Percepções do ser jovem no titanzinho: Uma análise da autoimagem juvenil em Fortaleza/CE
Violência; Jovens; Surfistas; Titanzinho; Internet.
O aumento das notícias midiáticas que abordam a violência urbana e a abundância de imagens sobre fatos violentos circulando nas mídias sociais tem permitido perceber a constância com que os jovens são protagonistas em casos de criminalidade ou são alvos das divulgações midiáticas com essa temática. Esses fatos constituem importante objeto de análise sociológico-antropológica para a compreensão da sociedade contemporânea da comunicação e do entretenimento de massas, pois suas transformações beneficiaram o aumento do consumo de bens simbólicos. A presente pesquisa tem por objetivo contribuir para refletir sobre de que forma a interação com as mídias pode favorecer a conformação social e/ou conflitos que se manifestam nas construções da autoimagem juvenil, suas atitudes e versões dos fatos da vida cotidiana, tendo como campo seis jovens surfistas nascidos e criados em uma comunidade marcada pelo estereótipo de “lugar de bandido”: o Titanzinho, em Fortaleza (CE). A metodologia da investigação é constituída por uma abordagem qualitativa, com uso dos seguintes instrumentos: pesquisa de campo, aplicação de seis questionários semiestruturados, duas entrevistas provenientes dos questionários, conversas informais com moradores e observação direta. Utilizamos como base informacional materiais midiáticos online divulgados em dois jornais diários da cidade, quais sejam, Tribuna do Ceará e Diário do Nordeste, além da Revista TPM e dois sites relacionados ao esporte: globoesporte.com e Ceará Surf: Foram consultados um total de dezenove sites que, direta ou indiretamente, publicaram notícias referentes ao surfe, à violência, às drogas e às lutas do cotidiano no bairro Serviluz, onde se localiza a comunidade do Titanzinho. São analisadas as experiências de enfrentamento da condição de vulnerabilidade social expostas na mídia através do uso de imagens - incluído nelas o estigma de ser integrante de um grupo residente em lugar periférico -, no sentido de compreender de que forma tais experiências estão sendo formuladas pelos interlocutores da pesquisa. Com isso, tentamos identificar que novos significados estão sendo produzidos por eles sobre si mesmos e sobre o lugar em que vivem e de que forma os expressam, associando essas expressões com aquilo que eles desejam ver retratado e disseminado na mídia.