismos de persistência foram estabelecidos principalmente com base em populações de aves do hemisfério norte. Ambientes fortemente sazonais também são encontrados em baixas latitudes, mas pouco se conhece da dinâmica populacional de aves em ambientes tropicais sazonais. Levantamos dados demográficos de quatro passeriformes insetívoros na Caatinga, gerando estimativas populacionais e probabilidades mensais de sobrevivência. Adicionalmente, testamos hipóteses acerca do efeito da fitofisionomia, precipitação, sazonalidade climática e de um evento de seca severa sobre as taxas de sobrevivência. Os parâmetros demográficos foram estimados a partir de dados de captura-marcação-recaptura/reavistamento coletados durante três anos, utilizando modelos de Desenho Robusto e de Barker. Nossos resultados sugerem que os passeriformes insetívoros da Caatinga têm altas taxas de sobrevivência mensal (> 85%) e que experimentam baixa variação sazonal nestes valores (< 5%). As estimativas populacionais não flutuaram de forma sazonal e a densidade das quatro espécies foi maior na caatinga arbustiva quando comparada à arbórea. Nossas estimativas representam um dos primeiros esforços para melhor compreender os efeitos da sazonalidade e imprevisibilidade da Caatinga sobre populações de aves residentes.