FEMINISMO, GÊNERO E SERVIÇO SOCIAL: avanços, contradições e rebatimentos na formação profissional
Feminismo, Gênero, Serviço Social, Formação profissional
A efetivação das políticas neoliberais pelo Estado brasileiro, desde a década de 1990, imprimiu uma agenda de destruição dos direitos da classe trabalhadora com alógica do "estado mínimo" e corte no financiamento das políticas públicas. A educação superior, em especial, foi duramente impactada por uma lógica mercantil, de viés empresarial, que provocou o aligeiramento dos cursos, o sucateamento da universidade pública e a intensa privatização do ensino, através das recomendações de organismos internacionais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. O pensamento conservador, fortalecido pela ideologia neoliberal adentrou em todas as esferas da vida social e fortalece nas relações sociais, o individualismo, a fragmentação, a intolerância, o machismo, o racismo, a homofobia e o ódio entre as classes sociais. Estas mudanças impactaram, também, e, diretamente a formação profissional em Serviço Social, exigindo da profissão, um rigoroso trato teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo diante da ofensiva conservadora em curso, do desmonte do ensino superior e uma maior ação das entidades profissionais na defesa da educação pública e de qualidade. A partir do entendimento do feminismo como um elemento estratégico para o fortalecimento da formação e do exercício profissional, de uma categoria composta majoritariamente por mulheres e que tem como demanda expressiva, as mulheres da classe trabalhadora, este trabalhou objetivou analisar os avanços, contradições e rebatimentos da discussão de gênero e feminismo na formação profissional em Serviço Social. O lócus da pesquisa foram quatro instituições de ensino superior do estado do Rio Grande do Norte, a saber: Universidade Federal Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Universidade Potiguar (UNP) e Centro Universitário do Rio Grande do Norte (UNI-RN). Realizamos entrevistas semiestruturadas com oito discente e oito docentes das instituições de ensino superior, totalizando dezesseis pessoas entrevistadas. A investigação é embasada pelo método crítico dialético com base no enfoque misto, além de análise bibliográfica e documental com base nos projetos pedagógicos e nas grades curriculares dos cursos. Na análise dos dados, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo. Como resultado da pesquisa, consideramos que a discussão de gênero e feminismo é imprescindível para o Serviço Social e contribui de forma significativa para a qualidade da formação profissional. A articulação política com o movimento feminista e com os movimentos sociais, favorecem e qualificam esta discussão. Contudo, o aligeiramento e o desmantelamento do ensino superior podem interferir de forma direta no processo formativo, principalmente nas instituições privadas, prejudicando a contribuição do gênero e do feminismo no processo formativo. Por fim, considera-se que a luta por uma educação de qualidade, laica, socialmente referenciada, e feminista é um desafio para o Serviço Social em tempos de avanço do pensamento conservador.