O que os olhos não veem: O não visual como forma de apreciação estética
Teatro; Cegueira; Olhar; Fenomenologia; Espectador.
A pesquisa a seguir parte da elaboração de uma proposta de teatro que teve como matriz deflagradora da cena o universo da cegueira, misturando histórias reais e ficcionais para construção de um espetáculo teatral onde os seus espectadores, privados da visão oculocentrica, são incitados sensorialmente à construir a cena a partir da percepção e das relações que estabelecem entre a cena apresentada e o seu mundo vivido. A exploração da experiência por via dos sentidos convida o espectador a ser escritor de sua própria história relacionando a cena com outras coisas vivenciadas anteriormente, configurando uma apreciação sensível do olhar. Este olhar, por sua vez, se constrói no corpo, e é o corpo, na sua forma mais completa que ao olhar para a cena, se relaciona com ela de modo a compreendê-la. De cunho qualitativa fenomenológica a pesquisa está amparada pelos estudos do filósofo francês Maurice Merleau-Ponty e dos seus interlocutores, no intuito de compreender o fenômeno da não vidência a partir dos relatos de experiência dos espectadores do Espetáculo “O que os olhos não veem”, cuja configuração propõe uma apreciação sensível do olhar de forma que, quando incitado pelas proposições sensoriais, o espectador construa, através do seu percurso interpretativo um olhar emancipado para a cena.