Características clínicas associadas ao agravamento da COVID-19 e na predisposição ao desenvolvimento da condição pós-COVID.
COVID Longa, Saúde Pública, Terapia Farmacológica da COVID-19.
O Brasil registrou aproximadamente 37 milhões de casos de COVID-19 até janeiro de 2023. A infecção pelo SARS-CoV-2 continua a desafiar pesquisadores e profissionais de saúde devido aos sintomas persistentes após a fase aguda da doença, conhecida como Condição Pós-Covid (PCC). Estudos longitudinais são cruciais para entender os impactos de longo prazo da COVID- 19. O presente estudo descreve o perfil clínico de uma coorte de 704 pacientes infectados com SARS-CoV-2 durante 2020 e analisa as consequências na saúde e qualidade de vida dois anos após a infecção. A primeira etapa do estudo caracterizou a fase aguda da COVID-19 em pacientes infectados durante os meses de março a julho de 2020. Casos críticos representaram 29% do grupo estudado, com o sexo masculino e a presença de diabetes sendo as variáveis com maior risco para a gravidade da doença (RR= 1,76; 95%Cl: 1,43 – 2,17 e RR = 1,60; 95%Cl: 1,28 – 2,00). O uso de medicamentos do “Kit COVID”, antimaláricos, azitromicina e ivermectina, foi significativamente maior nos grupos de gravidade severa e crítica (p = 0.010, p <0.001, p = 0.010, respectivamente), porém não se observou impacto na sobrevivência dos pacientes. No total, 105 pacientes faleceram decorrente da COVID-19 e suas complicações. A segunda etapa do estudo ocorreu entre os meses de maio a junho de 2022, envolvendo com 137 indivíduos com o objetivo de investigar a CPC. Sintomas persistentes foram relatados por 56.9% dos pacientes. Mulheres e pessoas hospitalizadas durante a infecção aguda apresentaram maior risco de apresentarem sintomas após a COVID-19 (RR=2,07; 95% Cl: 1,47 – 2,94 e RR=1,53; 95%Cl: 1,07 – 2,18). Distúrbios respiratórios, efeitos neurológicos e dores no corpo foram as manifestações mais frequentemente relatadas. Pelo menos 20% dos indivíduos referiram algum grau de dificuldade na realização das atividades diárias. Por fim, países que enfrentaram altas taxas de infecção por SARS-CoV-2 devem estar preparados para lidar com as consequências de longo prazo da COVID-19. Neste contexto, nosso estudo é fundamental para fornecer um panorama da situação brasileira e orientar a realização de estudos adicionais, bem como a formulação de políticas públicas direcionadas para o enfrentamento da CPC.