“QUE TREMA A TERRA, ESTÁ AQUI O FEMINISMO DO CARIRI”: novas interseccionalidades e formas de fazer política no interior do Ceará
Frente de Mulheres do Cariri”; “campo feminista”; “interseccionalidades”; “agência” e “práticas políticas”.
Busco, nesta dissertação, pensar as especificidades das práticas políticas de um autodesignado movimento social feminista que atua na região do Cariri Cearense: “a Frente de Mulheres dos Movimentos do Cariri”. Identifico sua inserção em/entre campos discursivos de ação feministas e de outras movimentações que se ligam a disputas políticas que configuram o campo feminista brasileiro. Nesse sentido, destaco nas narrativas das interlocutoras a importância das lutas interpretativas, que envolveram sua diferenciação em relação à experiência local da Marcha das Vadias e o seu crescente vínculo com o campo do feminismo negro. A disputa em torno da gramática política, presente em nível nacional, é ressignificada localmente a partir de eixos de diferenciação como gênero, raça, geração, classe, religião e regionalidade. Em um segundo momento, operacionalizo alguns desses questionamentos na análise etnográfica dos eventos da agenda de março, em que ações políticas do “movimento” produzem eficácia simbólica em diálogo com o contexto cultural caririense, bem como demonstram a relevância das universidades locais como espaços de debate, articulação e resistência para o ativismo da Frente, possibilitando a construção de agência.