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Dissertações |
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DANIELLE FERNANDES DE LUNA
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Desigualdades Regionais na Adesão ao Exame Papanicolau em 2019: Análise com Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS)
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Orientador : JOSE VILTON COSTA
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MEMBROS DA BANCA :
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JOSE VILTON COSTA
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KARINA CARDOSO MEIRA
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PRISCILA MARIA STOLSES BERGAMO FRANCISCO
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Data: 26/02/2025
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As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), dentre elas o câncer, representam um dos maiores desafios para a saúde pública global. No Brasil, o câncer do colo do útero, embora tenha como prevenção primária a vacinação e prevenção secundária através do exame Papanicolau, ainda apresenta altas taxas de incidência e mortalidade. O rastreamento regular por meio do exame Papanicolau é fundamental para a detecção precoce dessa doença e o aumento da sobrevida. No entanto, a adesão a esse exame varia significativamente entre as diferentes regiões do país, evidenciando a necessidade de aprofundar o conhecimento sobre os fatores que influenciam essa prática. Este estudo teve como objetivo principal identificar os fatores associados à realização do rastreamento do câncer de colo do útero, por meio do exame de Papanicolau no Brasil, entre as mulheres de 25 a 64 anos, considerando as desigualdades regionais. Utilizando dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, foi conduzida a análise estatística, por meio de modelos de regressão de Poisson com variância robusta, para explorar as associações entre a realização do exame Papanicolau e as variáveis independentes (idade, escolaridade, renda, raça/cor, situação de domicílio e posse do plano de saúde), estimando-se as razões de prevalência bruta e ajustadas, juntamente com os respectivos intervalos de confiança de 95%. Os resultados mostram que as mulheres mais jovens, particularmente aquelas na faixa etária de 25 a 34 anos, apresentam as maiores taxas de não realização de exames, com destaque para as regiões Norte (49,5%) e Centro-Oeste (50,8%). As regiões Sudeste (38,1%) e Sul (38,5%) destacam-se com as maiores taxas de exames realizados há mais de 3 anos, especialmente na faixa etária de 55 a 64 anos. Em contraste, as regiões Norte (16,8%) e Centro-Oeste (18,7%) apresentam as menores taxas de exames realizados nos últimos 3 anos, evidenciando desigualdades no acesso a serviços de saúde preventiva. Mulheres com maior escolaridade (até 70,4% no Sul) e renda superior a 3 salários mínimos (até 73,9% no Sul) apresentam as maiores prevalências de realização do Papanicolau, enquanto aquelas com menor escolaridade (46,2% no Nordeste) e renda de até 1 salário mínimo (48,6% no Centro-Oeste) têm as menores taxas. Residentes em áreas urbanas (62,1% no Sul) realizam o exame com mais frequência do que as de áreas rurais (47% no Norte e Nordeste). Além disso, mulheres com plano de saúde (73,2% no Sul) têm prevalências significativamente superiores às que dependem exclusivamente do SUS (49,8% no Nordeste).
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Non-communicable diseases (NCDs), including cancer, represent one of the greatest challenges to global public health. In Brazil, cervical cancer, despite primary prevention through vaccination and secondary prevention through Pap smears, still presents high incidence and mortality rates. Regular screening through Pap smears is essential for early detection of this disease and increased survival. However, adherence to this screening varies significantly across different regions of the country, highlighting the need for a deeper understanding of the factors influencing this practice. This study aimed to identify the factors associated with cervical cancer screening through Pap smears in Brazil among women aged 25 to 64, considering regional inequalities. Using data from the 2019 National Health Survey, statistical analysis was conducted using Poisson regression models with robust variance to explore the associations between Pap smear uptake and independent variables (age, education, income, race/color, residence, and health insurance coverage), estimating crude and adjusted prevalence ratios along with their respective 95% confidence intervals. The results show that younger women, particularly those aged 25 to 34, have the highest rates of not having had a Pap smear, with the North (49.5%) and Midwest (50.8%) regions standing out. The Southeast (38.1%) and South (38.5%) regions have the highest rates of Pap smears performed more than 3 years ago, especially among women aged 55 to 64. In contrast, the North (16.8%) and Midwest (18.7%) regions have the lowest rates of Pap smears performed in the last 3 years, evidencing inequalities in access to preventive health services. Women with higher education (up to 70.4% in the South) and income above 3 minimum wages (up to 73.9% in the South) have the highest prevalence of Pap smears, while those with lower education (46.2% in the Northeast) and income up to 1 minimum wage (48.6% in the Midwest) have the lowest rates. Urban residents (62.1% in the South) have higher rates of screening compared to rural residents (47% in the North and Northeast). Additionally, women with private health insurance (73.2% in the South) have significantly higher prevalence rates than those who rely exclusively on the public health system (49.8% in the Northeast).
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ANA CLARA DE MEDEIROS LIMA
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A DEMOGRAFIA E OS PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA MUNICIPAIS: UMA AVALIAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DO MUNICÍPIO DE MARICÁ-RJ
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Orientador : JÁRVIS CAMPOS
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MEMBROS DA BANCA :
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ALEXSANDRO FERREIRA CARDOSO DA SILVA
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EDUARDO HENRIQUE DINIZ
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JÁRVIS CAMPOS
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LUANA JUNQUEIRA DIAS MYRRHA
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Data: 27/02/2025
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Este trabalho investiga a relação entre os programas de transferência de renda municipais, com foco particular na moeda social Mumbuca, na evolução sociodemográfica e no espaço urbano do município de Maricá-RJ. A pesquisa se concentra nas dimensões demográfica e urbana, explorando como esses programas influenciam e interagem com as transformações sociodemográficas e do espaço urbano do município. A pesquisa inicia com uma revisão da literatura sobre urbanização, segregação socioespacial, desenvolvimento sustentável e a evolução urbana de Maricá, além de uma discussão sobre os programas de transferência de renda, suas diretrizes e a trajetória das moedas sociais. Em relação à metodologia, foram utilizados dados secundários para a construção de indicadores populacionais, sociodemográficos e de infraestrutura urbana, para os anos de 2010 e 2022, bem como sobre a circulação da moeda Mumbuca no território entre 2022 e 2023. Em seguida, foram utilizados métodos de estatística descritiva e análise espacial para avaliar, de maneira exploratória, possíveis relações entre a circulação das moedas provenientes dos programas de transferência de renda municipal no território (mais especificamente nos bairros) com as transformações observadas na população e no espaço urbano nos últimos anos. Com este estudo, foi possível avaliar a relação das transações da moeda social como um fator intrinsecamente ligado às melhorias nas condições de vida da população maricaense, e, por sua vez, fundamental para a avaliação dos programas de transferência de renda e para o desenvolvimento de políticas públicas urbanas, assim como para a Demografia.
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This paper investigates the relationship between municipal income transfer programs, with a particular focus on the Mumbuca social currency, and the sociodemographic evolution and urban space of the municipality of Maricá-RJ. The research focuses on the demographic and urban dimensions, exploring how these programs influence and interact with the sociodemographic and urban space transformations of the municipality. The research begins with a review of the literature on urbanization, sociospatial segregation, sustainable development and the urban evolution of Maricá, as well as a discussion on income transfer programs, their guidelines and the trajectory of social currencies. Regarding the methodology, secondary data were used to construct population, sociodemographic, and urban infrastructure indicators for the years 2010 and 2022, as well as on the circulation of the Mumbuca currency in the territory between 2022 and 2023. Then, descriptive statistics and spatial analysis methods were used to evaluate, in an exploratory manner, possible relationships between the circulation of currencies from municipal income transfer programs in the territory (more specifically in the neighborhoods) and the transformations observed in the population and urban space in recent years. With this study, it was possible to evaluate the relationship of social currency transactions as a factor intrinsically linked to improvements in the living conditions of the population of Maricá, and, in turn, fundamental for the evaluation of income transfer programs and for the development of urban public policies, as well as for Demographics.
