ANÁLISE ESPACIAL E TENDÊNCIA TEMPORAL DOS CASOS NOTIFICADOS DE SÍFILIS CONGÊNITA NO RIO GRANDE DO NORTE
Sífilis, Sífilis Congênita, Análise Espacial, Sistemas de Informação Geográfica, Vigilância em Saúde Pública.
A Sífilis congênita é uma infecção de múltiplos sistemas, causada pelo Treponema pallidum e transmitida ao feto por via placentária, em qualquer momento da gestação. O Estado do Rio Grande do Norte apresenta taxas acima da média nacional (12,5 casos/1.000 nascidos vivos). A pesquisa teve como objetivo geral analisar a distribuição espacial dos casos notificados de sífilis congênita e sua tendência temporal no Estado do Rio Grande do Norte. Trata-se de um estudo ecológico, com dados secundários referente ao período de 2008 a 2018, tendo como população os casos notificados de sífilis congênita. Para tanto utilizou-se dados notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação e do Sistema de Informação de Nascidos Vivos. Na análise dos dados foram extraídos os mapas das oito regiões de saúde do Rio Grande do Norte do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e realizado o Moran local e global com software QGIS versão 2.18, sendo suavizados pelo método bayesiano empírico local que resultou nos mapas temáticos. Após o cálculo das incidências, que foram padronizadas por 1.000 habitantes foi possível realizar a análise da tendência temporal a partir do modelo Jointpoint. O estudo obteve parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob Parecer nº 3.775.828 e CAAE n° 25687519.4.0000.5537. Os resultados deste estudo evidenciam que 88% das crianças foram diagnosticadas no pré-natal ou no parto/curetagem, mesmo com 76% delas sendo consideradas assintomáticas. Em contra partida, o teste treponêmico não foi realizado em 81% delas. Quanto ao tratamento realizado pelas mães, 70% foi considerado incompleto ou inadequado. As médias móveis evidenciaram tendência de aumento de sífilis congênita na 7ª e 3ª regiões de saúde. Em se tratando da análise temporal, esta investigação evidenciou cluster espacial na 3ª, 5ª e 7ª regiões de saúde, com risco aumentado para sífilis congênita em até 2.65 vezes. Por fim, a tendência temporal demonstrou uma curva de crescimento contínuo em todo Estado. Conclui-se que há uma sensível fragilidade quanto à assistência pré-natal, visto as incidências crescentes no Estado com expectativa de aumento nos próximos cinco anos. Por fim, ressalta-se a importância da implementação de ações estratégicas e prioritárias, bem como a ampliação do compromisso com novas parcerias, com foco na redução da transmissão da sífilis congênita.