A dinâmica territorial da Assembléia de Deus no Seridó do Rio Grande do Norte
Território. Assembléia de Deus. Seridó.
No Seridó norte-rio-grandense é possível identificar junto às modalidades de poder como a política e a econômica, grupos religiosos mantendo sob seu controle áreas, pessoas e fluxos, como também fixando novos pontos de atuação. Esse domínio alude a um campo de poder espacialmente delimitado, ou seja, a um território demarcado e projetado para fins de reprodução no espaço. Entre o pluralismo religioso, a Igreja Assembléia de Deus, em sua dinâmica territorial, se destaca no cenário religioso por suas estratégias de delimitação e crescimento espacial, que num ininterrupto processo de circunscrição (1943-2010) conseguiu ampliar a escala material e simbólica de seu poder a todas as cidades seridoenses. A Assembléia de Deus enquanto maior denominação pentecostal do Brasil foi estruturada no Seridó/RN, seguindo um modelo de governo eclesiástico dividido em Campos Eclesiásticos sediados nas cidades de Caicó, Currais Novos e Parelhas. Esses centros de comando interligam um número circunscrito de igrejas através de códigos normativos, que expressam uma dimensão funcional (burocrática) e noutra simbólica (carismática) num só campo de domínio territorial. Deste modo, a manutenção do poder territorial na Assembléia de Deus é feita através de uma gestão carismático-burocrático, expressa na interdependência de mecanismos materiais e imateriais. O contato duradouro dos fiéis com esses mecanismos de controle institucional revelou identidades territoriais, que reacendem o sentimento de pertença do fiel tanto ao sistema de crença pentecostal quanto à comunidade assembleiana. Considerando as novas possibilidades de articulação do território seridoense com outros territórios culturalmente mais múltiplos, observaram-se adaptações e revalorizações culturais. Quanto ao território da assembleiano esse se apresentou defensivo diante dessa tendência de hibridação cultural, resistindo um dialogo mais estreito com os novos elementos simbólicos, principalmente aqueles vindos do “multifacetado” movimento neopentecostal. Ao contrário de igrejas mais abertas e flexíveis à outros sistemas de significação, a Assembléia tenta reforçar os limites do seu território prezando pela ortodoxia de seus usos e costumes.