“FAZENDO A LUTA”: TRAJETÓRIAS, RESISTÊNCIAS E LUTAS DE MULHERES LIDERANÇAS QUILOMBOLAS NO RIO GRANDE DO NORTE.
MULHERES QUILOMBOLAS. TERRITÓRIO. IDENTIDADE. RESISTÊNCIAS. LUTAS.
A visibilidade dada aos estudos sobre às comunidades quilombolas é uma construção recente, resultante dos processos de reconstrução identitária dos grupos, da luta por direitos e do reconhecimento dessas populações pelo Estado Brasileiro via Constituição de 1988. No Rio Grande do Norte, o processo de emergência étnica tem início nos anos 2000 com o trabalho em conjunto do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte na elaboração de Laudos Antropológicos, permitindo o afloramento de inúmeros agrupamentos quilombolas lutando pela titulação e reconhecimento dos territórios por esses grupos ocupados. O momento se caracteriza-se pelo florescimento de um questionamento sobre a ausência de registros das populações quilombolas no Rio Grande do Norte, pois historiadores como Luís da Câmara Cascudo, afirmavam que o negro não teve grande influência na cultura e na formação do estado, influenciando negativamente a produção de estudos sobre a presença negra no RN. Levando em consideração a produção na Antropológica, percebendo uma carência de discussões teóricas no trato das questões quilombolas, alguns pesquisadores formados no PGGAS passaram a tratar sobre o tema, principalmente, dialogando sobre aspectos gerais relacionados a temática, pouco se discutindo o papel da mulher nesses territórios marcados por lutas e resistências. Percebendo que existe uma lacuna nos estudos da área de Antropologia sobre o papel das mulheres quilombolas dentro dos seus territórios, esta Tese tem o objetivo de dialogar com mulheres que atuam como lideranças quilombolas no Rio Grande do Norte e a partir de suas trajetórias enquanto representantes locais, procurar entender o papel central dessas lideranças na luta pelos territórios aos quais pertencem. Assim, procuro dialogar com cinco mulheres quilombolas de Comunidades diferentes do Estado do Rio Grande do Norte (Capoeiras, Grossos, Gameleiras de Baixo, Boa Vista dos Negros e Moita Verde) e apoiar-me metodologicamente em pesquisa bibliográfica, entrevistas e o uso das trajetórias de vida dessas interlocutoras, buscando entender a vida cotidiana das mulheres pesquisadas.