Nelson Rodrigues entre a crítica e a censura: uma análise genética sobre três obras
Crítica genética; Nelson Rodrigues; Censura; Dramaturgia; Crítica de arte contemporânea.
Esta dissertação organiza-se sobre duas instâncias que cercam o dramaturgo brasileiro Nelson Falcão Rodrigues de um lado a crítica, do outro a censura. Conjecturamos que a crítica quase sempre esteve presente na vida artística do autor e a partir dessa relação - de complementação e desvios – é plausível refletir sobre os contornos que ela adquire no meio artístico. Revisitamos o acervo teatral de 17 peças de Nelson Rodrigues que retratam um mundo obscuro, tomado por personagens obsessivos e perturbados. Devido a tais características o autor tornou-se entre os anos de 40 a 60, um dos artistas mais perseguidos pela censura do Rio de Janeiro e de São Paulo. Portanto, ao cruzarmos: Crítica, Nelson e Censura; analisamos por meio da Crítica Genética os manuscritos das obras Senhora dos Afogados, Perdoa-me por me traíres e Boca de Ouro contidos em processos da censura paulistana, estes disponibilizados pelo Arquivo Miroel Silveira - AMS/USP. Os manuscritos em censura analisados indicam um momento específico da construção da obra por se tratarem de originais que foram afastados do alcance do autor. No confronto manuscrito versus obra publicada foram mapeadas diversas modificações, percebendo os fatores que levaram o artista à realiza-las: se uma atitude autocrítica, autocensura ou imposições da censura; ou seja, confirmamos a hipótese de que a censura não limitou o potencial artístico de Nelson Rodrigues.