IMUNOEXPESSÃO DE CLIC4, α-SMA, E-CADERINA E VIMENTINA EM LESÕES ODONTOGÊNICAS EPITELIAIS BENÍGNAS
Tumores Odontogênicos; Cistos odontogênicos; Transição epitélio-mesenquimal; E-caderina; Vimentina; Miofibroblastos
As lesões odontogênicas epiteliais benignas constituem um constituem um grupo heterogêneo de lesões podendo apresentar comportamento biológico indolente ou agressivo. A proteína CLIC4 está relacionada à regulação do ciclo celular, participando também do processo de transdiferenciação dos fibroblastos em miofibroblastos que passam a expressar α-SMA. Além disso, estudos revelaram que a expressão de CLIC4 pode interferir no processo de TEM em neoplasias. Levando em consideração a heterogeneidade do comportamento biológico das lesões odontogênicas epiteliais benignas e ausência de estudos que tenham avaliado a expressão da proteína CLIC4 e sua atuação na transdiferenciação de miofibroblastos e sua possível participação no processo de transição epitélio-mesênquima nestas lesões, este trabalho avaliou a imunoexpressão de CLIC4, α-SMA, E-caderina e Vimentina em ameloblastomas (AM) (n = 16), ceratocistos odontogênicos (n = 20) e tumores odontogênicos adenomatóides (TOA) (n = 8). A análise da expressão imunoistoquímica das proteínas CLIC4, E-caderina e vimentina no componente epitelial das lesões e de CLIC4 e α-SMA no tecido conjuntivo foi realizada de forma semi-quantitativa por um avaliador previamente calibrado. A expressão no componente epitelial de CLIC4 foi analisada separadamente no núcleo e no citoplasma, bem como a marcação de E-caderina que foi avaliada na membrana e no citoplasma. As comparações dos percentuais de imunorreatividade em relação aos grupos estudados foram realizadas por meio dos testes não paramétricos de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney. Possíveis correlações entre a expressão de CLIC4, α-SMA, E-caderina e Vimentina foram avaliadas por meio do teste de correlação de Spearman. O nível de significância foi estabelecido em 5% (p < 0,05). Foram observados diferentes padrões de marcação entre os grupos analisados, observando-se que a imunoexpressão exclusivamente citoplasmática da CLIC4 no componente epitelial dos AM e TOA foi significativamente superior à encontrada no epitélio dos CO (p < 0,001), não demonstrarando significância estatística entre os AM e TOA. A imunoexpressão (nuclear e citoplasmática) da CLIC4 no revestimento epitelial CO foi significativamente superior à encontrada no componente epitelial dos AM e dos TOA (p < 0,001). A imunoexpressão estromal de CLIC4 foi significativamente superior nos AM (p = 0,009) e CO (p = 0,004) quando comparados aos TOA. A imunoexpressao de α-SMA significativamente maior em AM (p = 0,016) e CO (p = 0,034) quando comparados aos TOA. Para a imunoexpressão membranar da E-caderina em CO foi significativamente superior em comparação à encontrada nos AM (p = 0,009) e nos TOA (p = 0,024). Foi observada maior imunoexpressão de E-caderina (membranar e citoplasmática) da nos COs, quando comparados aos AM e aos TOAs (p < 0,001). A expressão de E-caderina citoplasmática foi significativamente maior nos AM e TOA quando comparados aos CO. Adicionalmente, observou-se diferença estatisticamente significativa na imunoexpressão de vimentina entre os casos de AM e os casos de TOA e CO (p = 0,038; p < 0,001, respectivamente), bem como entre o TOA e CO (p < 0,001). As correlações testadas entre os escores das proteínas estudadas evidenciou que no grupo dos AM foi possível evidenciar moderada correlação positiva e estatisticamente significativa (r = 0,527; p = 0,036) entre a expressão citoplasmática da CLIC4 e a expressão citoplasmática da E-caderina. Também foi verificada fraca correlação positiva e estatisticamente significativa (r = -0,499; p = 0,049) entre a expressão núcleo-citoplasmática da CLIC4 e a expressão citoplasmática da E-caderina nos AM. Além disso, uma moderada correlação positiva e estatisticamente significativa (r = 0,648; p = 0,007) entre a expressão estromal da CLIC4 e a expressão da α-SMA nos AM e nos CO. Adcionalmente, foi observada forte correlação negativa e estatisticamente significativa (r = -0,813; p < 0,001) entre a expressão da E-caderina e a expressão da vimentina nos AM. Os resultados deste estudo sugerem um potencial envolvimento de CLIC4 no processo de transdiferenciação de miofibroblastos, e que a presença destas células é mais frequentemente associada a lesões de comportamento biológico mais agressivo como os AM e CO, além de uma possível atuação desta proteína na regulação do ciclo celular e na TEM nas lesões estudadas.