Cinema e Formação: problematizando o estigma na inclusão
Cinema, Formação Docente, Deficiência, Estigma.
O presente estudo tem como objeto de estudo a mediação fílmica em processos formativos de professores, considerando a problematização do olhar estigmatizador em relação à pessoa com deficiência. Apresentamos como objetivo geral desenvolver um processo de mediação filmica com vistas à problematização do olhar dos professores em relação à pessoa com deficiência, por meio da participação em uma oficina de um grupo de professoras advindas de um curso de formação continuada na área de Atendimento Educacional Especializado, o qual foi objeto de observação, com vistas ao delineamento do contexto empírico desta pesquisa. A abordagem metodológica tem natureza qualitativa e configura-se como uma pesquisa intervenção, embasada nos princípios bakhtinianos de alteridade e dialogismo. O lócus da pesquisa foi o município de Macaíba, localizado na região da grande Natal/RN e o grupo escolhido para a intervenção era composto por nove professoras do referido município. Os procedimentos de pesquisa foram a observação, entrevistas coletivas semiestruturadas, o diário de campo e o registro fotográfico/videográfico. O itinerário da pesquisa teve na realização de uma oficina com nove encontros um processo interventivo, no qual os dados construídos decorreram das responsividades das professoras, provocadas pelas atividades propostas, as quais foram orientadas pela emergência de uma cadeia enunciativa intersemiótica, na qual a carta, o desenho e o teatro foram mobilizados como signos mediadores da leitura fílmica, na perspectiva da revelação e problematização de estigmas atribuídos à pessoa com deficiência por parte das professoras. A ressignificação do olhar em relação à pessoa com deficiência apresentou-se como um processo complexo e contraditório, no qual verificamos que a leitura filmica, mesmo em contexto formativo, não assegura, necessariamente, a mudança de posicionamento destes sujeitos, compreendendo um percurso não linear e inacabado que pressupõe, inclusive, o imbricamento dos sentidos atribuídos e da atuação social em diversos contextos. Assim, a apreciação filmica, como provocação estética de um olhar que se volta para si mesmo, pode possibilitar a construção de relações dialógicas problematizadoras que põe em evidência valores que se tensionam na relação com o outro e consigo mesmo.