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ELFAS ALBERTO MACIA
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PROJEÇÕES POPULACIONAIS PARA ÁREAS SUBNACIONAIS DE MOÇAMBIQUE POR IDADE E SEXO ATÉ 2047
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Orientador : FLAVIO HENRIQUE MIRANDA DE ARAUJO FREIRE
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MEMBROS DA BANCA :
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FLAVIO HENRIQUE MIRANDA DE ARAUJO FREIRE
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MARCOS ROBERTO GONZAGA
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VICTOR HUGO DIAS DIOGENES
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BERNARDO LANZA QUEIROZ
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Data: 01/04/2025
Ata de defesa assinada:
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O objetivo deste trabalho foi projetar a população das áreas subnacionais de Moçambique por idade e sexo entre 2022 e 2047, com base nos censos de 2007 e 2017 do INE. Utilizou-se o método das relações de coortes, baseado na distribuição etária derivada das relações de sobrevivência. Foram realizadas duas projeções: (1) com dados do INE e (2) com a população projetada pela ONU como referência ("projeção própria"). Os resultados indicam variações nas taxas médias anuais de crescimento, com perdas populacionais em alguns distritos e ganhos em outros. Em geral, a projeção própria aponta para uma população maior do que a do INE, sugerindo diferenças metodológicas em fecundidade, mortalidade e migração. No entanto, em faixas etárias avançadas, o INE projeta uma população maior. Nos distritos, observa-se que, em vários casos, as projeções masculinas são superiores às femininas, sugerindo dinâmicas diferenciadas de migração e mortalidade. Em outros, ocorre o inverso, indicando possíveis padrões migratórios seletivos e fatores socioeconômicos. A projeção própria estima que Moçambique atingirá 60.117.595 habitantes em 2047, com taxa de crescimento geométrico anual média de 2,47%. Entre as províncias, Maputo, Nampula e Zambézia terão os maiores crescimentos populacionais, enquanto Sofala e Tete apresentarão aumentos mais moderados. No nível distrital, os maiores crescimentos ocorrerão em Matola, Tete e Nampula, com taxas anuais de 1,28%, 1,25% e 1,16%, respectivamente. Já Massangena, Chimonila e Chigubo terão os menores crescimentos, com taxas entre 0,74% e 0,93%, refletindo migração e transições demográficas distintas. Esses resultados são essenciais para o planejamento demográfico e formulação de políticas públicas voltadas à distribuição espacial da população.
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This study aimed to project the population of Mozambique’s subnational areas by age and sex from 2022 to 2047, using census data from 2007 and 2017 provided by the National Institute of Statistics (INE). The cohort relations method, based on age distribution and survival ratios, was applied to capture demographic dynamics effectively. Two projection approaches were adopted: one using INE’s published projections and another, termed "own projection," which first projected the provinces based on United Nations estimates before projecting districts. INE’s projections employed the demographic components method. The findings indicate variations in annual population growth across Mozambique’s districts, with some experiencing population losses while others see significant increases. The differences between INE and own projections vary by age group and province, highlighting distinct demographic modeling patterns. For most provinces, own projections estimate a larger population than INE’s over time, suggesting methodological differences in fertility, mortality, and migration assumptions. However, in older age groups, INE's projections indicate a larger population. District-level analyses reveal that in many areas, male population projections exceed female projections, possibly due to differences in migration, mortality, or demographic factors. Conversely, some districts show a predominance of female projections, suggesting region-specific factors influencing demographic trends. By 2047, Mozambique’s population is projected to reach approximately 60,117,595, with an average annual growth rate of 2.47%. The provinces of Maputo, Nampula, and Zambézia are expected to grow the most, while Sofala and Tete will experience moderate increases. At the district level, Matola, Tete, and Nampula will have the highest growth rates (1.28%, 1.25%, and 1.16%, respectively), whereas Massangena, Chimonila, and Chigubo will see the lowest growth (0.93%, 0.74%, and 0.83%). These projections are crucial for demographic planning and the formulation of policies addressing population distribution in Mozambique.
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BRUNA LIDICY FAÇANHA LIMA
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DIFERENÇAS REGIONAIS E DE GÊNERO NAS TENTATIVAS DE SUICÍDIO E SUICÍDIO: UMA ANÁLISE DEMOGRÁFICA BRASILEIRA
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Orientador : KARINA CARDOSO MEIRA
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MEMBROS DA BANCA :
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KARINA CARDOSO MEIRA
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LUANA JUNQUEIRA DIAS MYRRHA
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EDER SAMUEL OLIVEIRA DANTAS
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JULIANO DOS SANTOS
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Data: 30/07/2025
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O comportamento suicida resulta de uma complexa interação entre fatores individuais e contextuais. O gênero configura-se como um determinante crucial nessa análise, expressando o chamado "paradoxo do suicídio e gênero", no qual homens e mulheres manifestam esse comportamento de formas distintas, mediadas por construções sociais e papéis de gênero tradicionalmente estabelecidos. Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo analisar a tendência temporal das taxas de tentativas de suicídio (2014 a 2023) e suicídios consumados (2010 a 2023) no Brasil, segundo gênero e região geográfica.Foi realizado um estudo ecológico de séries temporais com indivíduos com idade igual ou superior a 10 anos. Os dados de suicídio foram extraídos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/DATASUS) e os de tentativas de suicídio, do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/DATASUS). As taxas foram calculadas por 100 mil habitantes, padronizadas pela estrutura etária da população segundo o Censo Demográfico de 2022. A análise de tendência foi conduzida por meio de regressão Prais-Winsten, com cálculo da Taxa de Variação Percentual Anual (APC) e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%). As análises estatísticas foram realizadas no software R (v4.4.1), adotando o nível de significância de p< 0,05. Os resultados revelaram que as taxas de tentativas de suicídio são mais elevadas entre as mulheres, enquanto os suicídios consumados são mais prevalentes entre os homens, refletindo padrões diferenciados de letalidade dos métodos utilizados. Verificou-se aumento das taxas de tentativas de suicídio notificadas no Brasil entre 2014 e 2023. Ainda que sem diferença estatisticamente significativa entre os sexos, a tendência ascendente foi observada em ambos, com maior intensidade entre adolescentes e adultos jovens (10–19 anos), em comparação a idosos. Em relação aos suicídios, houve tendência ascendente em todas as regiões do país. Embora os homens apresentem as maiores taxas absolutas, o crescimento mais acentuado ocorreu entre mulheres jovens, especialmente por enforcamento: APC de 12,70% (IC95% 9,86–15,60) entre 10-14 anos e 9,51% (IC95% 7,60-11,50) entre 15-19 anos. Entre os homens, as APCs correspondentes foram de 6,03% (IC95% 4,44-7,64) e 5,29% (IC95% 3,05-7,57), respectivamente. Entre os idosos, embora as taxas sejam mais elevadas, as tendências foram estáveis ou em declínio. Destaca-se a redução nas taxas de autointoxicação entre mulheres com 60 anos ou mais (APC = -2,74; p < 0,001). Os achados evidenciam desigualdades etárias, regionais e de gênero no comportamento suicida no Brasil, com destaque para o crescimento entre mulheres jovens, sobretudo pelo uso de métodos letais, como o enforcamento. Os resultados indicam a necessidade de políticas públicas intersetoriais com abordagem sensível ao gênero, juventude e território, voltadas à prevenção, vigilância qualificada e atenção psicossocial.
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Suicidal behavior results from a complex interaction between individual and contextual factors. Gender emerges as a critical determinant in this analysis, reflecting the so-called “gender paradox of suicide”, in which men and women engage in suicidal behavior in distinct ways, mediated by socially constructed roles and traditional gender norms. Within this context, the present study aimed to analyze the temporal trends in suicide attempt rates (2014–2023) and completed suicides (2010–2023) in Brazil, stratified by gender and geographic region. An ecological time series study was conducted with individuals aged 10 years or older. Data on suicide deaths were obtained from the Mortality Information System (SIM/DATASUS), and data on suicide attempts were extracted from the Notifiable Diseases Information System (SINAN/DATASUS). Rates were calculated per 100,000 inhabitants and age-standardized according to the age structure of the 2022 Brazilian Census. Trend analysis was performed using Prais–Winsten regression, with calculation of the Annual Percent Change (APC) and respective 95% confidence intervals (95% CI). Statistical analyses were conducted using R software (v4.4.1), adopting a significance level of p < 0.05.The findings revealed that suicide attempt rates were higher among women, whereas completed suicides were more prevalent among men, reflecting gendered patterns in the lethality of methods used. A sustained increase in reported suicide attempts was observed nationwide between 2014 and 2023. Although no statistically significant differences between sexes were found, upward trends were identified in both groups, with greater intensity among adolescents and young adults (10–19 years) compared to older adults.Regarding completed suicides, an upward trend was observed across all regions of the country. Although men exhibited the highest absolute suicide rates, the most pronounced growth occurred among young women, particularly by hanging: APC of 12.70% (95% CI: 9.86-15.60) among those aged 10-14, and 9.51% (95% CI: 7.60–11.50) among those aged 15-19. Among men, the corresponding APCs were 6.03% (95% CI: 4.44-7.64) and 5.29% (95% CI: 3.05-7.57), respectively. Among older adults, although suicide rates were higher, trends were stable or declining. Notably, a decrease in self-poisoning rates among women aged 60 years or older was observed (APC = -2.74; p < 0.001). These findings highlight age-, region-, and gender-based disparities in suicidal behavior in Brazil, with particular concern regarding the rise among young women, especially due to the use of highly lethal methods such as hanging. The results underscore the urgent need for intersectoral public policies incorporating a gender-, youth- and territory-sensitive approach, focused on prevention, qualified surveillance, and continuous psychosocial care.
