Saúde, ativismo e subjetivação entre homens transexuais e a construção de uma medicina especializada no Ceará
cuidado em saúde, transexualidade, subjetivação, Estado, ativismo.
Esta Qualificação apresenta o trabalho etnográfico realizado para escrita da tese de doutorado, procurando demonstrar os objetivos que animam a pesquisa e os instrumentos metodológicos utilizados para produção dos dados. A tese procura compreender etnograficamente processos de subjetivação vivenciados por homens transexuais no curso do cuidado em saúde em Fortaleza, no Ceará, observando como, junto a outros agentes sociais como médicos e funcionários estatais, conformam um mundo social próprio no qual o cuidado em saúde trans se torna um problema social legítimo sob o qual deve-se investir para garantia de direitos. Através da observação etnográfica, se acompanhou interlocutores em suas atuações profissionais e ativistas, conhecendo a formação de relações e as práticas envolvidas nas redes para a consolidação dos homens trans como sujeitos de direitos e de cuidados. A pesquisa foi realizada entre os anos de 2016 a 2018 por meio de observação participante do cotidiano de três sítios diferentes: a) serviços de saúde (ambulatório SERTRANS do Hospital de Saúde Mental Prof. Frota Pinto, unidades básicas de saúde, clínicas particulares e outros hospitais secundários da cidade), b) Centro de Referência LGBT Janaína Dutra, da Prefeitura de Fortaleza, e c) Abrigo Thadeu Nascimento e Associação Transmasculina do Ceará. Além disso, se seguiu à realização de entrevistas semiestruturadas e em profundidade com 20 homens trans, 17 médicos e médicas e 11 funcionários estatais que trabalham em políticas públicas. A produção dos dados contou, ainda, com a consulta a documentos provenientes dos acervos LGBT do Grupo de Resistência Asa Branca e da Prefeitura de Fortaleza.