MEMÓRIA COLETIVA E IMAGENS ANCESTRAIS: UM PARALELO ENTRE AS ARTES CÊNICAS E AS EXPERIÊNCIAS RITUAIS
Arquétipo; Ritual; Teatro; Ancestralidade, Decolonialidade, Coletividade.
No presente estudo do teatro ritual, entende-se que o teatro desde seus primórdios possuía elementos rituais (místicos) que sempre se distinguiam pela característica de fazer sonhar outras realidades ou trazer outras percepções aos seus participantes. As experiências que aproximam o artista de estados alterados de consciência o acompanham desde o início das representações artísticas. Os elementos em cena, a preparação do ator, a arquitetura de novos espaços, alguns temas, melodias e símbolos, todos esses elementos incríveis geram um espaço simbólico, um lugar para sonhar e uma atmosfera que traz a essência sagrada que pertence ao ritual. As experiências que levam o artista a estados alterados de consciência são “uma nova busca do sagrado” do religioso. O ritual e o teatro mantêm a coletividade e as imagens e forças simbólicas que preservam as chaves para abrir a porta do ancestral, do espiritual e das forças criativas arquetípicas. É no teatro ritual, onde o próprio ritual encontra outro lugar de ação. Os arquétipos são estudados no teatro e no ritual, comparando as experiências pessoais do pesquisador nos rituais Wixarrikas e no Arkhétypos Grupo de Teatro. Deste modo busca-se descobrir o que acontece no ator após excitar seus sentidos e ser exposto aos elementos rituais dessa cultura, esperando que eles nos revelem a natureza poiética das formas geométricas harmônicas escondidas em cada átomo, pensamento, sentimento ou ação. Como um espiral que em diferentes dimensões sempre segue seu caminho, seu contorno harmônico é a base da geometria e da matemática da natureza. Assim, por exemplo, a espiral é um arquétipo universal presente em todas as expressões da vida, nela oculto e nascido com a vida onde todo o universo dança. Tudo se forma em espaços simbólicos, universos invisíveis (mundus imaginalis) que se manifestam no ato ritualístico. Por fim, o coletivo que se gera no teatro-ritual por meio de emoções humanas instintivas ou espirituais faz com que este seja percebido por alguns autores como um lugar e uma forma de se levar às profundezas o conhecimento do ser, incluindo neste processo a cura, a decolonialidade do imaginário, o câmbio, a coesão e a transformação social.