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RICARDO MONTEIRO DE CARVALHO
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FASES E FACES DA MOBILIDADE INTRAESTADUAL NO CEARÁ (1995/2000 E 2005/2010): METROPOLIZAÇÃO EXPANDIDA, DESMETROPOLIZAÇÃO E SELETIVIDADE MIGRATÓRIA
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Orientador : SILVANA NUNES DE QUEIROZ
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MEMBROS DA BANCA :
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RICARDO OJIMA
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ROSANA APARECIDA BAENINGER
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SILVANA NUNES DE QUEIROZ
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Data: 21/10/2025
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Esta dissertação analisa as dinâmicas da mobilidade intraestadual no Ceará entre 1995/2000 e 2005/2010, considerando as fases e faces migratórias, a seletividade dos migrantes e os efeitos do porte populacional dos municípios sobre os fluxos e rendimentos. O estudo parte do debate sobre os processos de metropolização expandida e desmetropolização, buscando compreender se há redistribuição populacional da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) para cidades do interior, especialmente as de porte médio, se prevalece a centralidade metropolitana ou a coexistência de ambos os processos. A pesquisa utiliza microdados dos Censos Demográficos de 2000 e 2010 (IBGE), organizados em matrizes migratórias de origem-destino e analisados por indicadores clássicos de Migração Bruta, Saldo Migratório e Índice de Eficácia Migratória. A seletividade migratória é examinada por meio do modelo de Heckman, considerando características sociodemográficas, ocupacionais e diferenciais de rendimento. Os resultados revelam que a mobilidade intraestadual no Ceará reflete a coexistência de dois processos: de um lado, a metropolização expandida, marcada pela perda populacional de Fortaleza em direção a municípios vizinhos da RMF, como Caucaia e Maracanaú; e, de outro, sinais de desmetropolização intraestadual, evidenciada pela emergência de cidades médias do interior (porte 4: Juazeiro do Norte, Crato, Sobral e Itapipoca), que passaram a registrar saldos migratórios positivos. Essa dupla dinâmica mostra que a mobilidade reforça hierarquias urbanas, mas também amplia a centralidade de polos regionais intermediários. Quanto às características individuais, verificam-se padrões seletivos consistentes: predominância de migrantes jovens, homens, pardos e com maior escolaridade, embora desigualdades de gênero e raça permaneçam estruturais. No campo econômico, confirma-se a hipótese de seletividade positiva: migrantes auferem rendimentos superiores aos não migrantes, sobretudo nos municípios de maior porte. Em 2000, cidades de porte 2 e 3 já apresentavam diferenciais salariais em relação às de porte 1, mas em 2005/2010 foram os municípios de porte 4 que consolidaram posição de destaque, oferecendo remunerações mais elevadas e reforçando sua atratividade. Assim, os ganhos econômicos da migração variam segundo o porte municipal: menores nos pequenos (porte 1), intermediários nos portes 2 e 3 e mais expressivos nos municípios médios (porte 4). Conclui-se que a mobilidade intraestadual no Ceará não é neutra: ela combina metropolização expandida e indícios desmetropolização intraestadual, reproduzindo hierarquias urbanas e sociais, mas também revelando a emergência de cidades médias como novos polos regionais. As evidências contribuem para o entendimento das reconfigurações territoriais e oferecem subsídios para políticas públicas voltadas à redução das desigualdades regionais e ao fortalecimento da rede urbana estadual.
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This dissertation analyzes the dynamics of intrastate mobility in Ceará between 1995/2000 and 2005/2010, considering the phases and facets of migration, migrant selectivity, and the effects of municipal population size on flows and income. The study begins with the debate on the processes of expanded metropolization and demetropolization, seeking to understand whether there is population redistribution from the Fortaleza Metropolitan Region (RMF) to inland cities, especially medium-sized ones, and whether metropolitan centrality prevails or both processes coexist. The research uses microdata from the 2000 and 2010 Demographic Censuses (IBGE), organized into origin-destination migration matrices and analyzed using classic indicators of Gross Migration, Net Migration, and the Migration Effectiveness Index. Migratory selectivity is examined using the Heckman model, considering sociodemographic, occupational, and income differential characteristics. The results reveal that intrastate mobility in Ceará reflects the coexistence of two processes: on the one hand, expanded metropolitanization, marked by the population loss of Fortaleza toward neighboring municipalities in the RMF, such as Caucaia and Maracanaú; and, on the other, signs of intrastate demetropolization, evidenced by the emergence of medium-sized inland cities (size 4: Juazeiro do Norte, Crato, Sobral, and Itapipoca), which began to register positive migration balances. This dual dynamic shows that mobility reinforces urban hierarchies but also increases the centrality of intermediate regional hubs. Regarding individual characteristics, consistent selective patterns are observed: a predominance of young, male, mixed-race, and highly educated migrants, although gender and racial inequalities remain structural. In the economic sphere, the hypothesis of positive selectivity is confirmed: migrants earn higher incomes than non-migrants, especially in larger municipalities. In 2000, size 2 and 3 cities already had wage differentials compared to size 1 cities, but in 2005/2010, size 4 municipalities consolidated their prominent position, offering higher salaries and reinforcing their attractiveness. Thus, the economic gains from migration vary according to municipal size: smaller in small municipalities (size 1), intermediate in sizes 2 and 3, and more significant in medium-sized municipalities (size 4). The conclusion is that intrastate mobility in Ceará is not neutral: it combines expanded metropolization and signs of intrastate demetropolization, reproducing urban and social hierarchies, but also revealing the emergence of medium-sized cities as new regional hubs. This evidence contributes to the understanding of territorial reconfigurations and offers support for public policies aimed at reducing regional inequalities and strengthening the state's urban network.
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Teses |
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MARIA JOSÉ SILVA LOBATO
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INCLUSÃO E DESEMPENHO ACADÊMICO: ANÁLISE DOS ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA NO ENEM
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Orientador : MOISES ALBERTO CALLE AGUIRRE
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MEMBROS DA BANCA :
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CEZAR AUGUSTO CERQUEIRA
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FIDEL ERNESTO CASTRO MORALES
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ISMENIA BLAVATSKY DE MAGALHÃES
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MOISES ALBERTO CALLE AGUIRRE
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WEBER SOARES
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WILSON FUSCO
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Data: 14/02/2025
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O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é o principal meio de ingresso ao ensino superior e acesso ao financiamento estudantil no Brasil. Esta tese investiga a influência de fatores socioeconômicos e demográficos na participação e desempenho da População Escolar com Deficiência Público da Educação Especial (PEcD_PEE) no ENEM, considerando a evolução temporal e a diversidade regional do Brasil. O estudo se baseia na teoria dos Capitais de Pierre Bourdieu e utiliza dados dos microdados do ENEM (2009, 2019-2022) e dos Censos Escolares da Educação Básica, analisando variáveis como renda, escolaridade dos pais, posse de bens, cor/raça, sexo, tipo de escola, localização e idade. Por meio do método Expectation Maximization, caracterizou-se os perfis socioeconômicos, e testes estatísticos (Shapiro-Wilk, Mann-Whitney e T de Student) avaliaram diferenças significativas entre grupos. A Análise de Componentes Principais identificou os principais eixos de variação nos dados, revelando superioridade de desempenho dos candidatos do ensino regular sobre a PEcD_PEE em todas as regiões, com homens destacando-se em Matemática e mulheres em Redação, exceto no Norte, enquanto idade elevada impactou negativamente o desempenho. Predominou o perfil de Capital Cultural e Econômico Menor (CCEM) no Norte e Nordeste e o perfil Capital Cultural e Econômico Elevado (CCEE) no Sul e Sudeste, onde os recursos de acessibilidade foram melhores. A escolaridade dos pais foi mais baixa no perfil CCEM, e mulheres pardas e pretas obtiveram menores desempenhos, sendo que a pandemia afetou mais negativamente estudantes do perfil CCEM devido à precariedade de recursos tecnológicos. Compreender os fatores socioeconômicos e demográficos que impactam a inclusão escolar da PEcD_PEE é essencial para promover uma educação efetiva, sendo as avaliações de larga escala fundamentais para diagnósticos que orientem práticas inclusivas no sistema educacional brasileiro.
