Contradições urbanas e direito a cidade: movimentos sociais e organização popular em Natal/RN.
Movimentos Sociais. Questão Urbana. Direito à cidade.
Na medida em que a expansão das cidades ocorre cada vez mais empurrando e segregando a classe trabalhadora para as áreas periféricas, destituídas de serviços e de infraestrutura, o espaço urbano se constitui também como um espaço importante na luta de classe e, nessa direção, o presente trabalho visa analisar a organização política dos movimentos sociais urbanos e organizações populares existentes em Natal-RN, na contemporaneidade, nos seus processos de luta por direitos sociais, com ênfase no direito à cidade. Para tanto, nosso projeto de pesquisa objetiva mapear os movimentos populares que atuam nos bairros de Natal, em especial, àqueles articulados em torno do direito à moradia e serviços básicos; traçar um perfil ético-político dos movimentos urbanos que atuam em Natal a partir da análise de suas características, valores, princípios e ideologias; caracterizar a ação política dos movimentos urbanos de Natal na luta pelo reconhecimento e garantia do direito à cidade e apreender os avanços e entraves no processo de intervenção dos movimentos sociais e organizações populares existentes em Natal, evidenciando dilemas e contradições que perpassam os processos de organização e mobilização no período contemporâneo. Com essa dimensão, nos apropriamos das contribuições do materialismo histórico-dialético por entendermos que este referencial viabiliza a compreensão dos processos de organização coletiva numa perspectiva crítica e de totalidade, indo para além do seu aspecto imediato. Para a produção dos dados realizaremos pesquisa bibliográfica, documental e de campo, por meio de entrevistas gravadas semi-estruturadas com os(as) dirigentes das organizações mapeadas em nossa pesquisa. No estudo a ser realizado, não desconsideraremos que, no Brasil contemporâneo, a questão urbana e a ação política dos movimentos que a evidenciam na cena pública se entrelaçam e necessariamente se relacionam com a tendência histórica que vem se apresentando desde os anos 1990, quando o Brasil adentrou num período marcado por uma nova ofensiva burguesa.