I Laboratório Aberto com a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz
O objetivo do I Laboratório Aberto da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz é difundir a prática e metodologia de criação e treinamento desenvolvida pelo grupo ao longo de 41 anos de atuação e pesquisa. O Ói Nóis criou uma poética própria capaz de mobilizar a mulher e o homem de hoje para refletir sobre questões fundamentais do nosso tempo. A Tribo utiliza práticas e dispositivos próprios, desenvolvidos ao longo de sua trajetória, para disparar suas
criações:
- O trabalho de codificação de ações cênicas não cotidianas contribui na elaboração dessa
poética, calcada na dissonância, para a criação de personagens e cenas.
- O atrito entre texto (palavra) e a ação (tecido de ações) cria uma região de tensão
interessante para construção dessa poética e reelabora a possibilidade de um teatro crítico que não tem no discurso o seu maior potencial de comunicação.
- A cena ritual de origem Artaudiana vai ser a esteira do trabalho de construção de
cenas/rituais com os participantes.
- A experiência de abordagem da rua como campo para performance cênica.
O Laboratório proporcionará aos participantes as experiências com o teatro ritual e o teatro de rua desenvolvidos pelo grupo.
Conteúdos Específicos:
Improvisação (no espaço, com elementos e com temas). Elaboração de ações físicas e procedimentos de montagem. Elaboração de partituras corporais e imagens em grupo. Experimentos de criação dramatúrgica para o teatro ritual e para performance de rua.
Informações e inscrições terreira.oinois@gmail.com
Inscrições mediante carta de intenção e currículo. Os interessados deverão ter disponibilidade para participar de toda a programação do I Laboratório Aberto com a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, incluindo os três módulos de oficina e as demais atividades. De 20/05 a 20/06.
Oficinas
1. Oficina Ator, Presença e Rito
Ministrante: Tânia Farias
Carga horária: 5 dias com 3h de duração cada, totalizando 15h
Número de vagas: 30
Seleção: Oficina gratuita mediante seleção através de carta de intenção.
Tânia Farias (DRT 5309/1999) é atriz, encenadora, professora, pesquisadora e produtora teatral. Atuadora da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz desde 1994. Tem sua biografia “Tânia Farias – O Teatro é um Sacerdócio” do Jornalista Fábio Prikladnicki, publicada na Coleção Gaúchos em Cena do Festival Porto Alegre em Cena. Coordena os projetos Escola de Teatro Popular da Terreira da Tribo e Ói Nóis na Memória. Publica a Cavalo Louco Revista de Teatro da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Organiza e produz Festival de Teatro Popular – Jogos de Aprendizagem. Como atriz e encenadora da Tribo participou das criações coletivas A Morte e a Donzela de Ariel Dorfmann, A Heroína de Pindaíba de Augusto Boal, Hamlet Máquina de Heiner Müller, A Exceção e a Regra de Bertolt Brecht, Aos que virão depois de nós Kassandra In Process, A Missão Lembrança de uma Revolução de Heiner Müller, A Saga de Canudos, O Amargo Santo da Purificação, Viúvas Performance sobre a Ausência e Medeia Vozes, Caliban - A Tempestade de Augusto Boal e Desmontagem Evocando os Mortos -
Poéticas da Experiência. Foi indicada ao Prêmio Shell de Melhor Atriz por Kassandra In Process (2007) e recebeu o Prêmio Açorianos por sua atuação em O Amargo Santo da Purificação (2009) e Medeia Vozes (2013).
Metodologia
A Oficina será dividida em cinco encontros de três horas cada, coordenados pela atuadora Tânia Farias, que desenvolve sua pesquisa no Ói Nóis há mais de 20 anos. Sua investigação está relacionada com o aperfeiçoamento das técnicas utilizadas para que o ator adquira presença cênica, além da criação de personagens através da codificação de gestos não-cotidianos. Nesta vivência serão investigados o movimento e a voz para a ampliação do corpo do ator e a ocupação do espaço teatral. A ênfase é colocada na corporalidade (em como
perceber o próprio corpo) e na concentração (para perceber o outro).