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The National High School Exam (ENEM) is the main pathway for accessing higher education and student financing in Brazil. This thesis investigates the influence of socioeconomic and demographic factors on the participation and performance of the Special Education Public Population with Disabilities (PEcD_PEE) in ENEM, considering the temporal evolution of these factors and the regional diversity of Brazil. The study is grounded in Pierre Bourdieu's theory of Capitals and uses data from ENEM microdata (2009, 2019-2022) and the Basic Education School Censuses, analyzing variables such as income, parental education, household assets, race/ethnicity, gender, school type, location, and age. Using the Expectation Maximization method, socioeconomic profiles were characterized, and statistical tests (Shapiro-Wilk, Mann-Whitney, and Student's T-test) assessed significant differences between groups. Principal Component Analysis identified the main axes of variation in the data, revealing superior performance by regular education candidates compared to PEcD_PEE in all regions, with men excelling in Mathematics and women in Writing, except in the North, while older age negatively impacted performance. The Capital Cultural and Economic Minor (CCEM) profile predominated in the North and Northeast, whereas the Capital Cultural and Economic Elevated (CCEE) profile was prevalent in the South and Southeast, where accessibility resources were also better. Parental education was lower in the CCEM profile, and mixed-race and black women achieved lower scores, with the COVID-19 pandemic disproportionately affecting CCEM students due to limited technological resources. Understanding the socioeconomic and demographic factors that impact the educational inclusion of PEcD_PEE is crucial to promoting effective education, with large-scale assessments serving as essential tools for diagnostics that guide inclusive practices in the Brazilian education system.
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GUILHERME SOUSA BRANDAO
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POBREZA MULTIDIMENSIONAL NO SEMIÁRIDO NORDESTINO (2000 e 2010)
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Orientador : SILVANA NUNES DE QUEIROZ
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MEMBROS DA BANCA :
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SILVANA NUNES DE QUEIROZ
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LUANA JUNQUEIRA DIAS MYRRHA
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MOISES ALBERTO CALLE AGUIRRE
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KLÉBER FERNANDES DE OLIVEIRA
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ROSEMARY DE MATOS CORDEIRO
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Data: 06/03/2025
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Esta tese investiga a pobreza multidimensional no semiárido nordestino nos anos de 2000 e 2010, analisando sua incidência e distribuição sob diferentes perspectivas: individual, familiar e municipal. Para tanto, resgata elementos demográficos, históricos e socioeconômicos que auxiliam na compreensão da dinâmica da pobreza na região. A pesquisa está estruturada em três ensaios, cada um focado em uma dimensão específica da pobreza. O primeiro ensaio examina o perfil sociodemográfico dos indivíduos em situação de privação, traçando um panorama da pobreza extrema e suas transformações ao longo da década. O segundo ensaio analisa os arranjos familiares multidimensionalmente pobres, identificando mudanças estruturais nas composições domiciliares e suas implicações para a vulnerabilidade social. O terceiro ensaio aborda a pobreza na escala municipal, investigando sua concentração e dispersão espacial, com foco no porte dos municípios e na heterogeneidade regional. A pesquisa utiliza como fonte os microdados dos Censos Demográficos de 2000 e 2010, a base mais abrangente sobre as condições da população brasileira, permitindo análises detalhadas em diferentes níveis geográficos. As metodologias aplicadas incluem estatísticas descritivas, análise espacial e o método Alkire-Foster para mensuração da pobreza multidimensional, oferecendo uma visão ampla das privações presentes na região. Os resultados apontam avanços na redução da pobreza extrema ao longo da década de 2000, mas também evidenciam a persistência de desigualdades estruturais que afetam de forma diferenciada indivíduos, famílias e municípios. No nível individual, enquanto as mulheres apresentaram uma redução mais expressiva da pobreza extrema, impulsionadas por políticas sociais voltadas à família, os homens pardos residentes em áreas rurais permaneceram como o grupo mais vulnerável. A análise dos arranjos familiares reforçou essa tendência ao revelar um aumento da chefia feminina entre os domicílios pobres, ao mesmo tempo em que a desigualdade racial e a falta de acesso a oportunidades seguiram limitando a mobilidade social de determinados grupos. Além disso, o crescimento de domicílios unipessoais e a leve redução de domicílios nucleares e estendidos sugerem mudanças nas estruturas familiares. A análise municipal revelou um padrão espacial da pobreza, com os pequenos e micromunicípios concentrando os maiores índices de pobreza multidimensional, enquanto cidades médias economicamente mais dinâmicas apresentaram melhores condições socioeconômicas. Os achados reforçam que a ausência de diversificação econômica, a infraestrutura precária e o acesso limitado a serviços básicos são fatores determinantes da pobreza em municípios mais vulneráveis.
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This thesis investigates multidimensional poverty in the northeastern semi-arid region in 2000 and 2010, analyzing its incidence and distribution from different perspectives: individual, family and municipal. To this end, it recalls demographic, historical and socio-economic elements that help to understand the dynamics of poverty in the region. The research is structured in three essays, each focusing on a specific dimension of poverty. The first essay examines the sociodemographic profile of individuals in situations of deprivation, outlining extreme poverty and its transformations over the decade. The second essay analyzes multidimensionally poor family arrangements, identifying structural changes in household compositions and their implications for social vulnerability. The third essay looks at poverty on a municipal scale, investigating its concentration and spatial dispersion, focusing on the size of municipalities and regional heterogeneity. The research uses microdata from the 2000 and 2010 Demographic Censuses as its source, the most comprehensive database on the conditions of the Brazilian population, allowing for detailed analysis at different geographical levels. The methodologies applied include descriptive statistics, spatial analysis and the Alkire-Foster method for measuring multidimensional poverty, offering a broad view of the deprivations present in the region. The results show progress in reducing extreme poverty over the 2000s but also highlight the persistence of structural inequalities that affect individuals, families and municipalities differently. At the individual level, while women showed a more significant reduction in extreme poverty, driven by social policies aimed at the family, brown men living in rural areas remained the most vulnerable group. The analysis of family arrangements reinforced this trend by revealing an increase in female headship among poor households, while racial inequality and lack of access to opportunities continued to limit the social mobility of certain groups. In addition, the growth in single-person households and the slight reduction in nuclear and extended households suggest changes in family structures. The municipal analysis revealed a spatial pattern of poverty, with small and micro-municipalities concentrating the highest rates of multidimensional poverty, while more economically dynamic medium-sized cities had better socio-economic conditions. The findings reinforce that the lack of economic diversification, poor infrastructure and limited access to basic services are determining factors of poverty in more vulnerable municipalities.
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ANTONIA JAINE DA SILVA PEREIRA
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TRANSIÇÃO À VIDA ADULTA DOS JOVENS NO NORDESTE NO INÍCIO DO SÉCULO XXI: MODALIDADES, DESIGUALDADES E DESAFIOS NO MERCADO DE TRABALHO
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Orientador : SILVANA NUNES DE QUEIROZ
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MEMBROS DA BANCA :
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SILVANA NUNES DE QUEIROZ
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LUANA JUNQUEIRA DIAS MYRRHA
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MOISES ALBERTO CALLE AGUIRRE
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ANGELA WELTERS
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JOICE MELO VIEIRA
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Data: 28/03/2025
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A literatura sobre juventude tem apontado uma diversificação nos modos de ser jovem, e no Brasil as desigualdades estruturais desempenham um papel importante nesse processo. Essa diversidade também se reflete na transição para a vida adulta, em que as trajetórias das novas coortes de jovens no processo de aquisição do status de adulto se tornam mais heterogêneas, tanto entre si quanto em relação a coortes anteriores. Essas diferenças, sejam intra ou intergeracionais, podem resultar nas chamadas 'não-transições', a exemplo dos 'jovens sem-sem'. As dificuldades dos jovens no mercado de trabalho, que perduram e se agravam em certas conjunturas, afetam a passagem do papel de estudante para o de trabalhador. A consequente dificuldade em alcançar independência financeira também influencia outras dimensões da transição. Nesse contexto, esta tese investiga os diferentes modos de transição juvenil com foco na região Nordeste, que combina padrões convencionais e dinâmicas emergentes, e permanece registrando maiores vulnerabilidades em relação às demais regiões do Brasil, no que se refere a aspectos demográficos, econômicos, educacionais e de inserção no mercado de trabalho. A pesquisa se pauta na seguinte questão central: como um contexto desigual e incerto influencia as mudanças no processo de transição para a vida adulta na passagem do século XX para o XXI? Essa questão compõe-se de outras mais específicas que favoreceram a idealização da tese em dois diferentes ensaios. O primeiro destina-se a caracterizar a transição para a vida adulta na região Nordeste. O segundo analisa a influência do mercado de trabalho, indicativo para o efeito de período, na configuração de uma modalidade de transição mais específica: os jovens sem estudo e sem trabalho (jovens sem-sem). Para isso, são utilizados os microdados dos Censos Demográficos de 1991 e 2010 (ensaio 1), e a PNAD de 1993, 1998, 2003, 2008 e 2013, bem como a PNADC de 2018 e 2023 (ensaio 2). Como principais métodos de análise são utilizados a análise de entropia de coortes sintéticas (ensaio 1) e o modelo Idade-Período-Coorte (APC) com Logito Multinomial (ensaio 2). Conjuntamente, os ensaios mostram que o contexto desigual e incerto coloca educação e trabalho como forças em contraste na padronização ou despadronização entre as modalidades de transição dos jovens no Nordeste, assim como na configuração da modalidade sem-sem. Em meio às desigualdades, os jovens com menor rendimento e do meio rural têm maiores chances para integrar os sem-sem, apesar da tendência mais acentuada de homogeneização enquanto estudantes e do crescimento notável das chances para o estudo em coortes mais recentes. A incerteza, em especial para esses perfis, é evidenciada pelo estabelecimento do status ocupacional como principal componente da heterogeneidade crescente entre os jovens na região, junto a relação direta entre a taxa de desocupação e as chances de integrarem os sem-sem.
