CONSUMINDO CASAS CONTEMPORÂNEAS DESVENDANDO CARACTERÍSTICAS ESPACIAIS DA CULTURA DE CONSUMO NA ARQUITETURA DOMÉSTICA CONTEMPORÂNEA DA AMÉRICA DO SUL
Casas contemporâneas, Cultura do consumo, Configuração espacial
Essa pesquisa envolve casas contemporâneas na América do Sul e foca na estrutura espacial, na distribuição das funções e nas possibilidades de movimento e visibilidade, considerando privacidade e separação de usuários, ou seja, os padrões de organização espacial encontradas nas casas estudadas. Tem por base metodológica a Teoria da Sintaxe do Espaço (Hillier e Hanson, 1984) partindo de sua premissa de que códigos sociais estão gravados na configuração espacial da edificação. Essas casas foram projetadas por arquitetos e construídas em um contexto predominante de produção em massa de edificações multifamiliares e crescente densidade urbana. A ideia de que casas contemporâneas são uma “consequência da modernidade”(Giddens, 1991) inspira a busca por evidência contrastante de relações espaciais descritas durante o século XX como sinais de mudança. Alguns padrões espaciais da sociedade contemporânea marcada por uma “cultura do consumo”, apontam para globalização, a busca por um estilo de vida escolhido por consumo e gosto, a procura por direitos individuais e individualização (Featherstone, 2007). Gosto é entendido com um fator agregador para grupos de pessoas e para diferenciação social ou, pelo menos, como o desejo de fazer parte de outro grupo. Para a compreensão das relações espaciais, foi realizada a análise das plantas baixas com a definição, identificação e classificação de cada espaço, considerando: interior e exterior, setores, funcional e específico para circulação. Procedimentos complementares foram conduzidos para identificar áreas contínuas de espaços conectados sem a existência de portas e aquelas que podem ser interrompidas temporariamente. Um programa foi desenvolvido para quantificar, medir e comparar informação sobre os espaços no que diz respeito às classificações, conexões entre espaços, distâncias entre eles, profundidade a partir do espaço público, possibilidade de rotas para os usuários e outras medidas auxiliares. A análise de visibilidade foi aplicada em um subgrupo de casas para complementar os procedimentos topológicos. A análise revelou casas projetadas com uma multiplicidade de espaços de lazer, normalmente associadas a visuais controladas do exterior, atributos que sugerem serem construídas para o consumo de experiências. Espaços sociais projetados, ao que parece, para a reunião de habitantes e visitantes, são completamente desconectados do espaço público, e comumente conectados a uma paisagem no interior do lote. Mas ainda, parte da experiência espacial parece ocorrer através de pontos de vista controlados dentro dos espaços funcionais, mas também, ao longo de circulações, sugerindo uma certa dramatização de sequências espaciais. Espaços internos e externos expõem objetos associados a certos estilos de vida, aceitando diferenciação de gostos. As áreas de serviço segregadas, muito comuns nas casas brasileiras há não muito tempo, são quase completamente incorporadas pelas áreas sociais nessas casas. Estas mudanças, combinadas a outras mais ou menos enraizadas em um período amplo, sugerem que edifícios são, de fato, casas para o nosso tempo.