Respostas ecológicas e morfológicas de três espécies de Portunoidea da Plataforma continental rasa Sudeste brasileira, Litoral norte de São Paulo.
Assoreamento,
Influência abiótica,
Área de Proteção Marinha,
recursos pesqueiros
O assoreamento é um problema historicamente reconhecido nos ecossistemas costeiros/marinhos. Nas últimas décadas, o ritmo acelerado do assoreamento vem afetando a biota, principalmente, através da perda de diversidade de habitat e redução do crescimento de produtores primários e efeitos indiretos nas comunidades marinhas. As respostas de uma assembléia de siris (Arenaeus cribarius, Callinectes danae e C. ornatus) em uma enseada subtropical da Plataforma Sudeste brasileira, Enseada da Fortaleza, com acentuado assoreamento de frações sedimentares finas, em um intervalo de 20 anos (1989-2009), foram avaliadas. O processo de assoreamento foi detectado a partir da investigação de dados in situ e inspeção geotecnológica. Quatro principais causas para a ocorrência de assoreamento foram sugeridas: (1) sedimentos oriundos do estuário local (2) hidrodinamismo oceânico (3) resuspensão sedimentar por retração de correntes marinhas e (4) ações antrópicas diversas. Redução da variabilidade sedimentar e variações de temperatura de fundo da coluna de água ocasionaram respostas distintas na ocorrência e densidade das espécies. Além disso, investigações sobre a ocorrência de padrões competitivos exclusivos entre as espécies fortaleceram a prerrogativa de que a modulação das espécies de caranguejos e siris é fortemente associada aos parametros abióticos locais. A. cribarius apresentou uma resposta levemente positiva em abundância e número de ocorrências, C. danae apresentou uma resposta estática, enquanto C. ornatus, a espécie dominante, apresentou uma forte resposta negativa de abundância. Em adição, a implementação de medidas regulatórias para exploração dos recursos marinhos, localmente, foram essenciais para a manutenção das três espécies de siris. Os efeitos do assoreamento na resposta da assembléia de Portunoidea provavelmente serão irreversíveis, no entanto, a capacidade de resiliência do ecossistema costeiro ainda é pouco conhecido, assim, estudos que avaliem a dinâmica e transporte de frações finas do sedimento podem auxiliar nas capacidades preditivas de modelos de distribuição das espécies para as próximas décadas.