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The literature on youth has pointed a diversification in ways of being young, and in Brazil structural inequalities play an important role in this process. This diversity is also reflected in the transition to adulthood, in which the trajectories of new cohorts of young people in the process of acquiring adult status become more heterogeneous, both among themselves and in relation to previous cohorts. These differences, whether intra- or intergenerational, can result in so-called 'non-transitions', such as 'NEET youth'. The difficulties young people face in the labor market, which persist and worsen in certain economic conditions, affect the transition from the role of student to that of worker. The resulting difficulty in achieving financial independence also influences other dimensions of the transition. In this context, this thesis investigates the different modes of youth transition with a focus on the Northeast region, that combines conventional patterns and emerging dynamics, and continues to register greater vulnerabilities compared to other regions of Brazil, with regard to demographic, economic, educational and labor market insertion aspects. The research is based on the following central question: how does an unequal and uncertain context influence changes in the process of transition to adulthood at the turn of the 20th century into the 21st century? This question is composed of other more specific ones that favored the idealization of the thesis in two different essays. The first one aims to characterize the transition to adulthood in the Northeast region. The second one analyzes the influence of the labor market, indicative of the period effect, in the configuration of a more specific transition modality: young people without education and without work (NEET youth). For this, microdata from the Demographic Censuses of 1991 and 2010 (essay 1) and the PNAD of 1993, 1998, 2003, 2008 and 2013, as well as the PNADC of 2018 and 2023 (essay 2) are used. The main methods of analysis used are synthetic cohort entropy analysis (essay 1) and the Age-Period-Cohort (APC) model with Multinomial Logit (essay 2). Together, the essays show that the unequal and uncertain context places education and work as contrasting forces in the standardization or destandardization between the transition modalities of young people in the Northeast, as well as in the configuration of the NEET modality. Amidst inequalities, young people with lower incomes and from rural areas have greater chances of becoming part of the NEETs, despite the more pronounced trend of homogenization as students and the notable growth in the chances of studying in more recent cohorts. The uncertainty, especially for these profiles, is evidenced by the establishment of occupational status as the main component of the growing heterogeneity among young people in the region, together with the direct relationship between the unemployment rate and the chances of becoming part of the NEETs.
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JONILSON DE SOUZA FIGUEIREDO
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ENSAIOS SOBRE DEMOGRAFIA ECONÔMICA: ESTRUTURA ETÁRIA, JANELA DE OPORTUNIDADE E DESEMPENHO ECONÔMICO NO SEMIÁRIDO SETENTRIONAL
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Orientador : LUANA JUNQUEIRA DIAS MYRRHA
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MEMBROS DA BANCA :
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LUANA JUNQUEIRA DIAS MYRRHA
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SILVANA NUNES DE QUEIROZ
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CASSIANO JOSE BEZERRA MARQUES TROVAO
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FRANCISCO DO O DE LIMA JÚNIOR
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KLÉBER FERNANDES DE OLIVEIRA
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Data: 28/04/2025
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Esta tese analisa a dinâmica espacial da estrutura etária e da janela de oportunidade; e estima os efeitos dessa estrutura no desempenho econômico do Semiárido Setentrional (SemSet). Ela é composta por quatro ensaios. O primeiro caracteriza a evolução da estrutura etária e o aproveitamento da janela decorrente, mediante o Índice de Emprego Formal (IEF), comparando o SemSet com o Semiárido Meridional (SemMer) e o restante do país (1970-2022). O segundo mapeia da dependência espacial desse processo entre os municípios do SemSet em 2022, via Índice de Moral Local, e descreve a evolução do emprego formal e do IEF, considerando um SemSet jovem e outro envelhecido (2000-2022). O terceiro discute as variações do emprego formal e da remuneração nos municípios do SemSet, comparando os contextos de choque (2020) e pós-choque da pandemia (2021) com o anterior (2019). O quarto ensaio estima o efeito da estrutura etária no PIB per capita (proxy do desempenho econômico), utilizando modelos de defasagem e de erro autorregressivo espacial para os anos 2000, 2010 e 2021. Embora com padrões históricos distintos, verificou-se que no SemSet, no SemMer e no resto do país, as taxas de crescimento populacional, e a estrutura etária convergiram. A janela de oportunidade no SemSet surgiu por volta de 2005, cerca de quinze anos depois de caracterizada fora do Semiárido. A evolução do IEF sugeriu: i) que o “bônus” se concretizou moderadamente até 2014, quando passou a ser desperdiçado; ii) manutenção do diferencial inter-regional: em 2000, o IEF fora do Semiárido era três vezes o observado no SemSet (8,79%, ante 26,46%). Em 2021, embora menor, o hiato se manteve (17,11%, ante 37,81%); iii) fragilidade ainda maior nos estratos intrarregionais; em 2021 ele foi 12,37% no SemSet jovem e 11,80% no envelhecido, denotando baixo aproveitamento da janela de oportunidade. O terceiro ensaio aferiu baixa correlação espacial nas variações do emprego e remuneração, tanto em 2020, quanto em 2021. A despeito da heterogeneidade identificada, a quantidade de municípios com variação positiva no emprego formal, passou de 234 no contexto de choque, para 618 no pós-choque, sugerindo recuperação. Finalmente, o quarto ensaio estimou que uma redução de 10% na dependência de jovens explica, em média, 6,79%, 6,76% e 8,72% do aumento no PIB per capita de 2000, 2010 e 2021, respectivamente. Um aumento de 10% na dependência de idosos influenciou negativamente em 6,27% em 2010 e 8,88% em 2021, ante 3% em 2000. Ao mesmo tempo, um acréscimo de 10% na razão entre a população de 30 a 49 anos e o restante da PIA, elevou o desempenho econômico em 6,58% em 2000, 10,20% em 2010 e 4,73% em 2021. Assim, os resultados não rejeitam a hipótese de que a relação entre as dinâmicas demográfica e econômica variam com o tempo, o lugar e as circunstâncias e, portanto, não admitem generalizações, mas devem ser estudadas nas diferentes escalas.
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This thesis analyzes the spatial dynamics of the age structure and the demographic window of opportunity; and estimates the effects of these structures on the economic performance of the Northern Semiarid (SemSet). It consists of four essays. The first characterizes the evolution of the age structure and of the resulting demographic window, using the Formal Employment Index (IEF), comparing SemSet with Southern Semiarid (SemMer) and the rest of the country (1970-2022). The second maps the spatial dependence of this process between the municipalities of SemSet in 2022, via Local Indicators of Spatial Association, and describes the evolution of formal employment and the IEF, considering a young SemSet and an aging one (2000-2022). The third discusses variations in formal employment and remuneration in the municipalities of SemSet, comparing the contexts of shock (2020) and post-shock of the pandemic (2021) with the previous one (2019). The fourth essay estimates the effect of age structure on GDP per capita (proxy for economic performance), using lag and spatial autoregressive error models for the years 2000, 2010 and 2021. Although with different historical patterns, it was found that in SemSet, SemMer and the rest of the country, both the population growth rates, and the age structure converged. The window in SemSet appeared around 2005, some fifteen years after it was characterized outside the semi-arid region. The evolution of the IEF suggested: i) that the “bonus” materialized moderately until 2014, when it was squandered; ii) the inter-regional differential was maintained: in 2000, the IEF outside the semi-arid region was three times that observed in SemSet (8.79%, compared to 26.46%). In 2021, although smaller, the gap remained the same (17.11%, compared to 37.81%); iii) fragility in the intraregional scale strata; in 2021 it was 12.37% in the young SemSet and 11.80% in the aging one, denoting poor use of the window of opportunity. The third identified a low spatial correlation in the variations of employment and remuneration in both 2020 and 2021. Despite heterogeneity, municipalities with positive formal employment variation rose from 234 (2020) to 618 (2021), indicating recovery. Finally, the fourth essay estimated that a 10% reduction in youth dependency accounted for, on average, 6.79%, 6.76%, and 8.72% of the increase in per capita GDP in 2000, 2010, and 2021, respectively. Conversely, a 10% increase in elderly dependency negatively influenced GDP by 6.27% in 2010 and 8.88% in 2021, compared to 3% in 2000. Simultaneously, a 10% increase in the ratio of the population aged 30–49 to the rest of the working-age population raised GDP by 6.58% in 2000, 10.20% in 2010, and 4.73% in 2021. Thus, these results do not reject the hypothesis that the relationship between demographic and economic dynamics varies over time, place, and circumstances and, therefore, cannot be generalized but should be studied at different scales.
