UM TEMPO PARA PANDORA BRINCAR: etnografia acerca do tempo de lazer das operárias
Tempo de lazer; operária; trabalho.
Neste trabalho, buscou-se compreender o tempo feminino a partir das experiências das mulheres operárias sobralenses que constroem os tempos livres e os tempos de lazer na subjetividade de suas trajetórias, traçadas por um cotidiano repleto de muito trabalho e pouco lazer. O cotidiano das operárias se revela na construção de seus tempos de lazer articulado aos seus tempos de labuta, tanto nos espaços públicos quanto nos espaços privados. A responsabilidade de trabalhar fora de casa, de realizar o trabalho doméstico e dedicar-se ao marido e aos filhos foi acoplada às mulheres de forma manipulatória. Este fato privou as mulheres de praticarem e usufruírem das atividades de lazer. Com o advento da chamada tripla jornada, as mulheres foram pressionadas a elaborar, organizar, criar e viabilizar o mundo do lazer. A partir de um estudo etnográfico, constituiu-se a interpretação das trajetórias de vida de vinte mulheres operárias de uma fábrica de calçados de Sobral-CE. A tese constituiu-se da análise acerca da construção dos tempos sociais de práticas de lazer, no contexto de muito trabalho e dificuldades sociais. A pesquisa teve como objetivo compreender como as mulheres operárias sobralenses constroem suas práticas e representações acerca de tempo livre e de lazer na teia das sociabilidades (possibilidades, necessidades, dilemas e sonhos). A vida cotidiana é aqui definida, como uma dimensão ontológica da vida humana. Pois, esta não se resume aos rituais, às festas ou às condições excepcionais, sobre os quais os pesquisadores normalmente se debruçam.