Segundo Eugênio Barba (teórico teatral presente na pesquisa do grupo, assim como sua Antropologia Teatral) em O Corpo Dilatado, o estado de presença ocorre quando o nível pré-expressivo do ator é obtido, assim como em Grotowski, por meio de uma série de exercícios de caráter iniciatório, de um treinamento que une os aspectos físicos e mentais, um trabalho sobre energias. O teatro para o Ói Nóis é considerado ato sagrado, cerimônia mágica, ritual, portanto envolve a evocação de energias não-cotidianas pelo ator/pesquisador. Tal estado é atingido a partir do desenvolvimento de técnicas corporais e treinamento constante. Nessa vivência serão investigadas ações que pretendem levar o ator aos princípios de contraste,
estranhamento em relação à visão habitual da realidade, desagregação do real, dissociação, dissonância na criação das personagens, seguindo os preceitos de Artaud, em Segunda Carta sobre a Linguagem: “O segredo do teatro no espaço é a dissonância, a distinção entre os timbres e o desencadeamento dialético da expressão.” A presença cênica está estreitamente ligada ao fenômeno teatral enquanto experiência que se realiza no presente e à corporalidade do ator.
A noção de atuação dentro do grupo é concebida num sentido mais amplo, em que arte e vida se fundem, o ator deve se despojar de suas máscaras para buscar uma relação direta com o público, uma comunicação real, um estado cênico produzido através do ato de despir suas máscaras e deixar-se ver. Os cinco encontros consistem em desenvolver práticas de treinamento corporal que pretendem:
- Intensificar a dinâmica teatral do corpo, através de exercícios de desinibição, sensibilização,
musicalidade, expressividade e coordenação rítmica, aliados a jogos de inter-relacionamento
dramático.
- Ativar padrões não cotidianos de comunicação a partir de signos teatrais específicos, com ênfase na pesquisa de sons e movimentos expressivos, próprios para a estilização de ações, gestos cantos e danças.
- Promover condições favoráveis ao desenvolvimento da criatividade espontânea e
expressiva, crítica e resignificante do corpo, a partir da organização de uma vivência teatral de grupo.
- Qualificar os atores/estudantes de teatro quanto à sua presença cênica na hora da atuação.
- Proporcionar técnicas para que os oficinandos atinjam um estado cênico mais apurado, considerando o teatro como arte de forças, como acontecimento, presença ao invés de representação.
- Criar a relação presença/corporeidade/presentificação – já que é pela relação instaurada com o outro, pela sua presentificação, que uma qualidade diferenciada de energia-presença pode surgir.
- Desenvolver técnicas para conquistar essa força do ator como presença cênica, uma eclosão aos olhos dos espectadores. Assim como definiu Eugênio Barba em O Corpo Dilatado, presença como um corpo-em-vida.
2. Oficina de Teatro Ritual
Ministrante: Paulo Flores
Carga horária: 5 dias com 3h de duração cada, totalizando 15h
Número de vagas: 30
Seleção: Oficina gratuita mediante seleção através de carta de intenção.
Paulo Flores (DRT 2155/1988) é ator, encenador, professor e pesquisador. Fundou a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz em 1978, a Terreira da Tribo – Centro de Experimentação e Pesquisa Cênica em 1984 e a Escola de Teatro popular em 2000. Graduou-se como Bacharel em Direção Teatral pela UFRGS em 1979. Atua em teatro desde 1974, participando como ator e diretor teatral em vários espetáculos premiados. No Ói Nóis encenou mais de 30 espetáculos, entre eles Fim de Partida, Ostal, A Exceção e a Regra, Antígona Ritos de Paixão e Morte, Dr. Fausto, Kassandra In Process, O Amargo Santo da Purificação, Viúvas –
Performance sobre a ausência, Medeia Vozes, Caliban - A Tempestade de Augusto Boal e Meierhold. Coordena os Projetos Caminho Para Um Teatro Popular (circuito de teatro de rua por praças e ruas de bairros populares), Teatro Como Instrumento de Discussão Social (desenvolvendo oficinas nos bairros com o objetivo de fomentar a criação de grupos nestas comunidades) e Ói Nóis na Memória (selo criado para registrar a trajetória da Tribo).