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FRANCISCO DEMETRIUS MONTEIRO RODRIGUES
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ANÁLISE DOS PERFIS DAS REDES DE MIGRAÇÃO NO BRASIL: TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO NOS ANOS 2000 E 2010
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Orientador : JÁRVIS CAMPOS
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MEMBROS DA BANCA :
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JÁRVIS CAMPOS
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MOISES ALBERTO CALLE AGUIRRE
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WILSON FUSCO
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REINALDO ONOFRE DOS SANTOS
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ÁLVARO DE OLIVEIRA D'ANTONA
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Data: 30/04/2025
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As migrações internas no século XXI tornaram-se mais dinâmicas, impulsionadas por fatores econômicos, políticos e sociais. Nesse sentido, a análise de redes espaciais constitui uma ferramenta metodológica relevante para compreender os deslocamentos populacionais que estão em constante transformação, ao permitir o exame das conexões entre os lugares e as pessoas, bem como da estrutura relacional e da composição dos fluxos migratórios. Além disso, essa perspectiva analítica possibilita a análise de recortes geográficos mais desagregados, como a dos municípios, favorecendo a identificação da extensão e dispersão das redes. O principal objetivo desta tese é analisar a estrutura e a dinâmica das redes espaciais de migração entre os municípios brasileiros, incorporando a teoria dos grafos para identificar tendências e perfis das redes migratórias no Brasil. A pesquisa adotou uma metodologia baseada em network analysis, fundamentada na Teoria dos Grafos, empregando dados dos Censos Demográficos de 2000 e 2010 e utilizando o software Gephi para modelagem e visualização das redes. Métricas como centralidade de grau, closeness centrality e betweenness centrality foram aplicadas para avaliar a conectividade, a hierarquia e a evolução das redes. Os resultados evidenciaram maior integração na rede migratória brasileira em 2010, com aumento no número de conexões, grau médio e na densidade de ligações, associada a redução do diâmetro da rede. Essa diminuição do diâmetro aliada ao incremento na densidade de arestas, sugere a transição de uma topologia mais hierárquica para uma estrutura mais distribuída. Grandes centros urbanos, como São Paulo e Brasília, mantiveram-se como hubs estratégicos, mas com redução em sua centralidade, refletindo um processo de descentralização e surgimento de novos polos regionais. Quanto a análise dos perfis da rede, constatou-se diferenças significativas por gênero, idade e escolaridade, refletindo dinâmicas específicas de deslocamento e conexão entre os municípios. Com maior concentração em áreas urbanas, a migração feminina tornou-se predominante na rede de 2010, enquanto, constatou-se um processo de envelhecimento da população migrante ao longo do tempo. A composição da rede por escolaridade demonstrou topologias distintas: imigrantes com baixos níveis de instrução exibiram maior coeficiente de agrupamento em grandes centros urbanos e capitais, enquanto aqueles com ensino superior formaram redes mais esparsas e descentralizadas. Os achados sugerem a necessidade de políticas públicas que considerem essa dinâmica multifacetada.
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Internal migration in the 21st century has become more dynamic, driven by economic, political, and social factors. In this context, spatial network analysis constitutes a relevant methodological tool for understanding population movements that are in constant transformation, as it enables the examination of connections between places and people, as well as the relational structure and composition of migratory flows. Furthermore, this analytical perspective allows for the analysis of more disaggregated geographical units, such as municipalities, facilitating the identification of the extent and spatial dispersion of migration networks. The main objective of this dissertation is to analyze the structure and dynamics of spatial migration networks between Brazilian municipalities, incorporating graph theory to identify trends and patterns within Brazil's migratory networks. The research adopted a methodology based on network analysis, grounded in graph theory, using data from the 2000 and 2010 Demographic Censuses and employing the Gephi software for network modeling and visualization. Metrics such as degree centrality, closeness centrality, and betweenness centrality were applied to assess the connectivity, hierarchy, and evolution of the networks. The results revealed greater integration within the Brazilian migratory network in 2010, with an increase in the number of connections, average degree, and link density, accompanied by a reduction in network diameter. This decrease in diameter, together with the increase in edge density, suggests a transition from a more hierarchical topology to a more distributed structure. Large urban centers, such as São Paulo and Brasília, remained strategic hubs, though with reduced centrality, reflecting a decentralization process and the emergence of new regional poles. Regarding the analysis of network profiles, significant differences were identified by gender, age, and education level, reflecting specific dynamics of displacement and connection between municipalities. With greater concentration in urban areas, female migration became predominant in the 2010 network, while a process of aging among the migrant population was observed over time. The composition of the network by education level revealed distinct topologies: migrants with low levels of education showed higher clustering coefficients in major urban centers and state capitals, whereas those with higher education formed more sparse and decentralized networks. These findings highlight the need for public policies that take into account the multifaceted nature of migration dynamics.
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KAYCK DANNY BEZERRA DE ARAÚJO
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NAS TRILHAS DA TRANSIÇÃO: UTILIZAÇÃO DE BICICLETAS PARA DESLOCAMENTOS INTRAURBANOS NA SEGUNDA DÉCADA DOS ANOS 2000 NO BRASIL.
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Orientador : LUCIANA CONCEICAO DE LIMA
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MEMBROS DA BANCA :
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CÉSAR AUGUSTO MARQUES DA SILVA
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IVANOVITCH MEDEIROS DANTAS DA SILVA
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LUCIANA CONCEICAO DE LIMA
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RICARDO OJIMA
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TATHIANE MAYUMI ANAZAWA
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Data: 19/08/2025
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Esta tese teve como objetivo identificar e comparar padrões de mobilidade intraurbana por bicicletas compartilhadas em quatro centros brasileiros (Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Recife/Jaboatão/Olinda) na segunda década dos anos 2000. O uso da bicicleta tem crescido como alternativa ao transporte público, seja para fins utilitários, recreativos ou laborais, mesmo diante de limitações estruturais. Nesse contexto, os sistemas de bicicletas compartilhadas surgem como solução moderna de transporte ativo, com o desafio de integração intermodal nos centros urbanos. A pergunta norteadora foi: considerando as fragilidades em infraestrutura e oferta de transporte público urbano, quais os novos padrões de mobilidade e fluxos populacionais de usuários de transportes ativos em centros urbanos brasileiros? Três objetivos específicos foram definidos: 1) analisar os padrões de mobilidade nos períodos pré, durante e pós-pandemia de Covid-19; 2) identificar conexões entre características populacionais, mobilidade ativa e transporte público; 3) qualificar a percepção dos usuários sobre segurança e bem-estar. Foram testadas três hipóteses: a pandemia influenciou significativamente os padrões de mobilidade, alterando duração e fluxos de viagens; a oferta de infraestrutura e conexão intermodal aumenta a utilização das bicicletas; e a percepção dos usuários varia regionalmente. Foram analisadas 59,1 milhões de viagens registradas pela Tembici, em 929 estações, e 271 respostas da pesquisa Bike Barometer sobre a prática do ciclismo em três regiões brasileiras. Para o primeiro objetivo, empregou-se análise descritiva e mapas temáticos com dados anuais, mensais, semanais e horários. Para o segundo, utilizaram-se informações do Censo 2022 a fim de correlacionar deslocamentos com densidade populacional, distribuição de estabelecimentos e presença de equipamentos públicos. Para o terceiro, aplicou-se análise descritiva dos dados da Bike Barometer, considerando segurança, conforto e percepção geral. Os principais resultados foram: 1) aumento de 7% no número de viagens após a pandemia, com crescimento da duração média no início da crise e posterior estabilização; 2) influência parcial da densidade de domicílios, estabelecimentos e transporte público nos deslocamentos; 3) percepção negativa sobre segurança, com relatos de conflitos no trânsito, medo de violência física e de acidentes, com pouca variabilidade entre regiões. Conclui-se que a pandemia impactou temporariamente o uso das bicicletas, seguido por retomada. A infraestrutura e o entorno das estações influenciaram parcialmente o volume de deslocamentos, enquanto indicadores de densidade fora dos centros urbanos não se mostraram determinantes para a expansão dos sistemas. A percepção dos usuários foi homogênea entre regiões, destacando desafios de segurança e bem-estar. Os achados contribuem para políticas públicas de mobilidade urbana, apoiando decisões sobre intermodalidade e promoção do transporte ativo.
