MÉTODO PARA AVALIAÇÃO DO PATRIMÔNIO GEOMORFOLÓGICO DE GEOFORMAS EM ROCHAS
Geodiversidade; pareidolia; estética; cultura.
As reflexões sobre a Geodiversidade introduziram à Geografia novas formas de compreender os componentes abióticos, destacando suas fragilidades, riscos e relevância para a preservação da natureza. Entretanto, os elementos rochosos, como granitos e arenitos, permanecem pouco valorizados nas práticas conservacionistas, apesar de sua importância. Logo, essa pesquisa teve como objetivo propor uma metodologia de avaliação que considera a pareidolia e os valores científico, estético e cultural como centrais, tendo como lócus duas áreas serranas do Rio Grande do Norte, nomeadamente o Complexo Serrano Martins-Portalegre e as Serras do Agreste. A escolha pelo recorte empírico mencionado se deu em virtude da significativa ocorrência e representatividade dos plutons da Suíte Intrusiva Itaporanga (Plútons Serrinha dos Pintos e Portalegre e Plúton Monte das Gameleiras), bem como pela própria quantidade de geoformas associadas à essa unidade litodêmica. Para o embasamento teórico recorreu-se aos clássicos da temática como Gray (2004, 2013), Brilha (2005, 2016), Panizza (2001), Pereira (2006), Reynard (2006) e Pralong (2006), Coratza e Giusti (2007), Reynard e Coratza (2018), Claudino-Sales (2018), Mucivuna, Reynard e Garcia (2019), Pijet-Migoń; Migoń, (2022), Kubalíkova e Coratza (2023), Mikhailenko et al. (2024) e Migoń (2024). Além destes, também foram utilizados trabalhos de Piotr Migoń (2021, 2022), o qual suscitou a questão problema deste estudo. A metodologia adotada compreendeu o levantamento bibliográfico e produção do material cartográfico, elaboração da proposta metodológica, inventariação e aplicação em campo e, por fim, a análise e discussão dos dados sistematizados. Nesse sentido, um conjunto de critérios e indicadores foi estabelecido para cada tipo de valor, com ≥75% da pontuação máxima definida como limite para o reconhecimento de um geossítio e, aqueles que não alcançaram a pontuação em pelo menos um dos valores centrais, foram definidos como Sítios da Geodiversidade. Os resultados revelam a eficácia do método na classificação dos geossítios, ressaltando suas singularidades, pois dos 19 locais avaliados 15 foram classificados como Geossítios e 4 como Sítios da Geodiversidade. Ao integrar a pareidolia e atribuir igual ênfase aos valores científicos, estéticos e culturais, essa abordagem enfrenta as limitações previamente identificadas na avaliação de geossítios de geoformas rochosas. Além disso, destaca a importância da história e identidade cultural nas narrativas locais, contribuindo para a compreensão do Patrimônio Geomorfológico, Geoconservação e promoção geoturística. Os resultados também indicam que os geossítios selecionados correspondem a formas de relevo rochosas que são muito populares na região. Alguns povoados locais e áreas protegidas recebem nomes a partir dessas formas de relevo, refletindo um senso de identidade entre a população local. Ressalta-se, por fim, a inovação desta pesquisa ao propor critérios específicos para a avaliação do valor cultural, apresentando avanços significativos na identificação desses elementos nas localidades estudadas e evidenciando sua versatilidade para aplicação e integração a outras propostas de avaliação de geossítios. Portanto, esta pesquisa avança na compreensão e na avaliação dos geossítios da Suíte Intrusiva Itaporanga, bem como oferece instrumentos práticos e replicáveis para outras áreas de estudos e outras metodologias, destacando o papel do Patrimônio Geomorfológico no contexto do Geopatrimônio e sua importância científica e cultural para as comunidades.