Metodologia
A Oficina de Teatro Ritual consistirá em cinco encontros de três horas cada, coordenados pelo atuador Paulo Flores, um dos fundadores da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz que se mantém no grupo desde sua origem. O Teatro de Vivência é um termo cunhado por ele no início da década de 80. Nessa vertente de pesquisa do Ói Nóis o teatro e o espetáculo são vistos como um ato ritual, no sentido de experiência partilhada, no qual o espectador torna-se participante da cerimônia. É uma celebração em que atores e público partilham de uma experiência comum e têm a possibilidade de elaborar inquietações sobre a atualidade. É uma experiência real, um rito de iniciação partilhado entre os celebrantes, que rompe a linguagem articulada para entrar em contato com as forças da vida. Por uma metafísica da linguagem na qual a linguagem concreta, destinada aos sentidos, é capaz de materializar o invisível, de entrar em contato com as forças latentes no universo.
“Ritual de Personagem” trata-se de um procedimento desenvolvido pela Tribo para
preparação de seus atores e elaboração de seus espetáculos. Cada ator desenvolve uma cena completa e prepara todos os elementos que a compõe. Como num ritual em sociedade, cada elemento é escolhido devido à sua importância, ele necessariamente tem significado e motivo ao ser escolhido para compor a cena. Com os gestos ocorre da mesma forma, cada gesto tem o objetivo de comunicar algo por si só. A proposta dessa vivência vai em direção ao pensamento de Antonin Artaud e seu Teatro Ritual. Pretende investigar a metafísica da linguagem articulada e colocá-la no espaço, rompendo sua linearidade, desencadeando suas forças.
Segundo Artaud, essa linguagem “rompe enfim a sujeição intelectual da linguagem
[conceitual], dando o sentido de uma intelectualidade nova e mais profunda, que se oculta sob os gestos e os signos elevados à dignidade de exorcismos particulares”. Esses cinco encontros contarão com:
- Compartilhamento dos preceitos do Teatro Ritual a partir da ótica de Antonin Artaud.
- Práticas de improvisação como processo de desterritorialização, em que as conexões se estabelecem no devir da performance.
- Criação da cena como produção do sentido, para além das representações, como no Teatro Ritual.
- Técnicas para abrir o corpo às forças e à energia do mundo que a ele se conecta, antes de perceber seus objetos.
Os encontros pretendem propiciar o entendimento do teatro como um ato que se realiza aqui e agora, no organismo dos atores diante de outros homens, como afirma Grotowski. Também pretendem reforçar a visão crítica das questões pertinentes à contracenação dramática, desde a valorização do material cênico como no Teatro Ritual de Artaud à disposição do espaço e do tempo.
3. Oficina de Performance Política
Ministrada por Marta Haas e Tânia Farias
Carga horária: 5 dias com 3h de duração cada, totalizando 15h
Número de vagas: 30
Seleção: Oficina gratuita mediante seleção através de carta de intenção.
Marta Haas (DRT 8700/2008) é atriz, encenadora, oficineira e pesquisadora teatral. É atuadora da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz desde 2001. Graduada como bacharel em filosofia, mestra e doutoranda em educação pela UFRGS. Cursou a primeira turma da Oficina Para Formação de Atores da Escola de Teatro Popular da Terreira da Tribo. Desde 2007 ministra Oficinas Populares de Teatro pelo Projeto Teatro Como Instrumento de Discussão Social. Como atriz e encenadora participou das criações coletivas da Tribo: Aos Que Virão Depois de Nós - Kassandra In Process; A Missão (Lembrança de uma Revolução); O Amargo Santo da Purificação; Viúvas – Performance sobre a ausência, Medeia Vozes e Caliban - A Tempestade de Augusto Boal. Foi indicada ao Prêmio Açorianos de Melhor Atriz Coadjuvante em 2002 por Kassandra In Process e em 2013 por Medeia Vozes.