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This thesis aimed to identify and compare intra-urban mobility patterns using shared bicycles in four Brazilian urban centers (Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, and Recife/Jaboatão/Olinda) during the second decade of the 2000s. Bicycle use has grown as an alternative to public transportation, whether for utilitarian, recreational, or work-related purposes, even in the face of structural limitations. In this context, shared bicycle systems emerge as a modern solution for active transportation, with the challenge of achieving intermodal integration in urban centers. The guiding research question was: considering the weaknesses in infrastructure and urban public transportation supply, what are the new mobility patterns and population flows of active transportation users in Brazilian urban centers? Three specific objectives were defined: 1) to analyze mobility patterns during the pre-pandemic, pandemic, and post-pandemic periods of Covid-19; 2) to identify connections between population characteristics, active mobility, and public transportation; and 3) to assess users’ perceptions regarding safety and well-being. Three hypotheses were tested: the pandemic significantly influenced mobility patterns, altering trip durations and flows; the availability of infrastructure and intermodal connections increases the use of bicycles; and users’ perceptions vary by region. A total of 59.1 million trips recorded by Tembici at 929 stations were analyzed, along with 271 responses from the Bike Barometer survey on cycling practices in three Brazilian regions. For the first objective, descriptive analysis and thematic maps were used with annual, monthly, weekly, and hourly data. For the second, data from the 2022 Census were used to correlate travel patterns with population density, the distribution of establishments, and the presence of public facilities. For the third, descriptive analysis of the Bike Barometer data was conducted, considering safety, comfort, and overall perception. The main results were: 1) a 7% increase in the number of trips after the pandemic, with an initial rise in average trip duration during the crisis, followed by stabilization; 2) a partial influence of household density, establishments, and public transportation on travel patterns; and 3) negative perceptions regarding safety, with reports of traffic conflicts, fear of physical violence, and accidents, with little regional variability. It is concluded that the pandemic temporarily impacted bicycle use, followed by a subsequent recovery. The infrastructure and surroundings of the stations partially influenced travel volume, while density indicators outside urban centers were not decisive for system expansion. Users’ perceptions were relatively homogeneous across regions, highlighting challenges related to safety and well-being. These findings contribute to urban mobility policies, supporting decisions regarding intermodality and the promotion of active transportation.
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JULIO CESAR PONTES
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MORTALIDADE MATERNA NO BRASIL ANTES E DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19: UMA ANÁLISE SOBRE AS INIQUIDADES TERRITORIAIS E RACIAIS
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Orientador : KARINA CARDOSO MEIRA
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MEMBROS DA BANCA :
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ANGELITA ALVES DE CARVALHO
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COSME MARCELO FURTADO PASSOS DA SILVA
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GRACIMARY ALVES TEIXEIRA
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KARINA CARDOSO MEIRA
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LUCIANA CONCEICAO DE LIMA
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MOISES ALBERTO CALLE AGUIRRE
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Data: 21/10/2025
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A mortalidade materna constitui violação dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. No Brasil, a Razão de Mortalidade Materna (RMM) permanece elevada e desigualmente distribuída, evidenciando iniquidades raciais e territoriais sustentadas por determinantes estruturais e racismo institucional. A pandemia de COVID-19 agravou esse quadro ao restringir o acesso oportuno e deteriorar a qualidade da atenção no período gravídico-puerperal, ampliando riscos e óbitos evitáveis. Objetivou-se analisar a associação temporal entre a pandemia e a RMM no Brasil, por Unidade da Federação (UF) e por raça/cor (brancas e negras). Realizou-se estudo ecológico de tendência temporal. Os óbitos maternos foram obtidos no Painel de Monitoramento do Ministério da Saúde (registros corrigidos) e nascidos vivos nos microdados do SINASC/DataSUS. Na análise descritiva, estimou-se a RMM anual por UF, raça/cor e causa (direta/indireta), apresentando separadamente RMM de mulheres pretas, pardas e negras para evitar mascaramento das iniquidades raciais. As medianas mensais de RMM entre o período pré-pandêmico (jan/2017–mar/2020) e o pandêmico (mar/2020–dez/2022) foram comparadas por teste de Mann–Whitney. Nas análises de série temporal interrompida (STI), ajustou-se modelo binomial negativo com sazonalidade e autocorrelação dos resíduos; estimaram-se β₁ (tendência pré-intervenção), β₂ (mudança de nível em mar/2020) e β₃ (mudança de tendência), relatando-se risco relativo (RR=exp[β]), IC95% e p-valores (α=0,05). Durante a pandemia, as mortes maternas aumentaram 28,5% (de 4.949 para 6.357), com pico em 2021. A RMM elevou-se na maioria das UFs, mais intensa e persistente entre mulheres pretas, sobretudo no Norte e Nordeste. Em vários estados, o aumento entre pretas foi cerca do dobro do observado entre brancas; pardas também exibiram elevações relevantes. As causas diretas e indiretas aumentaram durante a pandemia, com destaque para o incremento de indiretas entre mulheres pretas. As STI indicaram tendência pré-intervenção predominantemente estacionária. Para a RMM total, observou-se mudança de nível no início da pandemia (RRβ₂>1; p<0,05) em 15 UFs, com RR mais altas no Norte e Nordeste, e mudança de tendência com redução ao longo da pandemia (β₃<0; p<0,05) apenas em Alagoas, Goiás e São Paulo. Entre negras, houve elevação abrupta em 11 UFs, com RR mais alta no Norte e Nordeste, sem reversão subsequente (β₃ não significativo). Entre brancas, identificou-se mudança de nível em Ceará, Alagoas, Maranhão e São Paulo, com redução de tendência em São Paulo e Paraíba. A pandemia associou-se à ampliação de iniquidades raciais e territoriais na mortalidade materna. Resultados que apontam para a necessidade de políticas de atenção obstétrica resilientes baseadas na equidade racial e territorial, com acesso contínuo e de qualidade ao pré-natal, parto e puerpério.
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Maternal mortality constitutes a violation of women’s sexual and reproductive rights. In Brazil, the Maternal Mortality Ratio (MMR) remains high and unevenly distributed, reflecting racial and territorial inequities sustained by structural determinants and institutional racism. The COVID-19 pandemic worsened this scenario by restricting timely access and degrading the quality of care across the pregnancy–postpartum continuum, thereby increasing risk and preventable deaths. We aimed to analyze the temporal association between the pandemic and MMR in Brazil, by Federative Unit (UF) and by race/color (white and Black women).We conducted an ecological time-trend study. Maternal deaths were obtained from the Ministry of Health Monitoring Panel (corrected records), and live births from SINASC/DataSUS microdata. In the descriptive analysis, annual MMR was estimated by UF, race/color, and cause (direct/indirect), reporting separately the MMR for pretas (Black), pardas (brown/mixed-race), and for negras (pretas + pardas; combined Black) to avoid masking racial inequities. Monthly MMR medians between the prepandemic period (Jan/2017–Mar/2020) and the pandemic period (Mar/2020–Dec/2022) were compared using the Mann–Whitney U test. For ITS analyses, we fitted negative binomial regression models including seasonality and accounting for residual autocorrelation; we estimated β₁ (pre-intervention trend), β₂ (level change at Mar/2020), and β₃ (post-intervention slope change), and reported relative risk (RR = exp[β]), 95% confidence intervals (95% CI), and p-values (α = 0.05).During the pandemic, maternal deaths increased by 28.5% (from 4,949 to 6,357), peaking in 2021. MMR rose in most UFs, more intensely and persistently among Black women, especially in the North and Northeast. In several states, the increase among pretas was roughly double that observed among white women; pardas also showed substantial increases. Both direct and indirect causes rose during the pandemic, with a pronounced surge in indirect causes among Black women. ITS results indicated a predominantly stationary pre-intervention trend. For total MMR, a significant level increase at the onset of the pandemic (RR_{β₂} > 1; p < 0.05) was observed in 15 UFs, with higher RRs in the North and Northeast, and a downward slope change during the pandemic (β₃ < 0; p < 0.05) only in Alagoas, Goiás, and São Paulo. Among Black women, there was an abrupt increase in 11 UFs—concentrated in the North and Northeast—without subsequent reversal (non-significant β₃). Among white women, a level change was identified in Ceará, Alagoas, Maranhão, and São Paulo, with a decreasing trend in São Paulo and Paraíba. The pandemic was associated with a widening of racial and territorial inequities in maternal mortality. These findings underscore the need for resilient obstetric-care policies grounded in racial and territorial equity, ensuring continuous, high-quality access to antenatal, intrapartum, and postpartum care.
