Capitalismo, Crise Climática, Mercado do Carbono, Financeirização da Natureza, Ecossocialismo.
A presente tese é resultado do processo de investigação e do esforço analítico para apreender as determinações históricas da questão socioambiental, tendo como referencial teórico, o marxismo, agora, especificamente da crise climática. Nossa pesquisa buscou analisar a crise climática, que se encontra agudizada no tempo presente e se coloca enquanto questão central e urgente. Contudo, as saídas para seu enfrentamento têm se dado pelo reforço da dinâmica estrutural que a conforma e acirra, as relações sociais capitalistas. Isto porque, as atuais formas de enfrentamento da crise climática vêm sendo operadas pela mediação dos conceitos e mecanismos do mercado capitalista. Na sua intenção ideológica de tornar o capitalismo “humanizado” e “ambientalmente sustentável”, as formas de enfrentamento foram inseridas pelo mercado na lógica do mundo das finanças e do lucro, surgindo o mercado de carbono, que é parte das estratégias para conter a crise climática construídas no âmbito do Protocolo de Kyoto. A principal inquietação que conduziu o presente estudo e se configurou como pressuposto principal é de que a natureza passa por um intenso processo de financeirização que consiste tirar dividendos da crise socioambiental e encontra no mercado de carbono um terreno fértil para garantir lucro ao mesmo tempo que fomenta ideologicamente a ideia de que é possível reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera sem diminuir o ritmo de produção destrutiva do capital. Nesse sentido, analisamos o vínculo estrutural da crise climática e os limites históricos para o alcance da “sustentabilidade” como alternativa capitalista. Nossa pesquisa tem como objetivo geral analisar o processo de financeirização da natureza pela mediação do mercado de emissões de carbono, na particularidade do Brasil. Nossa argumentação teórica foi construída sob as bases do método materialista-histórico, suas categoriais e conceitos, buscando amparo para fundamentação na leitura crítica dos/as autores/as contemporâneos dessa corrente teórica, bem como, nos textos clássicos. Nossa pesquisa de natureza qualitativa, documental e bibliográfica. Para análise documental, recorremos a análise de conteúdo. Uma técnica que permite identificar o conteúdo implícito nos documentos, a ideologia, perspectivas sociopolíticas e os interesses subjacentes, os dados mais relevantes, dentre outros aspectos. O lastro temporal dos documentos analisados, se situa entre a década de 1970 a 2020. Foram analisadas publicações de organismos internacionais; documentos que são marcos regulatórios jurídico-normativos; relatórios e produções diversas que apresentavam dados importantes sobre as emissões dos gases e efeito estufa e a dinâmica mercado de carbono; dados e pesquisas diversas que revelavam o lucro no Brasil do mercado do carbono que indicaram a relação de bancos e do Estado. Dentre a nossas conclusões gerais, destacamos que o mercado do carbono se afirmou sob a financeirização da natureza, que preservação do meio ambiente no capitalismo são questões antagônicas e que a crise climática aponta para a necessidade de saídas estruturais, revolucionárias e necessariamente anticapitalista. O momento exige a de articulação de forças políticas para a construção de uma alternativa anticapitalista, ecossocialista.