Metodologia
A Oficina de Performance e Política será ministrada pelas atuadoras Marta Haas e Tânia Farias. Pretende elaborar uma conexão entre o que foi desenvolvido na Oficina Ator, Presença e Rito e na Oficina de Teatro Ritual, que oferecerão uma base do que é a pesquisa desenvolvida pelo grupo, seus preceitos estéticos e poéticos, as técnicas utilizadas e forma de investigação que está intrinsecamente ligada ao pensamento político. Realizará a conjunção do aprendido durante os dez encontros anteriores, na qual os oficinandos poderão dedicar cinco dias à elaboração de uma Performance Política, utilizando temas em discussão na
atualidade e realizando o exercício coletivo da montagem de um roteiro e criação de um material poético para ser compartilhado com o público. Ao final da vivência de 25 dias, de imersão no trabalho da Tribo, essa performance será apresentada nos últimos dias da programação.
Além de reunir o que foi desenvolvido durante os 25 dias de intensa vivência, essa oficina visa instigar o oficinando a percebar que o processo de aprendizagem não se encerra com a oficina, que o ator deve estar em permanentes descobertas. Também instiga que o oficinando desenvolva o espírito de trabalho coletivo, para que juntamente com o outro revise permanentemente conceitos estéticos e éticos. Esse processo pretende a renovação das percepções, do real valor do espaço, do outro, da linguagem, do gestual e suas depurações, no qual o ato de representar e estar presente seria não a imposição de formas, mas o resultado de um processo.
Espetáculos
Caliban – A Tempestade de Augusto Boal
Impulsionada pela ideia de que “somos todos Caliban” a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz criou a encenação para Teatro de Rua “Caliban – A Tempestade de Augusto Boal”. A encenação analisa criticamente a “tempestade” conservadora que hoje sofre a América Latina, especialmente o grande retrocesso nos direitos sociais e na luta pela autonomia econômica, política e cultural que vivemos no Brasil. Momento fecundo para retomar Caliban enquanto representante das opressões advindas do encontro colonial, colocando em foco o discurso de
resistência evidenciado nessa figura. Agora Caliban não é mais somente o colonizado. Ele é a representação dos oprimidos de toda sorte que residem neste país chamado Brasil. Caliban é símbolo da identidade latino-americana e da resistência ao neo-colonialismo.
Ficha técnica:
Criação coletiva da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz a partir do texto “A Tempestade” de Augusto Boal
Música: Johann Alex de Souza
Atuadores: Roberto Corbo, Clélio Cardoso, Keter Atácia, Marta Haas, Eugênio Barboza, Tânia Farias, Paulo Flores, André de Jesus, Márcio Leandro, Leticia Virtuoso, Luana Rocha, Lucas Gheller, Daniel Steil, Rochelle Silveira, Raphael Costa, Rafael Torres, Helen Sierra, Rogério Bertoldo, Mariana Stedele, Fabrício Miranda, Alex Pantera, Dijean Bueno e Pedro Isaias Lucas
Duração: 90 minutos
Evocando os Mortos - Poéticas da Experiência
“Evocando os Mortos - Poéticas da Experiência” refaz o caminho da atriz na criação de personagens emblemáticos da dramaturgia contemporânea. Esse trabalho constitui um olhar sobre as discussões de gênero, abordando a violência contra a mulher em suas variantes, questões que passaram a ocupar centralmente o trabalho de criação do grupo Ói Nóis Aqui Traveiz. Ao seguir a linha de investigação sobre teatro ritual de origem artaudiana e performance contemporânea, a desmontagem de Tânia Farias propõe um mergulho num fazer teatral onde o trabalho autoral da atriz condensa um ato real com um ato simbólico, provocando experiências que dissolvam os limites entre arte e vida e ao mesmo tempo potencializem a reflexão e o autoconhecimento.
Ficha técnica:
Criação da Atuadora Tânia Farias a partir de quatro personagens de espetáculos da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz
Concepção e atuação: Tânia Farias
Produção: Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz
Duração: 90 minutos
Onde? Ação N°2
A performance “Onde? Ação nº2” provoca de forma poética reflexões sobre o nosso passado recente e as feridas ainda abertas pela ditadura militar. A ação performática se soma ao movimento de milhares de brasileiros que exigem que o Governo Federal proceda a investigação sobre o paradeiro das vítimas desaparecidas durante o regime militar, identifique e entregue os restos mortais aos seus familiares e aplique efetivamente as punições aos responsáveis.
