O PERFIL DO ESTUDANTE EAD/UFRN E SUA REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
Educação a Distância. Representações Sociais. Núcleo Central. Estudante de EAD.
A consolidação da EAD no cenário educacional do nosso país reconfigurou, ao longo das últimas décadas, o contexto do Ensino Superior, através, especialmente da expansão, e da consequente, inclusão social de tantos que não tinham acesso a essa etapa formativa. O surgimento de cursos à distância no Brasil e no mundo repercutiu também na oferta de graduação da UFRN. Nesta investigação construímos o perfil sóciográfico do estudante de graduação, na modalidade EAD, bem como acessamos a sua Representação Social sobre a Educação a Distância, através da abordagem estrutural das representações (ABRIC,2000). Apoiamo-nos em Moscovici (1978, 2007) e Almeida (2011), a fim de dialogar com o conteúdo representacional identificado; com Bourdieu (2007; 2009; 2011) para construir o desenho sociográfico dos estudantes, e em Peters, (2006; 2012), Castels (1999) e Levy (1999), no que toca às análises sobre a EAD. A coleta dos dados amparou-se principalmente na utilização de um questionário destinado à caracterização da população e na técnica da associação livre de palavras, esta visando à determinação do núcleo central e dos elementos periféricos da representação pesquisada. A análise dos dados da evocação foi realizada pelo software EVOC 2000. Quanto ao questionário, este foi analisado com a ajuda do software Statistica, em seguida os resultados foram organizados em relatório no word Interrogamos um total de 277 estudantes, tanto de cursos de licenciatura, bacharelado, e tecnólogo. Os resultados indicam que os sujeitos compartilham predominantemente uma única representação social do objeto EAD, cuja centralidade da organização estrutural do seu conteúdo discursivo é dada pelas cognições “flexibilidade” e “oportunidade”. Estas significam a modalidade da educação a distância enquanto uma formação com flexibilidade para o aluno, porta de entrada para o futuro profissional, fonte de conhecimento, ingresso numa graduação, possibilidade de ajudar à família, complemento à formação profissional, aumentar as oportunidades no mercado de trabalho. A EAD é vista também, por parte dos sujeitos investigados, como a única forma de ter acesso à uma universidade pública, diante da dificuldade de conciliar o trabalho com estudo, tendo assim forte conexão entre o objeto e o fator tempo flexível. Tais considerações servem para ilustrar a força do discurso oficial, dos meios de comunicação de massa e da literatura acadêmica (incluindo o conteúdo didático da graduação) na construção dos sentidos do grupo sobre educação a distância, onde flexibilidade e oportunidade aparecem como evocações centrais para todos os sujeitos investigados ou, na linguagem bourdieusiana, uma imposição de legitimidade plenamente aceita.