Controle da diagênese na qualidade de reservatório siliciclástico do Cenomaniano Superior da Formação Açu, sudoeste da Bacia Potiguar
diagênese – siliciclástica – Formação Açu
A distribuição das alterações diagenéticas em reservatório siliciclástico do Cenomaniano Superior da Bacia Potiguar sofreu influência do arcabouço estratigráfico e do sistema deposicional. Seções sísmicas e perfis geofísicos de dois poços perfurados na porção SW da citada bacia registram superfícies estratigráficas regionais representativas de inundações máximas relacionadas a evento transgressivo. Na análise sequencial de oitenta metros de testemunhos (~450m de profundidade) foram reconhecidas nove fácies deposicionais cujo padrão de empilhamento granodecrescente ascendente limita ciclos com base conglomerática erosiva (lag) sobreposta por intercalações de arenitos médios a muito finos com estratificações cruzadas (acanalada, planar e de baixo ângulo) e horizontais (plano-paralela, wave e flaser). O topo dos ciclos é marcado pela deposição de pelitos e desenvolvimento de paleossolos e laguna. A correlação de fácies geneticamente relacionadas revela associações de preenchimento de canal, crevasse e planície de inundação, depositadas em trato de sistema transgressivo. Descrições detalhadas de setenta e nove lâminas delgadas auxiliadas por análises de MEV-BSE/EDS, DRX e isótopos estáveis em arenitos revelaram composição arcosiana e arranjos texturais complexos com abundantes franjas de esmectita cobrindo continuamente constituintes primários, cutículas mecanicamente infiltradas e poros móldicos e intragranulares. Crescimentos epitaxiais de K-feldspato cobrem contínua ou descontinuamente grãos de microclínio e ortoclásio antes de qualquer outra fase. Abundante pseudomatriz da compactação de intraclastos lamosos, concentrados ao longo de planos de estratificação, localmente substituída por calcita macrocristalina e pirita microcristalina e framboidal. Caulinita (livrinhos e vermicular), esmectita microcristalina, minerais de titânio microcristalinos e pirita substituem constituintes primários. Porosidade intergranular predomina sobre a móldica, intragranular e de contração. Os poros são mal conectados devido à presença intergranular de esmectita, crescimentos de K-feldspato, argilas infiltradas e pseudomatriz. Os arenitos foram sujeitos a condições eodiagenéticas próximas à superfície e mesodiagenéticas de soterramento raso. As alterações diagenética reduziram a porosidade e permeabilidade deposicionais principalmente pela precipitação de franjas de esmectita, compactação de intraclastos lamosos à pseudomatriz e cimentação por calcita poiquilotópica, caracterizando diferentes petrofácies de reservatório. Esses produtos diagenéticos atuaram como barreiras e desvios ao fluxo de fluido reduzindo a qualidade do reservatório.