Ficha técnica:
Criação Coletiva da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz
Participam da performance: Tânia Farias, Marta Haas, Leticia Virtuoso, Luana Rocha, Keter
Velho, Rochelle Silveira, Helen Sierra, Paulo Flores, Eugênio Barbosa, Roberto Corbo, Márcio
Leandro, Clélio Cardoso, Alex Pantera e Daniel Steil e Lucas Gheller
Duração: 40 minutos
Meierhold
Meierhold a nova encenação da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz é uma adaptação livre da peça “Variaciones Meyerhold” (2005) do dramaturgo, ator e psicanalista argentino Eduardo Pavlovsky. Ao completar o seu quadragésimo ano de trajetória a Tribo homenageia dois Mestres da cena contemporãnea e do teatro latino-americano: Meierhold e Pavlovsky. No centro da encenação a figura de Meierhold, célebre ator, diretor e teórico russo, cujo discurso inovador e revolucionário o transformou em personalidade de relevância no panorama teatral do início do século XX. Grande questionador das formas acadêmicas da criação teatral, a postura de Meierhold confronta com as ideias de seu contemporâneo Stanislavski, com que manteve uma relação ao mesmo tempo estreita e distante. A encenação reúne aspectos do discurso artístico do pensador russo e os relaciona com momentos dramáticos de sua trajetória pessoal, sujeito ao cárcere, tortura e humilhações até o seu brutal assassinato pelas autoridades da Rússia stalinista. A peça “Variaciones Meyerhold” tenta captar a forma em que este extraordinário homem de teatro nos “afeta” hoje.
Ficha Técnica:
Adaptação livre da peça “Variaciones Meyerhold” de Eduardo Pavlovsky
Atuadores: Paulo Flores, Keter Velho, Clélio Cardoso, Eugênio Barboza, Lucas Gheller e Letícia Virtuoso.
Duração: 90 minutos
Ensaio Aberto
Medeia Vozes
Na encenação da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz o mito de Medeia é reinventado. Medeia livra-se da imagem de infanticida e aparece representada em outros termos: trata-se da mulher que ousou desafiar a política estabelecida, que é punida por seu senso de independência e liberdade, banida da cidade por saber de crimes que não devem ser revelados. A base para a criação de Medeia Vozes é o romance homônimo da alemã Christa Wolf (1929-2011). Em suas investigações a escritora bebeu em outros estudiosos – da arqueologia, mitologia e sociologia. Retornou às bases do matriarcado primitivo e da fundação das sociedades. Wolf tomou uma versão antiga e desconhecida do mito para afirmar Medeia como uma mulher vítima dos valores e das necessidades do patriarcado, que não cometeu
nenhum dos crimes de que a tragédia de Eurípides a acusa.
O espetáculo forma uma obra polifônica, onde, além das vozes dos personagens narradores do romance, somam-se vozes de mulheres contemporâneas como as revolucionárias alemãs Rosa Luxemburgo e Ulrike Meinhof, a somali Waris Diriiye, a indiana Phoolan Devi e a boliviana Domitila Chungara, que enfrentaram de diferentes maneiras a sociedade patriarcal em várias partes do mundo. Medeia Vozes é Teatro de Vivência, onde o espectador é convidado a vivenciar o espetáculo através de seus cinco sentidos, de maneira interativa com os atuadores, potencializando radicalmente a capacidade transformadora do teatro. Medeia Vozes foi o espetáculo mais premiado da história do teatro gaúcho recebendo o Prêmio Açorianos em 8 categorias (melhor espetáculo, atriz para Tânia Farias, direção, cenografia, iluminação, trilha original, dramaturgia e produção) e Prêmio de Melhor Espetáculo pela Escola de Espectadores.
