Influência das Mudanças Climáticas na Estrutura Funcional da Comunidade Fitoplanctônica em um Reservatório da Região do Semiárido
Microcosmos, aquecimento, enriquecimento nutricional, fitoplâncton, grupos funcionais
O Nordeste é a região do Brasil mais exposta aos riscos da variabilidade climática. Para o semiárido brasileiro é esperada uma redução nos índices totais de precipitação e aumento da variabilidade nos padrões de incidênica de precipitação, além de um aumento no número de dias secos. Tais mudanças afetarão a intensidade e duração de chuvas e secas que poderão promover a dominação de cianobactérias, afetando assim, a qualidade da água dos reservatórios no semiárido. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos do aumento de temperatura combinado com enriquecimento de nutrientes sobre a estrutura funcional da comunidade fitoplanctônica de um reservatório mesotrófico no semiárido, no cenário mais pessimista de mudanças climáticas previstas pelo IPCC -Intergovernmental Panel on Climate Change (2007). Foram realizadas duas coletas de água, uma no período chuvoso e outra no seco. A água coleta foi armazenada em béqueres de vidro e submetida à adição de nutrientes (nitrato e fósforo solúvel) em diferentes concentrações. Os microcosmos foram submetidos a duas temperaturas diferentes, controle (média de cinco anos da temperatura do ar no reservatório) e aquecimento (4°C acima da temperatura controle). Durante o experimento foram coletadas amostras para as análises químicas e fitoplanctônicas. Os resultados mostram que a comunidade fitoplanctônica dos experimentos do período chuvoso e seco respondeu de forma distinta aos efeitos do aquecimento e que o enriquecimento teve pouco efeito sobre a sua estrutura. No período chuvoso foi verificado o aumento da biomassa de grupos funcionais de algas unicelulares pequenas e oportunistas, como o F e X1. O aumento da biomassa de grupos funcionais constituídos de clorofíceas mostra que as cianobactérias se beneficiam do aumento da estabilidade d’água causada pelo aquecimento e não de seu efeito direto. No período seco houve uma maior contribuição na biomassa relativa de algas filamentosas, com uma substituição do grupo S1 pelo H1, nos tratamentos enriquecidos.