Por um Ensino de Geografia para além do Capital: uma proposta didática
Educação; Reprodução Social; Transformação Social; Sequência-Didática; Ensino de Geografia
Esta pesquisa busca identificar, nos documentos e materiais que majoritariamente regem as práticas escolares, a existência de orientações que levem à reprodução da sociedade. Como alternativa, propõe a criação de um produto de ensino de Geografia com bases teóricas e práticas fundamentadas na concepção de educação como meio de transformação da sociedade. O projeto de pesquisa nasceu da identificação de uma contradição nas práticas de ensino da pesquisadora: tinha-se por ideal uma educação transformadora, mas a prática em si era reprodutivista. Questiona-se, então: o que fundamenta práticas de reprodução no ensino? Como elaborar uma prática alternativa à reprodução de valores hegemônicos presente no ensino de geografia? Com base em Althusser (1980), Mészáros (2008), Lacoste (2012) Libâneo (2014) e Santos (2014), concluiu-se que a educação é um meio de manutenção do modelo social vigente, e que o ensino de Geografia pode ajudar na manutenção dessa estrutura. Com o auxílio de Straforini (2011; 2018), Pontuschka; Paganelli; Cacete (2009), Aguiar (2018) e Lopes (2019), ao analisar os PCN e a BNCC, percebeu-se que o Estado é conivente com a manutenção do modelo de sociedade atual, caracterizado pela desigualdade entre classes. Em oposição às orientações que direcionam os professores a agirem de forma reprodutivista, Libâneo (2013; 2014) aponta para uma atitude progressista por parte dos professores que almejam a transformação da sociedade. Como objeto prático, buscou-se estruturar uma Sequência Didática que abordasse os conteúdos da geografia escolar e desenvolvesse a formação cidadã, estimulando uma forma de pensar o espaço geográfico a partir do cotidiano. Para isso, utilizou-se como base metodológica os autores Moreira e Masini (1982), Ausubel (2000), Gardner (2010), Moreira (2012). A Sequência Didática visa trabalhar o conceito de território como base material da existência humana, onde há exercício do poder de ordem política e institucional. Com observações e reflexões acerca do território municipal, que também é o território vivido, espera-se que os estudantes percebam a realidade e consigam identificar suas contradições.