Ficha técnica:
Criação coletiva da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz a partir romance homônimo da alemã Christa Wolf “Medeia Vozes”
Música: Johann Alex de Souza
Atuadores: Tânia Farias, Paulo Flores, Marta Haas, Eugênio Barboza, Clélio Cardoso, Letícia Virtuoso, Lucas Gheller, Roberto Corbo, Keter Atácia, Raphael Costa, Rogério Bertoldo, Alex Pantera, Luana Rocha, Rochelle Silveira, Rafael Torres, Helen Sierra, Daniel Steil, Márcio Leandro de Lima Vicente e Dijean Bueno.
Duração: 180 minutos
Lançamento da Cavalo Louco nº 19
A Cavalo Louco - Revista de teatro da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz estará lançando mais um número.
Uma resistente!
Os tempos são de guerra, são tempos sem sol, como nos falou Brecht a certa altura. Mas a Tribo, teimosa, apaixonada e resistente, tem na Cavalo Louco mais um espaço de troca de saberes, de reverberações humanistas e libertárias. Como entendemos que estes tempos necessitam de humanistas e de loucos que ousem não esquecer a sua história e sonhar com dias melhores, construindo-os com suas mãos, nos empenhamos por garantir mais um número dessa doida publicação.
A revista que nasceu como semestral em 2006, nos últimos anos passou a ser anual devido às dificuldades crescentes do Ói Nóis Aqui Traveiz e de todas as artes nesse Brasil, cada vez mais coronelista, reacionário, homo fóbico e racista. Contrariando todas as expectativas – graças aos inúmeros colaboradores – ela abre, uma vez mais, suas páginas neste julho de 2019.
Performance Cênico Musical
Violeta Parra – Uma Atuadora!
Quem ouviu Violeta cantar?
Quem teve contato com a obra de Mercedes Sosa, uma das mais importantes vozes do mundo, deve ter escutado algum dia a canção Gracias a la vida. Mercedes a gravou em 1971, no LP Homenaje a Violeta Parra e que virou hino da América Latina.
Mas quem ouviu a voz de Violeta?
Foi então que Tânia Farias, uma premiada atriz e recente cantora – que é fã de Violeta – resolveu montar um espetáculo para “trazê-la” para nós. Surge Violeta Parra – Uma Atuadora!.
Tânia, que canta com voz de quem ama Violeta, convidou Mário Falcão para participar como músico nessa empreitada. O trabalho é um incrível desafio. Mário tratou de aprender as canções e a decodificá-las ao seu jeito de tocar guitarra. Amante da MPB, acabou por fazer uma mistura (ou costura) entre o andino e o popular brasileiro. E é com esse viés mestiço que estão “vestindo” as pérolas do cancioneiro desse ícone da arte da América do Sul.
HOMENAJE A VIOLETA PARRA
“Já não cabiam mais em sua cabeça os pássaros azuis
assim foi que, em um meio dia de estranha luminosidade,
abriram um trágico orifício de escape
e se foram os pássaros azuis,
levando consigo Violeta Parra”
(Atahualpa Yupanqui)
Tânia Farias, Mário Falcão, Lucas Gheller e Paulo Flores
Duração: 70 minutos
Filmes
Viúvas – Performance Sobre a Ausência
Filme de Pedro Isaias Lucas que registra o espetáculo apresentado em 2011 na Ilha do Presídio (Ilha das Pedras Brancas). O filme mostra mulheres que lutam pelo direito de saber onde estão os homens que desapareceram e foram mortos pela ditadura civil militar que se instalou em seu país. A utilização desse espaço não-convencional para a encenação pretendeu estabelecer uma relação entre os sentidos do trabalho sobre o imaginário e a história recente da América Latina; e as referências simbólicas, o registro emocional, os elementos de memória e o caráter institucional da Ilha do Presídio.
