ESTUDOS METAGENÔMICOS E COMPUTACIONAIS DA SULFETOGÊNESE: IMPLICAÇÕES PARA A ATIVIDADE PETROLÍFERA NA BACIA POTIGUAR
Procariotos redutores de sulfato, contaminação por petróleo, microbiologia nativa, simulação computacional 3-D, Bacia Petrolífera Potiguar.
A Bacia Petrolífera Potiguar (BPP) compõe 119.300 Km2 de área, compreendendo mais de 3.500 poços produtores, acima de 5.000 km de dutos e capacidade de armazenamento em torno de 211.500 m3. Os procariotos redutores de sulfato (PRS) são responsáveis por danos causados à indústria petrolífera, como biodegradação do petróleo e biocorrosão de superfícies metálicas nas instalações industriais através da produção de H2S e, nos ambientes naturais, participam dos ciclos biogeoquímicos, agindo em consórcios microbianos, inclusive na degradação de hidrocarbonetos. As áreas de manguezal estudadas neste trabalho referem-se a localidades da BPP identificadas com índice de sensibilidade litorânea (ISL) grau 10. Nas amostras de sedimentos de manguezal de Diogo Lopes, e Areia Branca (RN), Fortim e Paracuru (CE) e de solos da Caatinga da Estrada do Óleo-RN, foram analisadas as comunidades microbianas nativas através do DNA metagenômico por PCR-DGGE utilizando o gene dsrB como biomarcador molecular. Este trabalho evidencia a ocorrência de comunidades nativas de PRS em sedimentos da BPP (RN/CE) com capacidade para responder à contaminação aguda e/ou crônica por petróleo e derivados. As comunidades de PRS exibem variações na sazonalidade e na composição das comunidades perante a contaminação. Por outro lado, embora o uso de estratégias de controle da sulfetogênese de PRS seja realizado com a utilização de inibidores enzimáticos, os eventos moleculares do processo são pouco conhecidos. Com o intuito de estudar a inibição da sulfetogênese, foram obtidos modelos computacionais 3-D da enzima redutase dissimilatória de sulfito de Desulfovibrio alaskensis, Desulfovibrio vulgaris Hildenborough e Archaeoglobus fulgidus e realizadas simulações computacionais de acoplamento com sulfito, sulfeto e nitrito. Os resultados das simulações sugerem uma competição do nitrito com o sulfito pelo sítio catalítico, promovendo a inibição da redução desassimilatória de sulfato em PRS. Concluindo, dados sobre status quo das comunidades nativas de PRS na BPP são de interesse da indústria petrolífera e da sociedade. Eles podem subsidiar ações de SMS que podem incluir a utilização de inibidores. Estas moléculas, se testadas em simulações computacionais como a deste trabalho, podem contribuir para a síntese de novas moléculas ou o aprimoramento do bioprocesso inibitório da sulfetogênese.