Avaliação do efeito da losartana e do probiótico Lactobacillus mucosae CNPC007 no modelo experimental de mucosite intestinal induzido por 5-fluorouracil em camundongos.
Inflamação, Mucosite, Losartana, Probiótico.
A mucosite intestinal (MI) é um efeito colateral associado ao tratamento do câncer decorrente da quimioterapia. A citotoxidade da MI decorrente do uso de 5-fluouroracil (5-FU) promove danos na estrutura epitelial da mucosa e sintomas gastrointestinais associados que induzem a interrupção do tratamento pelo paciente. Na atualidade, não existe um protocolo terapêutico eficiente que melhore os sintomas da mucosite intestinal, neste sentido, em busca de propor alternativas que visem a atenuação dos sintomas apresentados por pacientes acometidos pela MI, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da losartana (LOS) e o efeito protetor do probiótico (Pb) Lactobacillus mucosae CNPC 007 na mucosite intestinal induzida por 5-FU, em camundongos swiss. O 5-FU (450 mg/Kg, i.p.) foi utilizado para induzir a mucosite intestinal no 1° dia. Os grupos experimentais incluíram: Grupo Salina, Grupo 5-FU, Grupo LOS (5, 25 ou 50 mg/Kg) e Grupo Probiótico. A losartana foi administrada 30 min antes do 5-FU e o probiótico foi administrado nos 14 dias que antecederam à indução da MI. Estes foram eutanasiados com tiopental (90 mg/Kg, i.p.), no 4° dia após a indução e amostras de sangue e segmentos intestinais foram coletados para análises posteriores. As amostras de sangue foram utilizadas para contagem de leucócitos e segmentos jejunais foram separados para ensaios de imunoabsorção enzimática para dosagem de citocinas (TNF-α e IL-1β), estresse oxidativo (MDA e GSH) e reações em cadeia da polimerase quantitativa em tempo real (qPCR) para os genes TWEAK, Fn14 e NF-κB p65. Os animais com MI sem tratamento apresentaram maior dano intestinal na porção do jejuno, observado por vilosidades encurtadas, perda da arquitetura da cripta e intenso infiltrado de células inflamatórias, avaliadas por análises histopatológica com escores 3 (variação 2-3) e morfometria (p < 0,001 vs grupo Salina). LOS 50 mg/Kg apresentou os melhores resultados para as análises iniciais, sendo esta a dose adotada para avaliação do estudo. Foi observado leucopenia e maior perda de peso nos animais com MI (Grupo 5-FU), comparado ao Grupo Salina. O tratamento dos grupos LOS 50 e Probiótico melhoraram significativamente o aspecto das vilosidades e criptas (p < 0,01), revertendo as alterações histopatológicas (escores 1, variação 1-2) e morfometria, a leucopenia e a perda ponderal (p < 0,05 vs grupo 5-FU), induzidas pelo 5-FU. Houve redução dos níveis das citocinas fator de necrose tumoral (TNF)-α e interleucina (IL)-1β para os grupos LOS 50 e Probiótico. LOS 50 reduziu os marcadores de estresse oxidativo e a expressão dos genes NF-κB p65, TWEAK e Fn14 em relação ao grupo 5-FU (p <0,001), mostrando um efeito benéfico na MI induzida, em camundongos. Em conclusão, LOS 50 mg/Kg e o probiótico L. mucosae CNPC 007 se mostraram promissores na atenuação dos sintomas da MI, considerando que ambos os tratamentos melhoraram a lesão da MI induzida pelo 5-FU, reduzindo a expressão dos mediadores pró-inflamatórios em segmentos jejunais avaliados.