Duração: 72 minutos
Medeia Vozes
Registro inédito com fotografia e edição de Pedro Isaias Lucas. Em Medeia Vozes, a Tribo de Atuadores toma uma versão antiga e desconhecida do mito, trazendo uma mulher que não cometeu nenhum dos crimes de que Eurípides a acusa. Medeia é uma mulher que enxerga seu tempo e sua sociedade como são. As forças que estão no poder manifestam-se contra ela, chegando mesmo à perseguição e banimento, ela é um bode expiatório numa sociedade de vítimas. A Medeia pacifista do Ói Nóis Aqui Traveiz demonstra a inutilidade de todo processo bélico. A encenação forma uma obra polifônica, somam-se vozes de mulheres contemporâneas como as revolucionárias alemãs Rosa Luxemburgo e Ulrike Meinhof, a somali Waris Diriiye, a indiana Phoolan Devi e a boliviana Domitila Chungara, que enfrentaram de diferentes maneiras a sociedade patriarcal em várias partes do mundo.
Duração: 180 minutos
O Amargo Santo da Purificação – Uma visão alegórica e barroca da vida paixão e morte do revolucionário brasileiro Carlos Marighella
Registro com fotografia e edição de Pedro Isaias Lucas do espetáculo de rua sobre a trajetória do revolucionário brasileiro Carlos Marighella. O público pode assistir imagens filmadas em mais de 60 apresentações, em praças, parques e ruas de capitais e cidades do interior de diferentes estados do Brasil. Marighella foi protagonista na luta contra as ditaduras do Estado Novo e do Regime Militar. A dramaturgia elaborada pela Tribo parte dos poemas escritos pelo baiano que, transformados em canções, são o fio condutor da narrativa. A encenação utiliza a plasticidade das máscaras, de elementos da cultura afro-brasileira e figurinos com fortes signos, criando uma fusão do ritual com o teatro dança. O Ói Nóis Aqui Traveiz ruas da cidade uma abordagem épica das aspirações de liberdade e justiça do povo brasileiro.
Duração: 90 minutos
Kassandra In Process
A partir das filmagens do espetáculo Aos que virão depois de nós – Kassandra In Process, a Tribo e a Catarse – Coletivo de Comunicação elaboraram este registro. Esse foi o primeiro registro audiovisual do Selo Ói Nóis na Memória. O espetáculo é resultado da pesquisa em Teatro de Vivência realizada pela Tribo e recebeu, entre outros, o Prêmio Açorianos 2002 de Melhor Espetáculo e o Prêmio Shell 2007 na Categoria Especial pela Pesquisa e Criação Coletiva.
“Na infância deste século XXI, a voz dolente e forte de uma personagem mítica como Kassandra soa qual sirene em pleno amanhecer de uma Bagdá dilacerada. Impossível não adivinhar nos mísseis os corpos que tombarão. Pois tem sido assim em pelo menos cerca de 2.500 anos de história. São atrocidades que exemplificam o quanto a humanidade tem caminhado fora dos trilhos. E não de agora, mas ao longo da história: o horror, o horror, o horror.”
Duração: 67 minutos
Raízes do Teatro
O título do documentário, com direção e roteiro de Pedro Isaias Lucas, é o nome do projeto criado pelo Ói Nóis Aqui Traveiz para sistematizar o estudo das origens ritualísticas do teatro.
O filme aborda os mitos que resultaram em quatro espetáculos do Ói Nóis Aqui Traveiz: Antígona - Ritos de Paixão e Morte (Prêmio Açorianos 1990), Missa para Atores e Público sobre a Paixão e o Nascimento do Dr. Fausto de Acordo com o Espírito de Nosso Tempo (Prêmio Açorianos 1994), Aos Que Virão Depois de Nós - Kassandra in Process (Prêmio Açorianos 2003, Prêmio Shell SP 2007) e Medeia Vozes (Prêmio Açorianos 2013).
Duração: 26 minutos
A Missão – Lembrança de uma Revolução
“Marx fala do pesadelo de gerações mortas, Benjamin, da libertação do passado. O que está morto não o é na história. Uma função do drama é a evocação dos mortos – o diálogo com os mortos não deve se romper até que eles tornem conhecida a parcela de futuro que está enterrada com eles.”
