Estudo dos efeitos das condições ambientais tropicais ao longo do tempo de exposição sobre o DNA de dentes humanos para genotipagem forense.
condições ambientais tropicais, putrefação, dentes, degradação do DNA, genotipagem forense.
As condições ambientais interferem nos processos de decomposição de corpos e remanescentes humanos. Variáveis associadas ao clima e ao solo como alta temperatura, umidade elevada, incidência da radiação solar, composição do solo e o pH do solo podem degradar o DNA de amostras biológicas coletadas de cenas de crimes e de corpos não identificados. Os dentes representam uma importante fonte de DNA, pois são os tecidos mais rígidos do corpo humano e mais resistente à putrefação. Os dentes são coletados quando o corpo encontra-se esqueletizados ou quando os outros tecidos estão em pequenas quantidades e putrefeitos. A genotipagem forense com STRs (Short Tandem Repeat) é um método padrão que apresenta alto poder de discriminação entre indivíduos e a amplificação de amostras degradadas. A presente pesquisa objetivou avaliar a quantidade e qualidade do DNA de amostras dentárias expostas às condições ambientais de clima e de solo tropicais por T0, T1 (4 meses), T2 (9 meses) e T3 (24 meses). A amostra foi constituída por 65 dentes molares hígidos de indivíduos com média de idade de 24 anos (dp ± 3). Os dentes foram limpos física-quimicamente e pulverizados criogenicamente. O DNA dentário foi extraído através do protocolo de extração AFDIL, quantificados em PCR em tempo real através do kit Quntifiler® Human DNA Quantification e os STRs autossômicos (FGA, D16S539, D7S820, D13S317, D3S1358, Penta E, D18S51, D12S391, TH01, D19S433, CSF1PO, TPOX, vWA, D5S818, D2S1338, SE33 e a amelogenina) amplificados em reações de PCR multiplex. As análises de variância (ANOVA) e o pós-teste de Tukey mostraram haver diferenças significativas (p ≤ 0,05) nas médias de quantidades de DNA entre o grupo controle e grupo experimental no tempos de exposição T1, T2 e T3 e no grupo superfície entre T1 e T3. A quantificação foi possível em 92% (n = 60) das amostras. A diferença na médias de amplificação dos loci de STRs foi significativa (p<0,05) nos grupos superfície, argila e areia ao longo dos tempos T1, T2 e T3. Em 5 amostras do tempo T3 não houve amplificação. Os três maiores marcadores CSF1PO, FGA e Penta E amplificaram em 60% das amostras da superfície, 94% da argila e 87% da areia no tempo T1. Os três menores marcadores D5S818, D19S433 e D3S1358 amplificaram em 94% das amostras da superfície, 94% da argila e 100% da areia no tempo T1. A amelogenina amplificou em 86% das 65 amostras e 47% no grupo experimental no tempo T3. Houve variação significativa (p<0,05) para as médias das áreas da amelogenina entre o grupo controle e o grupo experimental em T1 e T3. Para a área do marcador CSF1PO houve variação significativa (p<0,05) entre o grupo controle e o grupo experimental no tempo T1. Face ao exposto, conclui-se que a submissão dos dentes às condições de clima e de solo foi determinante para a redução significativa da quantidade média de DNA no primeiro tempo de exposição T1 (4 meses) e os STRs podem ser indicados eficientemente para genotipagem com até 4 meses de exposição às condições de clima e de solo tropicais.