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VANESSA VIANA ÁLVARES DA NÓBREGA
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EFEITO DA MODALIDADE BENEFÍCIO DEFINIDO E CONTRIBUIÇÃO VARIÁVEL EM REGIMES PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL: IMPACTO FINANCEIRO E ATUARIAL PARA OS MUNICÍPIOS E OS SERVIDORES
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Orientador : CRISTIANE SILVA CORRÊA
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MEMBROS DA BANCA :
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CRISTIANE SILVA CORRÊA
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HERICK CIDARTA GOMES DE OLIVEIRA
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LUANA JUNQUEIRA DIAS MYRRHA
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JOÃO VINICIUS DE FRANCA CARVALHO
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MÁRIS CAROLINE GOSMANN
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BERNARDO LANZA QUEIROZ
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Data: 28/10/2025
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Muitos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) enfrentam déficits que pressionam as finanças públicas e competem com áreas essenciais, como saúde e educação. Esses desequilíbrios envolvem fatores financeiros (passivos sem custeio, retração de receitas) e demográficos (envelhecimento, menor ingresso), com preocupação adicional nos municípios, onde frequentemente benefícios previdenciários representarem parcela relevante da renda local. A EC nº 103/2019 buscou conter tais pressões, mas, ao ampliar a autonomia subnacional para definir o cálculo dos benefícios, abriu espaço a arranjos alternativos e tornou imprescindível o debate sobre o desenho de planos para evitar escolhas mal calibradas. Esta pesquisa objetiva analisar os impactos financeiros e atuariais adoção, pelos RPPS municipais, da modalidade de benefício definido (BD) ou da contribuição variável (CV). Utilizam-se microdados da RAIS/2022 como base para simular uma população padrão de 1.000 servidores estatutários municipais e o software Sadeprev, com base metodológica em Monte Carlo, para acompanhar trajetórias individuais de pagamentos ao longo de 75 anos. Ao comparar a microssimulação de um plano BD puro e de um modelo híbrido (BD=1 SM + CV), os resultados indicam que o formato do plano pesa mais que o volume contributivo no equilíbrio de longo prazo: o híbrido reduz o desembolso líquido e traz alívio de caixa, preservando o piso mínimo; já canários com alíquotas maiores ampliam benefícios, mas com maior volatilidade e dispersão entre indivíduos. Populações alternativas mostram que massas jovens e de ingresso precoce acumulam mais e geram menor custo atuarial, enquanto massas maduras, femininas e de baixa renda dependem mais do BD e da compensação. Sob a ótica do servidor, benefícios crescem com renda e tempo de capitalização, mas ingressos tardios e indivíduos com elegibilidade antecipada tendem a valores menores. Assim, ao integrar lógica atuarial e social, o estudo demonstra que, embora o modelo híbrido possa melhorar a solvência, transfere parte do risco ao indivíduo e pode ampliar desigualdades, exigindo calibragens redistributivas.
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Many Own Social Security Regimes (RPPS) face deficits that place pressure on public finances and compete with essential sectors such as health and education. These imbalances stem from financial factors (unfunded liabilities, declining revenues) and demographic trends (aging populations, reduced new entries), with heightened concern at the municipal level, where pension benefits often represent a significant portion of local income. Constitutional Amendment No. 103/2019 aimed to curb such pressures but, by expanding subnational autonomy in defining benefit calculations, it opened the door to alternative arrangements and made the debate on plan design essential to avoid poorly calibrated choices.
This study aims to analyze the financial and actuarial impacts of municipal RPPS adopting either the defined benefit (DB) or the variable contribution (VC) modality. It uses microdata from RAIS/2022 to simulate a standard population of 1,000 municipal civil servants and the Sadeprev software, based on Monte Carlo methodology, to track individual payment trajectories over 75 years. Comparing microsimulations of a pure DB plan and a hybrid model (DB = 1 minimum wage + VC), results indicate that plan design has a greater influence on long-term balance than contribution volume: the hybrid model reduces net disbursements and eases cash flow while preserving the minimum floor. Conversely, scenarios with higher contribution rates increase benefits but result in greater volatility and dispersion among individuals.
Alternative population profiles show that younger cohorts and early entrants accumulate more and generate lower actuarial costs, whereas older, female, and low-income groups rely more heavily on DB and compensatory mechanisms. From the perspective of the civil servant, benefits grow with income and capitalization time, but late entrants and individuals with early eligibility tend to receive lower amounts. Thus, by integrating actuarial and social perspectives, the study demonstrates that although the hybrid model may improve solvency, it transfers part of the risk to individuals and may exacerbate inequalities, requiring redistributive adjustments.
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FELIPE HENRIQUE DE SOUZA
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PROJEÇÃO COM INTERVALO DE PREDIÇÃO PARA A POPULAÇÃO DOS ESTADOS BRASILEIROS POR SEXO E GRUPOS DE IDADE: 2025 A 2070
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Orientador : FLAVIO HENRIQUE MIRANDA DE ARAUJO FREIRE
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MEMBROS DA BANCA :
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MÁRCIO MITSUO MINAMIGUCHI
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EVERTON EMANUEL CAMPOS DE LIMA
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FIDEL ERNESTO CASTRO MORALES
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FLAVIO HENRIQUE MIRANDA DE ARAUJO FREIRE
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MARCOS ROBERTO GONZAGA
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VICTOR HUGO DIAS DIOGENES
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Data: 25/11/2025
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As projeções populacionais são ferramentas importantes para planejamento de políticas publicas e de oferta de produtos e serviços. Desde a década de 70 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) faz projeções da população brasileira. A Organização das Nações Unidas (ONU) periodicamente apresenta projeções para todos os países do mundo, tradicionalmente essas projeções são feitas adotando modelos determinísticos. A partir de 2010 a ONU passou a apresentar também as projeções intervalares, produzidas através de modelos estocásticos, tornando possível medir o grau de incerteza das projeções. Os modelos bayesianos desenvolvidos pela equipe do Centro de Estatística e Ciências Sociais da Universidade de Washington são utilizados nas projeções realizadas para o World Population Prospects (WPP) que é a revisão das projeções para todos os países do mundo que a ONU realiza a cada dois anos. A utilização dos modelos bayesianos possibilita criar intervalos de credibilidade para as componentes demográficas e de predição para as projeções populacionais. A proposta dessa tese é utilizar esses mesmos modelos para projetar por sexo e grupo etário a população de cada Estado brasileiro e do Distrito Federal até 2070. O horizonte das projeções é ano de 2070, o mesmo adotado na última revisão das projeções do IBGE publicada em 2024. Essa revisão do IBGE serve como padrão ouro para comparação dos resultados obtidos nessa tese. Além da projeção para todos os Estados também foi realizado um teste de validação do método, onde utilizando dados até 2010 as populações dos Estados de São Paulo e Roraima, maior e menor contingentes populacionais do Brasil, foram projetadas para o ano de 2020 e comparadas com a população observada. Esses testes mostraram que o método é valido para aplicação em territórios subnacionais como é o caso dos Estados. A projeção feita nesse trabalho mostra que já em 2030 os estados do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro terão redução no contingente populacional e apenas o Estado de Roraima não terá redução da população no horizonte projetado.
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Population projections are essential tools for planning public policies and for anticipating the demand for goods and services. The Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) has produced population projections for Brazil since the 1970s. The United Nations (UN) also periodically releases projections for all countries; traditionally, these have been based on deterministic models. Beginning in 2010, however, the UN introduced probabilistic, or interval, projections generated using stochastic models, allowing for the quantification of uncertainty in demographic forecasts. The Bayesian models developed by the Center for Statistics and the Social Sciences at the University of Washington form the methodological foundation of the World Population Prospects (WPP), a biennial revision of global population projections prepared by the UN. The adoption of Bayesian methods enables the modeling of replacement-level changes in demographic components and enhances forecasting for population projections. The aim of this thesis is to apply these same Bayesian models to project the population of each Brazilian state and the Federal District, disaggregated by sex and age group, up to the year 2070. This projection horizon coincides with that adopted in the most recent IBGE revision, published in 2024, which serves as the benchmark for comparison with the results presented here. In addition to generating projections for all states, a validation test was conducted using data up to 2010 for the states of São Paulo and Roraima—the largest and smallest populations in Brazil, respectively. These data were used to project populations for 2020, and the results were compared with observed figures. The validation demonstrated that the method is suitable for application at subnational levels, such as states. The projections indicate that by 2030, the states of Rio Grande do Sul and Rio de Janeiro will experience population decline, while Roraima will be the only state not expected to undergo population reduction within the projected period.
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