“EU NÃO CONSIGO DORMIR ANTES DA MEIA NOITE...NUNCA”: Precarização do Trabalho Docente e Adoecimento no Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Trabalho Docente, Ensino Superior, Precarização, Adoecimento.
A política de educação superior no Brasil vem sofrendo profundas transformações vinculadas à adoção do projeto neoliberal neste país. Desse modo, a partir de nossa experiência na docência no ensino superior, enquanto professora substituta no Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, objetivamos analisar a precarização do trabalho docente e o processo de adoecimento dos professores no referido departamento. É fato que, atualmente, as demandas dessa categoria estão envolvidas em um contexto de produtivismo acadêmico, resultante da subordinação da ciência à perspectiva metodológica, fator que acelera a produção do conhecimento. Nesse sentido, nosso ponto de partida foi o entendimento de que as universidades brasileiras hoje estão caracterizadas pela aplicação de métodos empresariais, elemento que implica no controle do trabalho através das constantes avaliações dos docentes, sempre relacionadas a critérios quantitativos e acúmulo de trabalho, vinculados a obrigações de cunho burocrático (tais como produção de diversos tipos de relatórios e projetos) e número crescente de alunos e obrigações diversas. Todos estes elementos têm produzido forte impacto na saúde física e mental dos docentes, de modo que a maioria dos professores universitários trabalha sob desgaste biopsíquico/emocional e físico. Assim, através de pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e entrevistas semi-estruturadas com 9 docentes, analisamos o processo de precarização do trabalho dos professores do Desso da UFRN e a sua relação com o adoecimento dos professores na atual conjuntura, produto do Modo de Produção Capitalista (MPC). Nossa análise mostrou que as condições de trabalho, a intensificação da precarização e adoecimento no nosso lócus de pesquisa estão intrinsecamente vinculados ao atual cenário de expansão quantitativa das universidades brasileiras, que impõe ao professor um cotidiano de trabalho cruel, que toma conta até mesmo de suas horas de descanso. É o trabalho invadindo o espaço privado e pessoal, impedindo o professor de vivenciar outras dimensões da vida, pensar e refazer energias para enfrentar tal cotidiano.