Heiner Müller
A encenação evoca a revolta dos escravos na Jamaica, nos anos seguintes à Revolução Francesa e reflete sobre o Terceiro Mundo: objeto de exploração e, simultaneamente, fermento do novo. A encenação coletiva criada pela Tribo evidencia a opção do autor por uma poética teatral do corpo, da imagem, aliando sua visão crítica da história à desconstrução da linguagem discursiva cartesiana. A poética cênica de A Missão insere-se na “dialética poética do fragmento” e dirige-se primordialmente aos sentidos, mas a intenção é também “fazer pensar”. O reconhecimento se faz, portanto, via corpo e intelecto. A aproximação entre fragmento e a linguagem do corpo, como contrários à linguagem do poder e do conceito é outra ideia presente em Müller, que fala da rebelião do corpo contra o conceito. O ato cognoscitivo vem a posteriori, precedido pela experiência, por algo que não pode ser determinado de imediato, mas que só assim se transforma em experiência durável.
Duração: 120 minutos
Lançamento da Caixa de Memórias
Lançamento da caixa com DVDs que documentam espetáculos seminais do teatro gaúcho. São registros audiovisuais de diferentes vertentes teatrais da Tribo Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Integra o selo Ói Nóis na Memória, que difunde e socializa o acervo da proposta estética e política desenvolvida pela Tribo. Contém o registro, com legendas em espanhol e inglês, dos espetáculos “O Amargo Santo da Purificação” (2008), “Viúvas – Performance Sobre a Ausência” (2011) e “Medeia Vozes” (2013). É uma realização da Artéria Filmes, com fotografia, edição e finalização audiovisual de Pedro Isaias Lucas. Esta tiragem foi realizada com recursos do Governo do Estado do Rio Grande do Sul por meio do Pró-cultura RS FAC – Fundo de Apoio à Cultura, Lei nº 13.490/10.
No dia do lançamento a Caixa de Memórias será distribuída gratuitamente a todos os interessados.
Programação, locais e horários das Atividades
Oficinas
Local: Sala Marcos Barreto - CCMQ
Hora: 10h-13h
Oficina Ator, Presença e Rito
De 1º a 5 /07
Oficina de Teatro Ritual
De 8 a 12/07
Oficina de Performance Política
De 15 a 19/07
Apresentação da Ação Cênica criada com os participantes
Local: Parque da Redenção
Hora: 15h
Dia 20/07
Espetáculos
Caliban – A Tempestade de Augusto Boal
Local: Parque da Redenção
Hora: 15h
Dia 30/06
Ensaio Aberto
Medeia Vozes
Local: Terreira da Tribo
Hora: 19h30h
De 4 e 5/07
Onde? Ação Nº 2
Local: Parque da Redenção
Hora: 12h
Dia 7/07
Violeta Parra – Uma Atuadora!
Local: Sala Carlos Carvalho - CCMQ
Hora: 20h
Dia 13/07
Caliban – A Tempestade de Augusto Boal
Local: Parque da Redenção
Hora: 15h
Dia 14/07
Desmontagem Evocando os Mortos – Poéticas da Experiência
Local: Sala Carlos Carvalho - CCMQ
Hora: 20h
Dia 16/07
Meierhold
Local: Sala Álvaro Moreira - CMC
Hora: 20h
De 17 a 21/07
Filmes
O Amargo Santo da Purificação
Local: Sala A2B2 (segundo andar, perto da Carlos Carvalho) - CCMQ
Hora: 20h
Dia 1/07
Raízes do Teatro
Kassandra in Process
Local: Sala A2B2 (segundo andar, perto da Carlos Carvalho) - CCMQ
Hora: 20h
Dia 6/07
Viúvas – Performance Sobre a Ausência
Local: Sala A2B2 (segundo andar, perto da Carlos Carvalho) - CCMQ
Hora: 20h
Dia 8/07
A Missão – Lembrança de uma Revolução
Local: Sala A2B2 (segundo andar, perto da Carlos Carvalho) - CCMQ
Hora: 20h
Dia 15/07
Medeia Vozes
Lançamento da Caixa de Memórias
Local: Sala A2B2 (segundo andar, perto da Carlos Carvalho) - CCMQ
Hora: 18h-22h
Dia 17/07