MOCHILÃO ETNOGRÁFICO”: SEGUINDO A ROTA DAS MULHERES VIAJANTES PELA AMÉRICA DO SUL
Agência; Viagem de mochila; Mulheres; Viajar sozinha; América do Sul.
As viagens de mochila têm se constituído como um fenômeno mundial, que se estabeleceu no pós-guerra, agregando outros significados no decorrer das últimas décadas. Na atualidade, têm se tornado cada vez mais comuns em diversos segmentos sociais por meio dos mochilões, mas também por outras formas de viagem de mochila emergentes ao redor do mundo. As mulheres têm se inserido nesse fenômeno de forma crescente, recolocando e produzindo outros significados em uma prática construída de forma masculinizada. Estabelecendo um diálogo feminista e decolonial entre a antropologia e as viagens, o objetivo deste trabalho é explorar as experiências das mulheres que viajam de mochila pelas rotas da América do Sul. Realizei uma pesquisa de campo etnográfica multissituada no ano de 2019, que chamei de “mochilão etnográfico”, com um itinerário construído entre Bolívia, Peru, Chile, Argentina e Brasil. Teve a duração de três meses e na maior parte dos trajetos estava sozinha. Embarquei na ideia de “seguir” as mulheres viajantes, assim, tive cinco encontros etnográficos que ocorreram no decorrer do trajeto. Os movimentos entre as fronteiras, os itinerários das viajantes e as conexões que foram se formando, possibilitaram perceber os fluxos e os deslocamentos culturais proporcionados pelas experiências das viagens de mochila. Assim, abro a mochila com as histórias de agenciamentos que culminaram na adoção de um estilo de vida baseado na viagem sozinha, nas formas de trabalho, nas estratégias de deslocamento, nas diferentes maneiras de ocupar os espaços e em outros significados que a vida de mochila pode produzir para as mulheres