Permanência na universidade a partir da visão de estudantes cotistas com deficiência.
Pessoa com deficiência, Educação Superior, Ação Afirmativa, Cotas.
A mais recente das ações para a inclusão de pessoas com deficiência na educação superior é a Lei 13.409/2016, que estabeleceu que as instituições federais vinculadas ao Ministério da Educação passariam a reservar em cada concurso, vagas para a pessoa com deficiência. Este estudo surgiu da necessidade de investigar a permanência e o perfil dos primeiros discentes alvos de tal lei no âmbito da UFRN, ingressantes via processo seletivo Sisu/2018. Elencamos como objetivo geral: avaliar a permanência na universidade a partir da percepção do estudante com deficiência cotista após o primeiro semestre letivo e como objetivos específicos: caracterizar o perfil educacional e socioeconômico dos estudantes cotistas com deficiência ingressante na UFRN; Identificar as demandas educacionais específicas em decorrência da condição da deficiência; Conhecer as expectativas dos estudantes cotistas com deficiência em relação a UFRN; Levantar aspectos facilitadores e limitadores para permanência durante os primeiros seis meses na UFRN; Identificar indicadores que subsidiem o planejamento e a implementação de ações institucionais que visem a participação e aprendizagem do estudante com deficiência. Para o alcance de tais objetivos, lançamos mão de arcabouço teórico metodológico que fundamenta as pesquisas exploratórias e descritivas (GIL, 1999, TRIVIÑO,1987). A metodologia utilizada conjugou elementos qualitativos e quantitativos, uma vez que isso amplia a obtenção de resultados (DALFARRA e LOPES, 2013) assumindo assim um caráter misto (CRESWELL, 2007). Para a coleta de dados utilizamos análise documental (GIL,1999), questionário on line, e entrevista semiestruturada (MINAYO, 2010). Quanto a análise, lançamos mão da técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 2011) e de estatística descritiva. Os resultados apontam para a existência de uma efetiva política de inclusão na UFRN e para o fato de que estudantes cotistas com deficiência estão chegando aos cursos considerados altamente seletivos, ou ―estatisticamente improváveis‖. Adiciona-se a isso, as boas expectativas trazidas pelos discentes tanto em relação ao curso quanto à universidade. Percebemos então, como fatores colaboradores e facilitadores para a permanência o posicionamento institucional frente às ações para inclusão; a compreensão e colaboração de amigos, professores e servidores; a menção de importância dada aos auxílios e recursos pedagógicos e financeiros, como forma de dignificar a permanência. Como aspectos limitadores para a permanência, destacou-se o desconhecimento por parte do discente de todos os auxílios/ recursos e normativas disponibilizados pela instituição; falhas no fluxo de troca de informações entre instituição (servidores docentes e técnicos) e discente sobre suas especificidades; o desconhecimento de docentes sobre como atuar frente a pessoa com deficiência.
Concluímos então, que apesar de ainda longe do ideal, as cotas tem alcançado uma parcela significativa das pessoas com deficiência e elas desafiaram/desafiarão as reais possibilidades de permanência nas instituições de educação superior. Esperamos que esse trabalho venha contribuir com a ampliação holística do olhar ao que não é homogêneo, mas diverso por natureza: os seres humanos, que independente da condição são únicos e diversos ao mesmo tempo.