POLÍTICA E GLÓRIA EM MACHADO DE ASSIS: BRASIL, CAIPORAS, MEDALHÕES
Medalhões; Caiporas; Glorificação; Oikonomia; Exercícios; Machado de Assis.
A tese apresentada é uma tentativa de continuação dos estudos iniciados desde a década de 1970, por autores como Schwartz, Faoro e Gledson, que focam nas contribuições da obra de Machado de Assis para o entendimento da vida social e política no Brasil. Nosso argumento gira ao redor da obra do contista Machado de Assis e é inspirado pelos métodos bachelardiano de devanear sobre devaneios e moriniano de pensar complexamente. Foram realizadas séries de leituras orientadas de duzentos e nove de Machado de Assis em busca de coletar, compreender e conectar: uma miríade de constelações de imagens que são depositórios e porções de imaginário sobre exercícios que revelam os modos como as tensões entre o que chamamos de medalhonização e o caiporismo se realizam e são narradas na cultura política dos brasileiros. Nos acompanham na jornada Giorgio Agamben e suas ideias sobre a oikonomia da glorificação, e Peter Sloterdijk e suas concepções sobre a cultura como exercícios, nomotopo e antropotécnica, além de outros autores auxiliares. Os contos trazem, inscritos em si uma teoria fragmentada, desenvolvida ao longo da carreira do contista, que revela em narrativas curtas; o imaginário dos rituais de aclamação (de triunfo e escárnio) e glorificação dos modos de ser Medalhão e Caipora nas mais diversas nuances. Partindo do conto Teoria do Medalhão foi compreendido, que as temáticas nele tratadas, se espalhavam por muitos contos (aqui vamos trabalhar diretamente com cinquenta e oito deles), o que abriu a possibilidade de interpretar a obra com obra e tecer uma pesquisa complexa (Morin) que devaneou que: ao devanear sobre a glorificação e obscuridade Machado de Assis criava duas originais poéticas uma poética da medalhonização e uma poética do caiporismo, compondo artefatos culturais repletos de indispensáveis de saberes sobre cultura política entre brasileiros.