Narrativas orais infantis: o processo de historicizarse na Educação Infantil em encontros síncronos
Narrativas orais; Crianças; Educação Infantil; Encontros síncronos; Historicização.
Nesta dissertação compreende-se que as narrativas orais factuais são mecanismos de representação de si que expressam a construção de processos de historicização da criança ao mesmo tempo em que contribuem com a sua constituição. Partindo dessa premissa teve-se como objetivo analisar as narrativas orais factuais elaboradas por crianças pequenas a partir de vivências em encontros síncronos. A fundamentação teórica caracteriza-se por um conjunto de autores que se alinham a corrente histórico cultural, como Vygotsky, (1991; 1998; 2008; 2010) Lúria (1991; 2010), Perroni (1986), Bakhtin (1997; 2006), mas também faz-se uso de autores que se filiam a outras vertentes teóricas como Bruner (1986; 1991; 1997) e Ricoeur (1994) e epistemológicas como Larrosa (1994; 2002) e Dahlberg, Moss e Pence (2019) e Momo (2007). Busca-se nesse mosaico teórico construir uma argumentação conceitual para basear as interpretações realizadas neste estudo. Os dados empíricos foram construídos a partir de uma abordagem qualitativa de pesquisa com crianças. O campo da pesquisa circunscreve os encontros síncronos de um grupo de crianças da Pré-escola de um Centro Municipal de Educação Infantil do município de Natal/RN, realizados via plataforma virtual no período de março a maio do ano de 2021. Os participantes foram doze crianças e a professorapesquisadora. Usou-se como procedimento metodológico a observação e a participação na condição de professora-pesquisadora nos encontros síncronos com uso de instrumentos de gravação em áudio e anotações em diário de campo. As análises evidenciam que no ambiente educativo virtual as crianças fazem uso das linguagens imagéticas e audiovisuais associadas à linguagem oral na produção das narrativas orais factuais, o que se configura como outros modos de viver e narrar a experiência, marcada por uma certa imbricação entre distintas linguagens. Os conteúdos das narrativas, assim como o próprio ambiente virtual, revelam a profusão da cultura digital, em suas múltiplas facetas, no cotidiano das crianças e atestam como essa cultura configura suas infâncias e os seus processos de historicização. Por último, verifica-se que as interações que se efetivam nas relações das múltiplas vozes durante a construção das narrativas compõem espaços dialógicos de produção do eu e de historicização das crianças, sujeitos deste estudo.